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Em Salvador, manifestantes denunciam violência contra mulheres e aprovação do PL da Dosimetria

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Milhares de pessoas percorreram a orla da Barra, em Salvador, neste domingo (14), em protesto contra a violência de gênero e os altos índices de feminicídio no país. Chamado de Levante Mulheres Vivas, a mobilização se soma a atos realizados em diversas cidades brasileiras desde a última semana e também às manifestações organizadas pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo para denunciar o Projeto de Lei (PL) da Dosimetria, aprovado na madrugada da última quarta-feira (10) pelo Congresso Nacional.

Convocada por movimentos populares e coletivos feministas, a mobilização ressalta a importância da organização coletiva para o enfrentamento às diversas formas de violência a que as mulheres são submetidas.

“Se as mulheres não entenderem que tem que ter unidade, a gente não consegue. A gente está aqui, nós todas, todos e todes, por um objetivo só: que as mulheres sejam livres e vivas”, destaca Sandra Muñoz, coordenadora nacional e da Bahia do Levante Mulheres Vivas e coordenadora da Casa de Cultura Marielle Franco Brasil.

Com palavras de ordem e batucada, manifestantes exigem medidas concretas de enfrentamento à violência contra as mulheres – Lorena Andrade/Brasil de Fato

Beth do MST, secretária de Mulheres do Partido dos Trabalhadores na Bahia (PT-BA), também reforça a importância de articular mulheres do campo e da cidade para enfrentar o feminicídio.

“As mulheres são o motor da sociedade. E são exatamente elas que não têm esse espaço, nem de mobilizar, nem de falar, nem de gritar. Estamos sendo trucidadas a cada dia. O feminicídio aumentando, violências em todos os campos. Então, nós mulheres petistas, nós mulheres do campo e da cidade, de movimento social, temos que estar na rua sempre para organizar outras mulheres que não têm essa voz, essa condição. Esse é o nosso lugar”, aponta.

Em defesa da vida de todas as mulheres

Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), entre janeiro e 8 de dezembro de 2025, a Bahia registrou 97 feminicídios. O estado também aponta altos índices de violência contra a população LGBT+. Segundo o Observatório de Mortes Violentas de LGBT+ no Brasil, levantamento produzido pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), 31 pessoas LGBT+ foram mortas em território baiano em 2024, tornando o estado o segundo mais violento para o segmento.

Um dos casos recentes e de grande repercussão foi o assassinato de Rhianna Alves, mulher trans de 18 anos. A jovem foi morta no dia 6 de dezembro por um motorista de aplicativo, por asfixia, próximo ao município de Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. O motorista levou o corpo da mulher até a delegacia, confessou o crime e foi liberado em seguida. Na última quarta-feira (10), após denúncia do Ministério Público da Bahia (MPBA), foi decretada e cumprida a prisão preventiva do acusado.

Muñoz salienta que é a luta das mulheres que também ampliou a repercussão do crime e que segue pressionando o poder público para que haja justiça pela morte de Rhianna.

“A gente está aqui também por causa de Rhianna Alves, que foi assassinada na impunidade. Se não fosse a nossa mobilização, o cara ia estar solto. A gente está aqui também por ela e tantas outras.”

Congresso inimigo do povo

A mobilização também reuniu manifestantes que denunciam a aprovação do PL da Dosimetria, que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os golpistas do 8 de janeiro. Para Lucinha do MST, secretária nacional do Movimentos Populares do PT, a medida votada na Câmara é uma tentativa de anistia.

“Querem anistiar golpistas que atentaram contra a democracia no 8 de janeiro e tentaram passar o projeto de anistia e agora mudaram de nome para a dosimetria, que é a mesma coisa, é a diminuição de pena. O Supremo fez o seu trabalho, agora o Congresso quer anistiar essas pessoas”, salienta.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), foi um dos alvos dos protestos - Lorena Andrade/Brasil de Fato
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), foi um dos alvos dos protestos – Lorena Andrade/Brasil de Fato

Uma das fundadoras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Lucinha destaca que a luta contra a violência de gênero também está diretamente relacionada ao enfrentamento à postura conservadora do Congresso Nacional.

“Nós temos a Câmara de Deputados mais retrógrada, que constrói o principal empecilho para o avanço das políticas públicas. E no que diz respeito às mulheres, não passa nada, porque o parlamento tem maioria de extrema direita”, salienta. “Mas é nas ruas que a gente vai poder fazer esse Estado brasileiro girar para proteger as mulheres”, completa a dirigente.

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