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Muita gente conhece a cena. O alarme está marcado para as seis e meia, mas os olhos se abrem sozinhos poucos minutos antes. Não há ruído no quarto nem movimento na casa. Apenas o corpo, que parece saber a hora. O que parece acaso é, na verdade, resultado do funcionamento do relógio biológico, um mecanismo interno capaz de antecipar rotinas e preparar o organismo para acordar.
No centro desse processo está o núcleo supraquiasmático, um pequeno conjunto de neurônios localizado no cérebro. Ele organiza os ritmos internos que regulam funções essenciais como sono, temperatura corporal e digestão. É o que orienta o ritmo circadiano, alinhado ao ciclo de vinte e quatro horas, que determina por que algumas pessoas são naturalmente matutinas e outras funcionam melhor à noite.
O corpo aprende hábitos. Horários constantes de sono, alimentação e exposição à luz formam um padrão que o relógio biológico passa a antecipar. Quando essa rotina se repete, o organismo começa a liberar os hormônios certos na hora certa. Nas manhãs, um desses sinais é a chamada resposta de despertar do cortisol, quando o nível do hormônio sobe de forma acentuada para preparar o corpo para o início do dia.
Esse disparo hormonal começa antes mesmo do alarme. A temperatura corporal aumenta, a melatonina diminui e o cérebro inicia uma transição para o estado de vigília. Quando o celular finalmente toca, grande parte do trabalho já foi feita. Para quem desperta naturalmente e se sente bem, isso é sinal de um ritmo circadiano sincronizado.
A situação muda quando o despertar precoce vem acompanhado de cansaço. Nesse caso, o motivo pode ser uma noite de sono fragmentada ou de má qualidade. Horários irregulares também desorganizam os ritmos internos e fazem com que o organismo dependa integralmente do alarme. Isso aumenta as chances de acordar em fases mais profundas do sono e começar o dia com a conhecida sensação de torpor, a chamada inércia do sono.
Ajustes simples ajudam a recuperar o equilíbrio. Manter horários parecidos para dormir e acordar, reduzir o uso de telas antes de se deitar e cuidar da exposição à luz ao longo do dia podem reforçar o relógio biológico e facilitar um despertar mais natural.
O estresse também interfere. Preocupações elevam os níveis de cortisol em momentos inadequados e tornam o sono mais leve ou interrompido. Situações de ansiedade e expectativas intensas fazem o cérebro se manter em estado de alerta e tornam os despertares precoces mais prováveis. Episódios eventuais são comuns, mas, quando se repetem, podem evoluir para distúrbios do sono.
Entender esse mecanismo interno ajuda a explicar por que tantas pessoas despertam antes do alarme sem que nada as chame. Não se trata de coincidência. É o corpo seguindo o próprio tempo e, quando tudo está alinhado, funcionando com impressionante precisão.
Com informações “Science Alert”.
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