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5 Perguntas para Elodie Thellier, Presidente da Bulgari para a América Latina e Caribe

by admin

Divulgação/Bulgari

Elodie Thellier, presidente da Bulgari para América Latina e Caribe

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Conhecida pelo brilho lapidado do ouro que serpenteia pescoços e pulsos com pedras preciosas, a Bulgari agora volta os olhos para outra forma de tesouro: as obras que repousam sob a guarda do Núcleo de Conservação e Restauro da Pinacoteca de São Paulo. Em sua parceria mais significativa com uma instituição de arte no Brasil, a joalheria romana se torna apoiadora do museu, em um gesto de importância que joga luz sobre o que poucos valorizam hoje: o cuidado. “Na Bulgari, acreditamos que o verdadeiro luxo reside no legado, o vínculo atemporal entre artesanato e arte”, diz Elodie Thellier, presidente da marca para América Latina e Caribe, que desembarca esta semana no Brasil para celebrar a iniciativa.

Mostrando que o artesanato que resiste ao tempo também exige mãos treinadas, conhecimento e, sobretudo, continuidade, parece perfeito que a ideia tenha início com um intercâmbio de aprendizados. Dando o pontapé no projeto, um workshop técnico conduzido em agosto por especialistas italianos construiu a ponte São Paulo-Roma ao conectar práticas brasileiras com novas metodologias europeias.

Diversas obras de arte estão passando ou já passaram por restauração: entre as pinturas, estão sendo contempladas obras como “Abstração” (1987) de Amadeo Lorenzato e “Velha Europa” (s.d.) de Daniele Oppi. No segmento de esculturas, a obra “À Procura da Luz (Searching for Light)” (1940) de Maria Martins será submetida ao restauro, assim como “Portadora de Perfume (La Porteuse de Parfum)” (1923-1924) de Victor Brecheret, que terá um plano focado em identificar a camada original de pintura dourada (que foi encoberta por uma tinta marrom, em 1998) com a intenção de restabelecer a cor originalmente criada pelo artista. Adicionalmente, a escultura “Garça” (1901), presente no Parque Jardim da Luz, também foi restaurada este semestre, recebendo consolidações de fissuras e rachaduras e retoques em sua superfície.

Em entrevista à coluna, Elodie fala sobre a importância do legado para o mercado de luxo e sobre como visualiza o futuro do segmento no Brasil.

A Bulgari sempre associou beleza à história e herança. Em um mundo cada vez mais veloz e digital, o que significa “preservar o legado” hoje?

Hoje em dia, preservar um legado vai muito além de salvaguardar um objeto ou uma tradição. Trata-se, na verdade, de manter vivas as histórias, os valores e o toque humano que os sustentam. Na Bulgari, cada joia, cada relógio, cada criação carrega consigo gerações de savoir-faire e criatividade. Num mundo que se move tão rapidamente, essa continuidade se torna uma espécie de âncora, uma lembrança do que realmente perdura para além das tendências passageiras. Penso que preservar um legado é criar uma ponte entre o passado e o futuro, garantindo que o conhecimento que nos moldou continue a nos inspirar e a inspirar novas expressões de beleza para os nossos artesãos, os nossos clientes e as comunidades em geral com as quais interagimos.

Divulgação/Bulgari

Bvlgari e Pinacoteca: “Abstração”, de Amadeo Lorenzato

O workshop de restauro apoiado pela Bulgari envolveu especialistas italianos e brasileiros. Você acredita que o luxo contemporâneo passa também por esse tipo de troca de conhecimento e valorização do saber artesanal?

Acredito que o luxo está enraizado na maestria, e a maestria prospera no diálogo. Portanto, a oficina de restauração não se limitou à conservação das obras de arte, mas também tratou de compartilhar conhecimentos, técnicas e perspectivas culturais. Ao reunirmos especialistas italianos e brasileiros para colaborarem, eles enriquecem a prática uns dos outros e expandem seus horizontes criativos. Penso que é isso que o luxo contemporâneo deveria celebrar: não apenas a peça finalizada, mas também as pessoas por trás dela, as habilidades e a curiosidade que a compõem. O verdadeiro luxo reside em valorizar e honrar o artesanato, os valores do aprendizado e do cultivo. É sobre essa conexão.

Como a marca equilibra o desejo de exclusividade com a crescente demanda por experiências mais acessíveis e inclusivas?

Sim, é verdade que exclusividade e acessibilidade podem parecer completamente opostas, mas na Bulgari elas se complementam de uma forma belíssima. A exclusividade tem a ver com a criação de momentos profundamente pessoais, com a personalização da atenção, seja em uma peça, em uma experiência na boutique ou em uma colaboração cultural. Ao mesmo tempo, queremos acolher um público mais amplo para ele que se conecte com o nosso universo. Seja por meio de parcerias artísticas como as que estamos fazendo agora, ou por meio de storytelling e iniciativas dentro da comunidade. Acho que se trata de criar experiências memoráveis ​​que também sejam pessoais, sem deixar de ser fiéis a quem somos e ao que torna a marca tão excepcional. É muito importante para nós sermos capazes de gerar uma ressonância local, de transpor uma inspiração de valores: qual é realmente a herança da marca e como isso se traduz através da perspectiva, por exemplo, de um artista brasileiro? É como isso ganha vida em um contexto cultural diferente.

Divulgação/Bulgari

Bvlgari e Pinacoteca: “Portadora de Perfume”, de Victor Brecheret

O luxo hoje é frequentemente associado à autenticidade e à cultura local. Você vê espaço para a Bulgari dialogar com novos artistas, designers e criadores brasileiros? Você, aliás, tem algum artista brasileiro de quem goste?

Sim, claro. Eu adoro Oscar Niemeyer, sempre me inspirei muito no trabalho dele! Acredito que essa colaboração nos permite explorar a diversidade e a riqueza da cultura local, conectando-as à herança e à identidade da Bulgari. E acho que, quando se trata do Brasil, existe uma energia incrível; uma conexão ousada, emocional e profundamente humana que nos ajuda a manter nosso trabalho inovador e inspirador. Queremos continuar a nutrir essa parceria. Acredito que dar espaço a novas vozes e construir essas pontes que mencionamos entre o passado – ou seja, observar a atemporalidade de Roma e conectá-la à visão contemporânea de beleza dos brasileiros – é algo que realmente vai continuar. Podem contar conosco nos próximos anos.

Como você imagina o futuro do luxo na América Latina nos próximos anos? E qual será o papel da Bulgari nesse novo cenário?

O futuro é promissor na América Latina, em geral, para o mercado de luxo. Especialmente na Bulgari, onde ainda vejo um enorme potencial para crescimento. Acho que temos conexões muito fortes com os mercados e culturas latino-americanos. O luxo na América Latina está evoluindo para um modelo mais sofisticado, mais experiencial e profundamente pessoal. Acho que os clientes buscam mais do que apenas bens materiais: eles realmente querem um significado, querem experiências que ressoem emocionalmente. O papel que a Bulgari tem a desempenhar é, mais uma vez, servir de ponte entre nossa herança e nossa inovação, unindo nossas raízes italianas e o artesanato com a riqueza da cultura local e criando experiências que inspirem e encantem. Queremos celebrar o que torna a Bulgari e a região tão únicas, ao mesmo tempo que apoiamos o crescimento cultural e criativo e garantimos que cada interação deixe uma impressão duradoura. Quando olhamos para o mundo como um todo, especialmente no que diz respeito ao luxo e à Bulgari, o ritmo acelerado de crescimento que vemos na América Latina, e ainda mais no Brasil, é bastante expressivo. Ainda é um mercado que precisa crescer e amadurecer; temos muitos outros mercados que já atingiram a maturidade – o que não aconteceu ainda na América Latina. Portanto, comercialmente falando, ainda há muito espaço para crescimento. Haverá uma expansão da nossa presença, mas nem tudo será físico. Também somos digitais. Estamos buscando estar mais presentes em todos os espaços. Acredito que o Brasil tem um papel fundamental a desempenhar: se analisarmos os últimos quatro anos, a participação brasileira em nossos negócios aumentou significativamente e continuará assim. Tenho muita confiança no futuro do Brasil.

Divulgação/Bulgari

Bvlgari e Pinacoteca: “Velha Europa”, de Daniele Oppi

Com Antonia Petta e Milene Chaves

Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.



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