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O Acre aparece entre os estados que mais desperdiçam água tratada no Brasil, segundo o Estudo de Perdas de Água 2025 divulgado nesta quarta-feira (26), pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados.
Os dados, obtidos a partir do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SINISA, base 2023), mostram que o estado perde 62,25% de toda a água produzida, percentual acima da média nacional e um dos mais altos do país. As informações são da Agência Brasil.
Dados são do Instituto Trata Brasil/Foto: Reprodução
O levantamento revela que o Brasil desperdiça diariamente o equivalente a 6.346 piscinas olímpicas de água tratada, antes mesmo que ela chegue às torneiras. Em um ano, são 5,8 bilhões de metros cúbicos, volume suficiente para abastecer cerca de 50 milhões de pessoas.
No cenário nacional, as perdas totais representam 40,31% de toda a água tratada — índice bem acima da meta de 25% estabelecida pela Portaria 490/2021, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. As regiões Norte (49,78%) e Nordeste (46,25%) registram os maiores desperdícios, com estados como Alagoas (69,86%), Roraima (62,51%) e o próprio Acre ultrapassando a marca de metade da água perdida.
O estudo considera perdas causadas por vazamentos, erros de medição e consumos irregulares. Somente as perdas físicas, especialmente vazamentos, passam de 3 bilhões de metros cúbicos por ano, volume que seria capaz de garantir água às 17,2 milhões de pessoas que vivem em comunidades vulneráveis por quase dois anos.
Além do impacto direto na oferta de água, o desperdício gera custos adicionais para o sistema: aumento no uso de produtos químicos, maior gasto de energia, manutenção constante, sobrecarga da infraestrutura e necessidade de captar mais água de mananciais já pressionados pelas mudanças climáticas.
O efeito ambiental é significativo. A captação superior à demanda real pressiona rios, reduz a disponibilidade hídrica e amplia os custos de mitigação. O estudo lembra ainda que 34 milhões de brasileiros seguem sem acesso à água tratada.
A presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Pretto, afirma que o problema exige resposta urgente.
“Ainda vemos um progresso tímido nos índices de redução de perdas, enquanto milhões de brasileiros seguem sem acesso regular à água potável. Perdemos diariamente mais de 6,3 mil piscinas de água potável, um exemplo alarmante de ineficiência”, disse.
Ela destaca também a influência das mudanças climáticas no agravamento da crise hídrica.
“Secas intensas, alterações nas chuvas e calor extremo afetam nossos rios e comprometem a capacidade do país de garantir o fornecimento de água para todos. Investir na redução de perdas e na modernização da infraestrutura é urgente.”
As discrepâncias regionais apontam que os piores índices estão justamente em áreas com menor capacidade de investimento e maior vulnerabilidade institucional, como o Acre. Para os autores do estudo, reduzir perdas é também uma medida de adaptação climática, alinhada às discussões da COP30.
O levantamento estima que, se o Brasil reduzisse o índice atual para os 25% previstos em norma, economizaria 1,9 bilhão de m³ de água por ano — o suficiente para abastecer 31 milhões de pessoas — e teria um ganho econômico de R$ 17 bilhões até 2033.
As informações são da Agência Brasil.
