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O avistamento de uma ave trinta-réis-ártico (Sterna paradisaea) em Campinas (SP), registrado pelo biólogo Fernando Igor de Godoy em dezembro deste ano, é o primeiro já confirmado da espécie na cidade e a décima ocorrência no estado de São Paulo, por onde a ave passa ao longo de sua rota de migração.
O trinta-réis-ártico foi visto sobre uma área de tratamento às margens da estrada que conecta a cidade de Campinas a Paulínia quando parecia estar se alimentando. Com bico vermelho, corpo de plumagem cinza-claro (que mede entre 28 e 39 centímetros) e uma mancha preta que cobre a parte de trás da cabeça até chegar aos olhos, o trinta-réis é conhecido por realizar a maior rota de migração do planeta.
Ele cruza o Ártico no verão, chega ao Polo Sul no inverno e repete a rota, que pode somar mais de 40 mil quilômetros por ano caso seja obrigado a contornar os continentes. A reprodução ocorre em ilhas costeiras ou lagos no Ártico, e os indivíduos da espécie, que é considerada rara, podem viver mais de vinte anos.
Encontrada em estados brasileiros em áreas de água doce, a espécie ocorre principalmente nas regiões temperadas frias da América do Norte e da Eurásia, mas estima-se que sua área total de distribuição seja de mais de dois milhões de quilômetros quadrados.
Ao longo de toda a sua vida, um indivíduo trinta-réis-ártico pode percorrer uma distância equivalente a uma viagem de ida e volta à Lua, cerca de 800 mil km.
O avistamento do pássaro em Campinas deixou especialistas intrigados, já que ela é uma ave marinha e percorre principalmente rotas litorâneas. De acordo com Fernando Igor de Godoy, os registros de “perda de rota”, como o avistamento em Campinas, são muito esporádicos.
Nascido no Polo Norte, o trinta-réis-ártico passa o ano numa rota pendular entre hemisférios. A rota migratória inclui o Ártico — no Alasca, Groenlândia, Islândia, norte da Europa e Sibéria —, onde os indivíduos da espécie se reproduzem entre maio e julho. Depois, eles iniciam sua jornada rumo ao Polo Sul, em busca das águas produtivas da Antártida, onde passam o inverno austral.
Um levantamento científico de 2012 contabilizava apenas 21 localidades brasileiras com ocorrências confirmadas da espécie, número que tem aumentado. Em São Paulo, há cerca de dez localidades com registros, a maior parte em áreas costeiras.
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