Em um telegrama assinado pelo cardeal Parolin e endereçado ao arcebispo Fisher, o Papa expressa “proximidade espiritual” às pessoas atingidas pela tragédia e pede que aqueles que “são tentados pela violência se convertam e busquem o caminho da paz e da solidariedade”. O Pontífice assegura orações “pela recuperação” dos feridos.
Vatican News
Um “ato inútil de violência”. Assim o Papa Leão XIV condena o “horrível atentado” ocorrido no último domingo (14/12) em Sydney, que causou a morte de membros da comunidade judaica reunidos para a celebração de Hanukkah na praia de Bondi Beach. Após um apelo feito nesta manhã, durante a audiência com os doadores da árvore e do presépio na Praça São Pedro, com um apelo para pôr fim a toda forma de “violência antissemita”, o Pontífice enviou um telegrama de condolências, assinado pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, ao arcebispo de Sydney, Anthony Fisher, no qual se declara “profundamente entristecido” por esse massacre ocorrido durante a festa judaica.
O ataque foi cometido por dois agressores — um pai e um filho —, um dos quais foi heroicamente contido por um civil, de religião muçulmana, proprietário de uma loja de frutas no subúrbio de Sutherland, que desarmou o homem com as próprias mãos. Um dos algozes foi posteriormente morto pela polícia, que chegou rapidamente à praia. Até o momento, contabilizam-se quinze vítimas fatais e cerca de trinta feridos.
Oração pelos feridos
A eles, “atingidos por este inútil ato de violência”, o Papa Leão expressa “proximidade espiritual”. E, “com renovada esperança”, pede que aqueles que “são tentados pela violência se convertam e busquem o caminho da paz e da solidariedade”. No telegrama, o Pontífice assegura sua oração “pela recuperação daqueles que ainda estão em convalescença” e “pelo conforto daqueles que choram a perda de um ente querido”; por fim, envia “bênçãos divinas de paz e fortaleza a todos os australianos”.
A mensagem do arcebispo Fisher
O próprio arcebispo Fisher, no dia seguinte ao tiroteio, divulgou uma declaração na qual condena o ataque como um “desprezo descarado e implacável pela vida humana”, definindo o ódio de algumas pessoas contra todos os judeus como um “mal indizível que deve ser repudiado por todo australiano”. Trata-se de “uma afronta ao nosso modo de vida como australianos” e “deve ser condenada de forma inequívoca”, afirma o prelado, pedindo que se faça “justiça para as vítimas” com rapidez. Esse atentado, destaca ainda Fisher, “deve levar a uma mudança”, pois nos últimos dois anos difundiu-se um clima de antissemitismo público que resultou em intimidações, divisões, manifestações e “na normalização de uma linguagem incendiária”. Essas ações “elevaram a temperatura e talvez tenham contribuído para a radicalização”. Tudo isso, para o arcebispo de Sydney, “precisa acabar”.
Um desafio para os católicos
Em meio à tragédia, o arcebispo observa, contudo, “sinais de bondade” no “extraordinário coragem da polícia, dos profissionais do serviço de ambulâncias e dos socorristas, assim como das pessoas presentes; e na generosidade de espírito daqueles que ofereceram ajuda às pessoas atingidas”. Ele expressa, então, as mais sentidas condolências a toda a comunidade judaica e assegura suas orações. “Amamos nossos vizinhos e amigos judeus e devemos fazer tudo o que for possível para protegê-los”, conclui o arcebispo de Sydney. E garante: “A comunidade católica dobrará seus esforços para combater o antissemitismo por meio da educação e da pregação”. Enquanto isso, a comunidade católica de Sydney assegura serviços educacionais e de aconselhamento aos vizinhos judeus, continuando a celebrar celebrações religiosas pelos mortos, pelos feridos e por todos os que ficaram traumatizados por esse drama.
