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O desgosto se tornou familiar demais para o Toronto Maple Leafs, vencedor de 13 Stanley Cups em seus 109 anos de história — embora nenhuma desde 1967, a maior seca de títulos da NHL, a liga de hóquei que reúne times do Canadá e dos Estados Unidos. Mas, embora ofereça pouco consolo a uma base de fãs apaixonada ainda magoada por uma eliminação nos playoffs na segunda rodada em maio, os Maple Leafs começam a parecer uma dinastia em outro tipo de competição.
Pelo terceiro ano consecutivo, Toronto é o time mais valioso da NHL, subindo 16% para uma estimativa de US$ 4,4 bilhões. Os Maple Leafs são uma de duas franquias de hóquei avaliadas em pelo menos US$ 4 bilhões, junto com o New York Rangers, apenas um ano depois de o esporte ter ultrapassado a barreira de US$ 3 bilhões e quatro anos após atingir US$ 2 bilhões pela primeira vez.
Esse crescimento se estende por toda a liga, com a valorização média das 32 equipes da NHL crescendo 15% ano a ano, para US$ 2,2 bilhões. O aumento segue saltos ainda maiores nos últimos dois anos, deixando as equipes valendo mais que o dobro da média de US$ 1 bilhão de 2022.
Até o time menos valioso da NHL — o Columbus Blue Jackets — subiu 30% desde 2024, para US$ 1,3 bilhão, o que significa que o piso da liga agora supera o preço de entrada na MLB (a liga de beisebol), onde a Forbes avaliou o Miami Marlins em US$ 1,05 bilhão em março. Embora ambas as ligas tivessem um “porão” financeiro de US$ 1 bilhão no ano passado, esta é a primeira vez que o lanterna da lista do hóquei supera o do beisebol desde que a Forbes começou a publicar avaliações de times esportivos em 1998.
Claro, a NHL não consegue igualar a MLB no topo do ranking econômico, onde quatro equipes de beisebol superam os Maple Leafs, lideradas pelo New York Yankees, de US$ 8,2 bilhões. Nem, aliás, está no nível da NFL ou da NBA, duas ligas que somam 50 franquias valendo mais do que Toronto.
Mas há muitos motivos para apostar na história de crescimento do hóquei. Para começar, a Forbes estima que todas as franquias da NHL foram lucrativas na temporada 2023-24, com lucro operacional médio de US$ 74 milhões e variando de US$ 11 milhões do Buffalo Sabres a US$ 244 milhões do Edmonton Oilers — uma das melhores marcas em qualquer esporte. Em contraste, duas equipes da NBA e 11 da MLB, assim como 16 dos 29 clubes da MLS, ficaram no vermelho na última temporada, segundo estimativas da Forbes.
Enquanto isso, os negócios da NHL continuaram a se expandir em uma nova era de paz trabalhista, com a liga e o sindicato dos jogadores ratificando um acordo coletivo em julho — nada trivial em um esporte que perdeu toda a temporada 2004-05 e partes de 2012-13 devido a lockouts. Apesar das turbulências com redes regionais de TV que custaram a algumas franquias lucrativos acordos de mídia local, os times da NHL tiveram receita média de US$ 248 milhões na última temporada, um salto de 34% em três anos, de acordo com estimativas da Forbes.
Impulsionando esses ganhos está uma abordagem reformulada de patrocínio, incluindo a introdução de logotipos corporativos em capacetes e uniformes em 2021 e 2022. Segundo a empresa de pesquisa SponsorUnited, 27 dos 32 times da NHL têm parceiros para suas camisas, e 31 para seus capacetes. Igualmente significativa foi a estreia, em 2022, das “dasherboards” digitalmente aprimoradas, que permitem às emissoras substituir os anúncios pintados ao redor das pistas da NHL e que deveriam gerar cerca de US$ 200 milhões na última temporada.
Somando tudo, a maioria dos insiders da liga acredita que o apetite dos investidores por clubes de hóquei está aumentando, como evidenciado pelos múltiplos de receita nas avaliações da Forbes. Três anos atrás, a Forbes avaliava as 32 franquias em 5,6 vezes a receita da temporada anterior. Agora, esse número está em 8,9x, chegando a 12,4x no caso dos Rangers.
De novo, a NHL não está na mesma liga que a NFL (onde o múltiplo médio é 10,7 vezes a receita do ano anterior) ou a NBA (12,9x). Mas já superou a MLB (6,4x) e está próxima do número de 9,3x da MLS (liga de futebol), um esporte muito mais cedo em sua curva de maturação.
Para justificar essa demanda, a NHL terá que continuar crescendo, e sem o benefício de inventário totalmente novo de patrocínio como uniformes ou dasherboards digitais. A liga já obteve sucesso nas margens, porém, assinando recentemente sua primeira parceria com uma marca de relógios de luxo, a suíça Norqain (fundada por um ex-jogador da NHL e que tem o capitão do Pittsburgh Penguins, Sidney Crosby, como investidor) e tornando-se a primeira grande liga esportiva da América do Norte a anunciar parcerias com os mercados de previsão Kalshi e Polymarket. No nível local, as equipes, em conjunto, aumentaram sua receita de patrocínio em 9% na última temporada, segundo estimativas da SponsorUnited.
A NHL também vê oportunidades no exterior e em seus direitos de mídia. Em novembro, a liga abriu um escritório em Zurique para ajudar a cultivar sua base de fãs e pool de patrocinadores europeus, e seus jogadores vão competir em torneios de alto perfil no cenário mundial nas Olimpíadas de Inverno de 2026 e na Copa do Mundo de Hóquei de 2028, com planos de realizar mais jogos da temporada regular da NHL no exterior nos próximos anos.
Mais perto de casa, a NHL anunciou, em abril, um novo acordo de transmissão no Canadá por 12 anos com a Rogers Communications por quase US$ 8 bilhões na taxa de câmbio atual — mais que dobrando o valor anual médio do acordo vigente — e o valor pode acabar ainda maior se a liga conseguir vender sublicenças para pacotes em francês e noites nacionais específicas que reservou para negociação.
O acordo é um sinal encorajador para o futuro dos direitos de mídia da NHL nos EUA — seus contratos atuais com ESPN e TNT, no valor médio de cerca de US$ 630 milhões por ano, expiram em 2028 — e a liga também se animou com a capacidade das equipes canadenses de negociar taxas locais mais altas, apesar do cenário conturbado das redes regionais ao sul da fronteira.
Ao mesmo tempo, a NHL e seus times terão inventário adicional para vender às emissoras — além de oportunidades de vender mais ingressos e hot dogs — quando o novo acordo coletivo entrar em vigor. Em troca de encurtar a pré-temporada, os jogadores concordaram em estender o calendário para 84 jogos, de 82, a partir de 2026-27.
Por ora, os aumentos de avaliação são em grande parte hipotéticos porque não houve vendas de controle de equipes da NHL este ano, depois que dois clubes mudaram de mãos em 2023 (o Nashville Predators em um acordo multifásico por cerca de US$ 880 milhões e o Ottawa Senators por US$ 975 milhões) e outros dois em 2024 (o Arizona Coyotes por US$ 1,2 bilhão, tornando-se eventualmente o Utah Mammoth, e o Tampa Bay Lightning por US$ 1,8 bilhão). Mas há alguns negócios no horizonte que podem colocar à prova a nova matemática financeira do hóquei.
Acredita-se que Tom Dundon esteja perto de um acordo para vender uma participação minoritária significativa no Carolina Hurricanes, e o Fenway Sports Group colocou o Pittsburgh Penguins no mercado desde janeiro, embora não esteja claro se o grupo venderá uma participação majoritária ou minoritária. No próximo ano, enquanto isso, a Rogers Communications — que possui 75% da Maple Leaf Sports and Entertainment, controladora não apenas do time da NHL, mas também do Toronto Raptors da NBA, do Toronto FC da MLS e do Toronto Argonauts da Canadian Football League — deverá exercer a opção de comprar o restante da MLSE do bilionário Larry Tanenbaum.
Resta ainda a questão da expansão. A NHL, que viu o Seattle Kraken estrear em 2021 mediante uma taxa de US$ 650 milhões, não tem planos formais de crescer além de 32 times, mas o comissário Gary Bettman já ventilou a ideia, dizendo à CNBC no mês passado que os atuais proprietários deixaram claro que qualquer taxa de expansão teria que “começar com dois” — ou seja, US$ 2 bilhões. E qualquer proposta bem-sucedida provavelmente teria que incluir uma nova arena, o que pode adicionar um investimento de capital de US$ 1 bilhão. Seria um grande placar para uma liga que acredita já estar em vantagem numérica.
As equipes de hóquei mais valiosas do mundo em 2025
#1. US$ 4,4 bilhões – Toronto Maple Leafs
Variação em um ano: 16% | Receita: US$ 375 milhões | Lucro Operacional: US$ 191 milhões | Proprietários: Rogers Communications, Larry Tanenbaum
#2. US$ 4 bilhões – New York Rangers
Variação em um ano: 14% | Receita: US$ 322 milhões | Lucro Operacional: US$ 182 milhões | Proprietário: Madison Square Garden Sports
#3. US$ 3,4 bilhões – Montreal Canadiens
Variação em um ano: 13% | Receita: US$ 320 milhões | Lucro Operacional: US$ 136 milhões | Proprietário: família Molson
#4. US$ 3,2 bilhões – Edmonton Oilers
Variação em um ano: 21% | Receita: US$ 431 milhões | Lucro Operacional: US$ 244 milhões | Proprietário: Daryl Katz
#5. US$ 3,1 bilhões – Los Angeles Kings
Variação em um ano: 7% | Receita: US$ 333 milhões | Lucro Operacional: US$ 129 milhões | Proprietário: Philip Anschutz
#6. US$ 2,9 bilhões – Boston Bruins
Variação em um ano: 7% | Receita: US$ 275 milhões | Lucro Operacional: US$ 73 milhões | Proprietário: Jeremy Jacobs
#7. US$ 2,8 bilhões – Chicago Blackhawks
Variação em um ano: 14% | Receita: US$ 272 milhões | Lucro Operacional: US$ 95 milhões | Proprietário: Danny Wirtz
#8. US$ 2,7 bilhões – Philadelphia Flyers
Variação em um ano: 17% | Receita: US$ 315 milhões | Lucro Operacional: US$ 124 milhões | Proprietário: Comcast
#9. US$ 2,55 bilhões – Washington Capitals
Variação em um ano: 19% | Receita: US$ 282 milhões | Lucro Operacional: US$ 92 milhões | Proprietário: Ted Leonsis
#10. US$ 2,5 bilhões – Detroit Red Wings
Variação em um ano: 18% | Receita: US$ 250 milhões | Lucro Operacional: US$ 69 milhões | Proprietária: Marian Ilitch
#11. US$ 2,4 bilhões – New Jersey Devils
Variação em um ano: 14% | Receita: US$ 303 milhões | Lucro Operacional: US$ 98 milhões | Proprietários: Josh Harris, David Blitzer
#12. US$ 2,3 bilhões – Dallas Stars
Variação em um ano: 15% | Receita: US$ 250 milhões | Lucro Operacional: US$ 70 milhões | Proprietário: Tom Gaglardi
#13. US$ 2,2 bilhões – Vegas Golden Knights
Variação em um ano: 19% | Receita: US$ 250 milhões | Lucro Operacional: US$ 77 milhões | Proprietário: Bill Foley
#14. US$ 2,15 bilhões – Vancouver Canucks
Variação em um ano: 10% | Receita: US$ 235 milhões | Lucro Operacional: US$ 55 milhões | Proprietário: Aquilini Investment Group
#15. US$ 2,1 bilhões – New York Islanders
Variação em um ano: 11% | Receita: US$ 220 milhões | Lucro Operacional: US$ 50 milhões | Proprietários: Jon Ledecky, Scott Malkin
#16. US$ 2,05 bilhões – Tampa Bay Lightning
Variação em um ano: 14% | Receita: US$ 240 milhões | Lucro Operacional: US$ 60 milhões | Proprietários: Jeffrey Vinik, Doug Ostrover, Marc Lipschultz
#17. US$ 2 bilhões – Carolina Hurricanes
Variação em um ano: 60% | Receita: US$ 218 milhões | Lucro Operacional: US$ 41 milhões | Proprietário: Tom Dundon
#18. US$ 1,95 bilhão – Colorado Avalanche
Variação em um ano: 15% | Receita: US$ 222 milhões | Lucro Operacional: US$ 47 milhões | Proprietário: E. Stanley Kroenke
#19. US$ 1,9 bilhão – Calgary Flames
Variação em um ano: 15% | Receita: US$ 210 milhões | Lucro Operacional: US$ 70 milhões | Proprietário: N. Murray Edwards
#20. US$ 1,85 bilhão – Seattle Kraken
Variação em um ano: 16% | Receita: US$ 235 milhões | Lucro Operacional: US$ 66 milhões | Proprietária: Samantha Holloway
#21. US$ 1,8 bilhão – Minnesota Wild
Variação em um ano: 16% | Receita: US$ 240 milhões | Lucro Operacional: US$ 68 milhões | Proprietário: Craig Leipold
#22. US$ 1,75 bilhão – Pittsburgh Penguins
Variação em um ano: 0% | Receita: US$ 230 milhões | Lucro Operacional: US$ 60 milhões | Proprietário: Fenway Sports Group
#23. US$ 1,7 bilhão – Florida Panthers
Variação em um ano: 21% | Receita: US$ 230 milhões | Lucro Operacional: US$ 45 milhões | Proprietário: Vincent Viola
#24. US$ 1,6 bilhão – Nashville Predators
Variação em um ano: 7% | Receita: US$ 203 milhões | Lucro Operacional: US$ 35 milhões | Proprietário: Bill Haslam
#25. US$ 1,55 bilhão – St. Louis Blues
Variação em um ano: 7% | Receita: US$ 208 milhões | Lucro Operacional: US$ 20 milhões | Proprietário: Tom Stillman
#26. US$ 1,5 bilhão – San Jose Sharks
Variação em um ano: 11% | Receita: US$ 182 milhões | Lucro Operacional: US$ 28 milhões | Proprietário: Hasso Plattner
#27. US$ 1,45 bilhão – Utah Mammoth
Variação em um ano: 21% | Receita: US$ 195 milhões | Lucro Operacional: US$ 32 milhões | Proprietários: Ryan e Ashley Smith
#28. US$ 1,4 bilhão – Anaheim Ducks
Variação em um ano: 8% | Receita: US$ 185 milhões | Lucro Operacional: US$ 26 milhões | Proprietários: Henry e Susan Samueli
#29. US$ 1,375 bilhão – Ottawa Senators
Variação em um ano: 20% | Receita: US$ 181 milhões | Lucro Operacional: US$ 21 milhões | Proprietário: Michael Andlauer
#30. US$ 1,35 bilhão – Winnipeg Jets
Variação em um ano: 29% | Receita: US$ 187 milhões | Lucro Operacional: US$ 26 milhões | Proprietário: True North Sports & Entertainment
#31. US$ 1,325 bilhão – Buffalo Sabres
Variação em um ano: 20% | Receita: US$ 175 milhões | Lucro Operacional: US$ 11 milhões | Proprietários: Terry e Kim Pegula
#32. US$ 1,3 bilhão – Columbus Blue Jackets
Variação em um ano: 30% | Receita: US$ 161 milhões | Lucro Operacional: US$ 19 milhões | Proprietários: John McConnell, Nationwide
METODOLOGIA
As avaliações das equipes da NHL pela Forbes são valores de empresa (equity mais dívida líquida) e refletem a economia da arena de cada time (incluindo receitas não relacionadas à NHL que cabem ao proprietário do time), mas não o valor do imóvel em si. Os valores também excluem outros negócios relacionados com demonstrações financeiras separadas, como desenvolvimentos imobiliários adjacentes ou redes regionais de TV de propriedade das equipes.
Receita e lucro operacional (ganhos antes de juros, impostos, depreciação e amortização) são estimados para a temporada regular 2024-25 e já líquidos de partilha de receitas e serviço da dívida da arena. Receitas dos playoffs são excluídas.
Os valores dos times são arredondados para o múltiplo de US$ 25 milhões mais próximo, e as estimativas de receita e lucro operacional são arredondadas para o milhão de dólares mais próximo. Todas as cifras estão em dólares americanos com base na taxa de câmbio média EUA-Canadá durante a temporada 2024-25 (1 CAD = 0,73 USD).
As informações usadas para compilar as avaliações da Forbes vêm principalmente de entrevistas com executivos de times e da liga, banqueiros, assessores e consultores, além de documentos públicos, como contratos de arrendamento de arenas e documentos de títulos.
