O Papa Leão XIV foi recebido com fervor por milhares de fiéis nesta segunda-feira no Líbano, no segundo dia de sua visita ao país, onde rezou pela paz e defendeu a esperança. A chegada do Pontífice provocou grande entusiasmo entre a população libanesa, que vive com o temor de um novo conflito aberto com Israel, cujo Exército intensificou os ataques na região, apesar do acordo de cessar-fogo com o Hezbollah firmado em novembro do ano passado.
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O Papa visitou o mosteiro de Annaya, nas montanhas ao norte de Beirute, que abriga o túmulo de Charbel Makhlouf, um monge maronita canonizado em 1977 e reconhecido por unir cristãos, muçulmanos e drusos. Milhares de fiéis o receberam com aplausos e jogaram arroz para o alto em sinal de júbilo, enquanto o papamóvel seguia o caminho até o mosteiro.
— Para o mundo, pedimos paz. Imploramos especialmente para o Líbano e para todo o Oriente Médio — disse o Pontífice dentro do mosteiro de pedra, iluminado por velas.
Após a visita ao mosteiro de Annaya, o Papa seguiu para o santuário de Harissa, também no norte de Beirute, que abriga uma gigantesca estátua de Nossa Senhora do Líbano. As autoridades decretaram feriado nos dias 1 e 2 de dezembro, reforçaram a segurança, fecharam estradas e proibiram fotografias com drones.
— A visita nos devolveu o sorriso (…) depois de todas as dificuldades que enfrentamos — afirmou Yasmine Chidiac.
No local, ele pronunciou um discurso em francês diante de centenas de bispos, padres e religiosos, em meio a gritos de “Viva o Papa!”. Leão XIV convidou os libaneses a “seguir esperando e trabalhando, mesmo quando ao redor ressoam os ruídos das armas e as exigências da vida cotidiana se tornam um desafio”.
— Vivemos quase dois anos e meio de guerra, mas nunca sem esperança — afirmou o padre Tony Elias, de 43 anos, sacerdote maronita do vilarejo de Rmeich, próximo da fronteira com Israel. — O Papa traz uma verdadeira mensagem de paz (…) O Líbano está cansado, não pode mais suportar 50 anos de guerra e aspira à paz.
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Durante a tarde desta segunda, estão programados dois momentos importantes: um evento inter-religioso na Praça dos Mártires, no centro de Beirute, e um encontro com jovens na sede do patriarcado da Igreja Maronita Libanesa, em Bkerke, nas imediações da capital.
Além da guerra entre Israel e Hezbollah, o Líbano enfrenta uma sucessão de crises desde 2019, incluindo um colapso econômico que agravou a pobreza e uma grande explosão em 2020 no porto de Beirute. No domingo, Leão XIV pediu aos libaneses que “permaneçam” em seu país, onde o colapso econômico iniciado em 2019 provocou uma emigração em massa.
Apesar da ausência de números oficiais, o centro de pesquisa independente Al-Doualiya calcula que 800 mil libaneses deixaram o país entre 2012 e 2024. A população atual é estimada em 5,8 milhões de habitantes, incluindo mais de um milhão de refugiados sírios.
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— Estamos enfrentando muitos problemas econômicos, sociais e políticos — comentou Elias Abu Nasr Chaalan, um joalheiro de 44 anos e pai de dois filhos. — Precisamos ter esperança e nos unir como libaneses.
O joalheiro ainda afirmou que o Papa já conseguiu aproximar as autoridades e líderes religiosos do país.
— Com nossa unidade, poderemos superar as dificuldades — acrescentou o homem.
