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Com pouco mais de 1 cm, sapinho-abóbora é descoberto em florestas brasileiras

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Nas montanhas úmidas de Santa Catarina, um sapo laranja brilhante com pouco mais de um centímetro de comprimento acaba de se juntar oficialmente à fauna brasileira. A espécie, tão pequena que cabe na ponta de um lápis, foi identificada por pesquisadores após anos de expedições na Serra do Quiriri e acaba de ser descrita pela ciência.

O sapinho-abóbora, agora batizado de Brachycephalus lulai, vive exclusivamente em uma estreita faixa de floresta montanhosa acima dos 750 metros de altitude. A região, marcada por neblina constante e mata densa, abriga há décadas populações pouco estudadas de anfíbios miniaturizados. A coloração intensa do animal chama atenção à primeira vista, mas foi o coaxar agudo dos machos que permitiu aos pesquisadores localizá-lo entre a serapilheira.

A espécie pertence à família Brachycephalidae e tem parentes igualmente alaranjados vivendo em porções próximas da mesma serra. A equipe de pesquisa, que há sete anos percorre trilhas íngremes para mapear essas populações, encontrou os machos seguindo seus chamados de acasalamento, enquanto as fêmeas foram observadas com menor frequência e coletadas ao acaso.

De volta ao laboratório, análises genéticas e morfológicas confirmaram que se tratava de uma espécie até então desconhecida. Os cientistas decidiram homenagear o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao registrar o nome B. lulai, um gesto que, segundo o grupo, pretende estimular políticas de conservação voltadas para a Mata Atlântica e para as rãs miniaturizadas que dependem desse ecossistema.

Pressões sobre a Mata Atlântica

Apesar da distribuição extremamente restrita, o novo sapinho vive em uma área considerada relativamente preservada. Mesmo assim, especialistas alertam para o risco crescente enfrentado por anfíbios da região, já que queimadas em pastagens, avanço do gado, espécies invasoras, turismo desordenado, mineração e desmatamento continuam a pressionar o habitat.

Em Santa Catarina, diversas espécies de rãs já figuram entre as mais ameaçadas do país. O cenário segue a tendência global para os anfíbios, o grupo de vertebrados mais vulnerável à extinção segundo avaliações internacionais.

Nesse contexto, ganha força o debate sobre a criação de uma unidade federal de conservação na serra. A proposta permitiria proteger a floresta sem exigir a compra de terras privadas, uma alternativa vista como estratégica para barrar a degradação em áreas de difícil acesso.

Ciência em áreas remotas

Para os pesquisadores, a descoberta de B. lulai reforça o quanto ainda falta conhecer sobre os pequenos anfíbios da Mata Atlântica. A variação entre espécies próximas é pouco compreendida, e novas coletas podem alterar significativamente o entendimento sobre limites e relações entre elas.

As expedições, no entanto, esbarram em falta de financiamento e em desafios logísticos. Muitas áreas só podem ser alcançadas após a abertura de longas trilhas em matas densas, o que exige tempo e infraestrutura que nem sempre estão disponíveis.

Mesmo assim, o minúsculo sapinho-abóbora que salta entre folhas úmidas da Serra do Quiriri se torna símbolo de uma biodiversidade que insiste em sobreviver, lembrando que florestas aparentemente intocadas ainda guardam segredos capazes de surpreender a ciência. 

Com informações de Science Alert.

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