Como está sua saúde mental? Já parou para pensar no assunto? Problemas como ansiedade, estresse ou depressão fazem parte da vida e podem afetar qualquer pessoa — do executivo ao estudante, da dona de casa ao atleta. Reconhecer isso é o primeiro passo para buscar ajuda quando necessário.
Mas afinal, o que exatamente significa ter saúde mental? A resposta não é tão simples quanto parece. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), não existe uma definição oficial exata para o conceito. Em vez de uma definição única, a entidade aponta critérios para compreendê-la: trata-se de um estado de bem-estar que permite à pessoa reconhecer e desenvolver suas habilidades, responder aos desafios cotidianos, trabalhar de forma produtiva e contribuir com a comunidade.
O Ministério da Saúde do Brasil adota entendimento semelhante, reforçando que a saúde mental é um direito humano fundamental, e que, mais do que a ausência de transtornos, está ligada à forma como reagimos às emoções e equilibramos pensamentos, sentimentos e comportamentos no dia a dia.
No Maranhão, dados do SISMental (Sistema de Saúde Mental), desenvolvido pela SES (Secretaria de Estado da Saúde) e já implantado em 81 dos 217 municípios do estado, indicam que em 2024 foram registrados 3.349 atendimentos relacionados à ansiedade e 1.165 por depressão. O sistema também contabilizou 401 ocorrências de suicídio em todo o estado.
Essas condições podem afetar qualquer indivíduo, em qualquer fase da vida. Diferente de uma ferida física, os transtornos mentais nem sempre são visíveis, mas são igualmente sérios e exigem acompanhamento adequado.
DOS MANICÔNIOS AOS CAPS
Durante décadas, pessoas com transtornos mentais eram enviadas contra a própria vontade para manicômios —instituições onde ficavam isoladas da família e da sociedade, muitas vezes até a morte, em condições desumanas. A internação manicomial era uma política de exclusão e abandono, não de cuidado, do Estado, que descartava essas pessoas do convívio social, sem perspectiva de retorno.
No Brasil, essa realidade começou a mudar a partir dos anos 1980, com os avanços do movimento antimanicomial, a criação do SUS (Sistema Único de Saúde), o aumento da resistência à estigmatização de pessoas com transtornos mentais e crescentes debates sobre inclusão.
“A implantação do primeiro Caps foi em São Paulo ainda nos anos 1980 e representou a transição para uma lógica de cuidado centrada na comunidade”, explica a Dra. Cristina Loyola, enfermeira em saúde mental e professora emérita da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com 50 anos de experiência na área.
A partir de 2001, a reforma psiquiátrica acelerou o fechamento dos depósitos humanos e, mais tarde, regulamentou a expansão dos Caps (Centros de Atenção Psicossocial), focados na reinserção do paciente à sociedade e em fornecer serviços médicos e psicológicos, assistência social e atividades terapêuticas, garantindo o cuidado integral à saúde mental, a autonomia e a cidadania dos pacientes.
Dez anos depois, a nova política nacional de saúde mental reorientou o modelo de assistência a pessoas com transtornos psiquiátricos e reiterou que elas têm direito ao cuidado em liberdade. Nesse contexto, o SUS instituiu a Raps (Rede de Atenção Psicossocial), englobando os Caps, as UBS (Unidades Básicas de Saúde) e outros pontos de atenção à saúde mental.
O QUE SÃO OS CAPS?
Os Centros de Atenção Psicossocial são serviços públicos gratuitos que atendem de forma humanizada pessoas com transtornos mentais, incluindo problemas relacionados ao uso de álcool e drogas. O tratamento acontece próximo de casa, sem afastar o paciente de sua família e comunidade.
O atendimento nos Caps pode ser iniciado por escolha própria (quando o paciente procura diretamente) ou por meio de encaminhamento proveniente de demais serviços da rede de saúde ou de setores interligados, como assistência social, educação, justiça e outros.
Nos Caps, o paciente encontra consultas médicas e psicológicas, atendimentos individuais, grupos terapêuticos, oficinas e atividades de reabilitação psicossocial, que acontecem sempre dentro da comunidade, sem afastamento da família. Todo tratamento segue um plano terapêutico elaborado junto com o paciente e a família.
“O Caps é porta aberta. Qualquer pessoa pode vir e será atendida”, reforça Marcelo Costa, diretor geral do Caps AD da rede estadual.
ONDE ENCONTRAR UM CAPS EM SÃO LUÍS E COMO TER ACESSO AO ATENDIMENTO?
Atualmente, de acordo com o Cnes (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, do DataSUS, existem cinco Centros de Atenção Psicossocial em São Luís.
Desse total, dois são destinados a pessoas com transtornos psicológicos decorrentes do uso de álcool e outras drogas (Caps AD), outros dois a adultos com transtornos mentais mais profundos e persistentes (Caps III) e um ao público infantojuvenil, que são crianças e adolescentes até 18 anos (Caps i).
Essas unidades estão distribuídas entre as redes municipal e estadual de saúde, localizadas em bairros de fácil acesso à população da capital. Todas funcionam de forma gratuita. Confira onde encontrar cada uma:
Rede Estadual
Caps ad
- Endereço: Rua Conde D’ Eu, número 65 – Monte Castelo
- Horário de Funcionamento: 08h às 18h
- Telefone da unidade: (98) 3232-4741 ou (98) 98430-2299
Caps III Dr. Bacelar Viana
- Endereço: Av. Getúlio Vargas, número 2508 – Monte Castelo
- Horário de funcionamento: 24h
- Telefone da unidade: (98) 3232-7869
Rede Municipal
Caps AD
- Endereço: Avenida Getúlio Vargas, número 2016 – Monte Castelo
- Horário de funcionamento: 08h às 17h
- Telefone da unidade: (98) 99143-1431
Caps III
- Endereço: Rua das Agulhas Negras, quadra 06, número 11 – Calhau
- Horário de funcionamento: 7h às 19h
- Telefone da unidade: (98) 99171-0962
Caps i
- Endereço: Rua H, quadra F, número 5 – Jardim Atlântico–Turu
- Horário de funcionamento: 08h às 17h30
- Telefone da unidade: (98) 99162-8250
