Um dia depois do anúncio do presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre a trégua no conflito entre Tailândia e Camboja, os ataques entre os países continuaram e neste sábado, 13, o primeiro-ministro Anutin Charnvirakul usou uma rede social para confirmar que o cessar-fogo não foi estabelecido, de modo que o confronto histórico que vem escalando desde julho permanece. O Ministério da Defesa cambojano, por sua vez, acusa o governo tailandês de utilizar gases tóxicos em vilarejos e de disseminar falsas informações sobre hostilidades.
Segundo a agência de notícias oficial da China Xinhua, o Ministério das Relações Exteriores da Tailândia expressou, em uma coletiva de imprensa, preocupação com os 6.000 a 7.000 tailandeses que estão retidos em um posto fronteiriço. O país acusa ainda o Camboja de plantar minas terrestres que causaram baixas em suas tropas.
“A Tailândia tem demonstrado contenção, mas não podemos ignorar as repetidas violações — incluindo os incidentes com minas terrestres que feriram nossos soldados e ameaçaram civis. Esses incidentes certamente não são acidentes, mas sim o resultado de minas terrestres recém-plantadas”, disse, em comunicado no X, Sihasak Phuangketkeow, ministro das Relações Exteriores da Tailândia.
Em seu perfil no Facebook, Charnvirakul abordou a manutenção no conflito: “A Tailândia continuará realizando ações militares até que não haja mais danos ou ameaças à nossa terra e ao nosso povo. Quero deixar isso bem claro. Nossas ações desta manhã já falaram por si”.
Do lado cambojano, as acusações são de disseminação de fake news por parte da Tailândia. O Ministério da Defesa Nacional do Camboja negou que tenha disparado de forma repetida mísseis BM-21 e pediu o fim da “disseminação de informações distorcidas”.
“É importante ressaltar também que as heroicas forças cambojanas continuarão firmes, corajosas e inabaláveis em sua luta contra o agressor e permanecerão vigilantes no cumprimento de seus deveres para proteger a integridade territorial do Camboja. O Camboja não se renderá à coerção ou intimidação de qualquer forma.”
O ministro da Informação do Camboja, Neth Pheaktra, publicou imagens de vilarejos e pontes afetadas por bombardeios, como a Ponte da Vitória, a principal construção sobre o rio no distrito de Veal Veng, província de Pursat. “Atualmente, a ponte está completamente destruída”, afirmou.
Mesmo falando sobre as hostilidades, ambos os países usam hashtags pedindo a paz em seus territórios em suas publicações.
O conflito entre Tailândia e Camboja
Há mais de um século, Tailândia e Camboja vivem um confronto por disputa de uma fronteira com a participação de seis províncias do nordeste tailandês e cinco do norte cambojano. Em julho, ao menos 48 pessoas morreram em combates e 300 mil tiveram de abandonar suas residências.
No mês seguinte, a então premiê Paetongtarn Shinawatra, herdeira de uma das dinastias mais influentes da política tailandesa, caiu após o vazamento de uma ligação telefônica na qual chamava o ex-ditador cambojano Hun Sem de “tio” e tecia críticas a um comandante militar da Tailândia.
Um acordo de paz chegou a ser selado em outubro, também com mediação de Trump, mas as ações violentas foram retomadas no mês passado e se intensificaram neste mês.
Nesta sexta-feira, 12, o presidente dos Estados Unidos anunciou que os países teriam aceitado a retomada do cessar-fogo. “Eles concordaram em cessar todos os disparos a partir desta noite e retornar ao Acordo de Paz original feito entre mim e eles, com a ajuda do Grande Primeiro-Ministro da Malásia, Anwar Ibrahim”, disse em sua rede social, a Truth Social.
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