A trajetória de Rosana Augusto no futebol é marcada por reviravoltas. Há cinco anos, ela vestia a camisa do Palmeiras na aposentadoria como jogadora. Neste domingo, está bem perto de conquistar o segundo título (o primeiro foi o da Copa do Brasil, em novembro) como treinadora do time paulista, que atropelou o Corinthians na ida da final do Paulistão feminino por 5 a 1. A decisão está marcada para às 10h no Estádio do Canindé, e tem tudo para coroar o novo trabalho da treinadora — que começou há menos de dois meses.
Até o final de outubro, Rosana comandava o Flamengo, que avançou às quartas de final do Brasileirão A1, quando foi eliminado justamente pelo Palmeiras. No Carioca, comandou a equipe até a semifinal, mas o trabalho foi interrompido antes de o campeonato terminar. O rubro-negro anunciou a saída da treinadora, indicando como motivo uma “readequação orçamentária” prevista para 2026 — que ela classificou como “significativa”.
Se a saída foi abrupta — lideranças do elenco do Flamengo como Cristiane lamentaram a perda da treinadora nas redes sociais —, o destino foi certeiro. De volta ao Palmeiras, Rosana assumiu a equipe deixada por Camilla Orlando (hoje no comando da seleção sub-17) com duas competições em andamento. A treinadora explica que as duas equipes “têm as mesmas ambições”, mas que notou algumas diferenças nos trabalhos, como “a estrutura física e os processos no Palmeiras mais consolidados”.
Para ela, o retorno como treinadora cinco anos depois de pendurar as chuteiras é um grande facilitador na relação com as comandadas.
— O fato de eu ter sido atleta, entender a identidade do clube também facilita tudo. Conheço as dores que as jogadoras sentem, sei o que elas gostam e isso, sem dúvida, facilita na hora de ter intervenções, colocar ideias, tentar ser muito sucinta e didática para que o entendimento seja rápido e claro — pontua.
A estreia de Rosana foi logo em um grande teste, que a equipe passou com maestria: na semifinal da Copa do Brasil, o Palmeiras garantiu a vaga na revisão com direito a goleada por 4 a 0 sobre o São Paulo. Na final, o alviverde foi novamente soberano e venceu a Ferroviária por 4 a 2, e o título marcou apenas o sexto jogo de Rosana no comando.
No Paulistão, o trabalho começou nas últimas cinco rodadas da primeira fase, e a equipe manteve a segunda colocação, terminando atrás apenas do Palmeiras. Na semifinal, a disputa foi um reencontro com a Ferroviária, e mais uma vez o Palmeiras de Rosana Augusto se deu melhor. E tudo isso sem saber o que é perder uma partida: são seis vitórias e três empates até então. Se conseguir confirmar a vantagem, o alviverde repetirá a edição do ano passado, com um título em cima do maior rival.
Além dos resultados desportivos, Rosana valoriza também os avanços nos bastidores. Para ela, a evolução do departamento de futebol feminino do clube desperta uma “sensação muito boa”, e o sucesso no início do trabalho está diretamente ligado a “organização, o desenvolvimento gradativo e os processos bem esturados” do alviverde.
— É um staff muito competente e, principalmente, as jogadoras muito talentosas, inteligentes, que compraram a ideia rapidamente e conseguiram colocar em prática também muito rapidamente — avalia a treinadora.
