A Casa Branca vai anunciar na sexta-feira novas isenções tarifárias destinadas a enfrentar os altos preços dos alimentos, disse o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, enquanto o governo do presidente Donald Trump enfrenta crescente pressão política dos eleitores.
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As isenções têm como objetivo retirar as chamadas tarifas recíprocas de Trump sobre produtos agrícolas que não são cultivados ou produzidos nos EUA em quantidade suficiente para atender à demanda interna.
“Agora é o momento certo para, você sabe, liberar alguns desses itens que o presidente disse que iria liberar”, afirmou Greer a jornalistas na Casa Branca. “Quando você olha para o Sudeste Asiático e para a América do Sul, é de lá que vem muita coisa: café, cacau, bananas, esse tipo de produto.”
Uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, realizado ontem em Washington, aumentou a expectativa do governo brasileiro de alcançar um acordo com os Estados Unidos para aliviar as tarifas adicionais de 50% impostas ao país.
O Brasil é o maior exportador de café para os EUA, respondendo por 30% do total. Entre os produtores brasileiros, a expectativa é de que a alíquota possa ser reduzida de 50% para 10%, que é o patamar mínimo cobrado pelo governo Trump.
Preço mais alto para o consumidor americano
A iniciativa vem após vitórias eleitorais dos democratas na semana passada em diversos pleitos estaduais e locais importantes, nos quais os candidatos enfatizaram preocupações com o custo de vida. Ela marca um reconhecimento tácito de que o regime tarifário de Trump elevou os preços de certos bens para os consumidores americanos.
Trump e outros altos funcionários têm rejeitado as críticas de que suas políticas comerciais aumentaram o custo de vida, mas reconhecem a necessidade de fazer mais para reduzir os preços que têm frustrado os eleitores por anos.
Greer disse que o anúncio faz parte dos esforços para implementar uma ordem executiva de setembro, na qual Trump pediu que sua administração considerasse isenções às tarifas. Na época, autoridades afirmaram que fazia sentido retirar tarifas sobre produtos que não podem ser fabricados nos EUA, já que o programa visa revitalizar a indústria doméstica.
“Realmente chegamos a um ponto crítico em que começamos a remodelar o sistema de comércio global de uma forma que acreditamos ser melhor para a América”, disse Greer.
Acordos com países latino-americanos
Não está claro se as isenções que serão anunciadas na sexta-feira incluirão outros elementos da ordem executiva que Trump pediu para serem avaliados para possíveis isenções, incluindo peças de aviões, medicamentos genéricos e minerais críticos.
As isenções devem superar os benefícios incluídos nos acordos comerciais preliminares que os EUA anunciaram na quinta-feira com Argentina, Guatemala, El Salvador e Equador, que, segundo autoridades, devem reduzir tarifas sobre importações de frutas cítricas, carne bovina e café.
“Provavelmente será algo mais amplo que isso”, afirmou Greer.
