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Foco na História: conhecendo melhor o continente africano. A África antes dos europeus

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Densas florestas, savanas ricas em vida animal, litoral farto, grandes montanhas e lagos ao leste. Os primeiros homens que não deixaram o continente africano para outros lugares do mundo viveram milênios isolados pelo mar, pelo deserto e desenvolveram sociedades tão avançadas quanto a sociedade egípcia.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR – Instituto Histórico Redentorista

Falar da história do continente africano é, em parte, fácil. Ainda mais levando em conta que o continente na Antiguidade abrigou uma das maiores civilizações da história: a egípcia. Mas e o restante do continente? A impressão que ficava quando nós estudávamos é que só o Egito desenvolveu uma civilização digna de nota.

Entrando em contato com a História da África sub-saariana, parte do continente que fica logo abaixo do Deserto do Saara, percebe-se que também teve um desenvolvimento considerável até a chegada dos europeus, nos séculos XV e XVI.

Parte da cultura africana e da história está no Brasil. Faz parte do nosso país e ajudou a formar uma parcela considerável de nossa sociedade. Desta região do continente africano saíram milhões de escravos que trabalharam nas lavouras do outro lado do oceano, e seus descendentes ajudaram a construir o Brasil como nós conhecemos.

Mais que apenas o “berço do homem”

Densas florestas, savanas ricas em vida animal, litoral farto, grandes montanhas e lagos ao leste. Os primeiros homens que não deixaram o continente africano para outros lugares do mundo viveram milênios isolados pelo mar, pelo deserto e desenvolveram sociedades tão avançadas quanto a sociedade egípcia.

Mas “isolados” é um modo de dizer, já que entre os povos africanos existia um dinâmico comércio. O ouro extraído da região de Gana chegava aos egípcios através da Núbia. Peles de animais exóticos eram vendidas na Ásia Menor. Os bérberes do Saara comercializavam marfim retirado das savanas com os árabes e europeus nas costas do Mar Mediterrâneo. O ferro, introduzido no Egito pelos assírios por volta de 500 a.C. era fundido no interior do continente em 100 d.C. num processo que os europeus só iriam utilizar no início da Idade Moderna.

O isolamento dos povos africanos era social. Por não sofrerem interferência direta de nenhum povo asiático ou europeu, com o tempo as tribos chegaram a níveis de organização que causaram espanto nos primeiros europeus que mergulharam no interior da África.

Organização política e social

Reinos como Songhay, Kerma, Napata, Ashanti, Abomey, Oyo e Mossi tinham um Estado altamente organizado, com instituições complexas como um conselho de anciãos, que definia e controlava o poder exercido pelo governante da tribo e um sistema administrativo e burocrático muito parecido com o sistema de outras partes do mundo.

Muitos reinos eram como que cidades-estados que tinham sua área de influência, chegando a controlar outras tribos. Mas as disputas dificilmente chegavam às vias de fato, à guerra, porque os líderes africanos desenvolveram um sistema exogâmico – quando não há casamento entre parentes próximos -, o que fez com que os líderes das diversas tribos se tornassem parentes uns dos outros.

Quando havia uma disputa, ela era resolvida pela força organizada ou pelo diálogo, e neste caso a resolução ficava nas mãos de um conselho de sábios formados por membros das tribos envolvidas.

A escravidão que existiu entre as tribos africanas era diferente da que foi praticada no Brasil e em outras regiões das Américas, por exemplo. Os negros capturados e levados para a tribo vencedora tinham que trabalhar e lutar pela tribo, mas também tinham direitos, podendo até casar-se com um membro da tribo vencedora. Não havia a agressão gratuita observada do outro lado do oceano, muito menos a falta dos direitos sociais pertencentes aos outros membros da tribo.

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