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Um tribunal dos Estados Unidos divulgou na sexta-feira um mandado que havia autorizado a apreensão de um petroleiro ao largo da costa da Venezuela, medida que Caracas classificou como um ato de “pirataria internacional” e “roubo descarado”.
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem intensificando a pressão sobre a Venezuela há meses, com um grande reforço naval na região, acompanhado de ataques letais a supostas embarcações do narcotráfico, que já deixaram quase 90 mortos.
Em uma operação dramática na quarta-feira, que a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, afirmou ter como alvo o “regime” do presidente venezuelano Nicolás Maduro, Washington assumiu o controle do petroleiro, com forças americanas descendo de helicóptero por rapel até a embarcação.
A Guarda Costeira dos EUA executou o mandado, assinado por um juiz magistrado em 26 de novembro, pouco antes de expirar, segundo o documento de 32 páginas, do qual mais da metade do conteúdo foi censurada.
O Departamento de Justiça afirmou que a embarcação, batizada de M/T Skipper e anteriormente chamada Adisa, foi usada para transportar combustível sob sanções “em uma rede de transporte de petróleo que apoia” o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã, e uma unidade da Guarda Revolucionária do Irã, ambos designados pelo Departamento de Estado dos EUA como “organizações terroristas estrangeiras”.
“A Guarda Revolucionária Islâmica utiliza os recursos obtidos com a distribuição de petróleo para financiar suas redes terroristas”, acrescentou a nota, em referência ao Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.
Washington também impôs sanções a parentes de Maduro e a seis empresas envolvidas no transporte do petróleo do país sul-americano.
“A Divisão de Contrainteligência do FBI e nossos parceiros continuarão a fazer cumprir as sanções dos EUA e a cortar o acesso de nossos adversários aos mercados financeiros e a tecnologias críticas”, disse o diretor do FBI, Kash Patel, em comunicado.
“A apreensão desta embarcação destaca nossos esforços bem-sucedidos para impor custos aos governos da Venezuela e do Irã.”
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a jornalistas na quinta-feira que o petroleiro apreendido “irá para um porto dos Estados Unidos e que o país pretende apreender o petróleo”.
“Não vamos ficar parados assistindo embarcações sancionadas navegarem pelos mares com petróleo do mercado negro, cujos lucros alimentam o narco-terrorismo de regimes ilegítimos e fora da lei ao redor do mundo.”
Segundo dois funcionários americanos não identificados, ouvidos pela NBC News, o petroleiro deveria atracar em Galveston, no Texas, e a tripulação seria liberada na chegada.
“Roubo descarado”
Um vídeo divulgado no início da semana pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, mostrou forças americanas descendo de helicóptero até o convés do petroleiro e, em seguida, entrando na ponte da embarcação com armas em punho.
Bondi afirmou que o navio fazia parte de uma “rede ilícita de transporte de petróleo” usada para carregar óleo sob sanções.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela declarou que “denuncia e condena energicamente o que constitui um roubo descarado e um ato de pirataria internacional”.
“Eles sequestraram a tripulação, roubaram o navio e inauguraram uma nova era: a era da pirataria naval criminosa no Caribe”, disse Maduro na quinta-feira, durante um evento.
“A Venezuela vai proteger todos os navios para garantir o livre comércio de seu petróleo em todo o mundo”, acrescentou.
“Dias contados”
A imprensa americana informou que o petroleiro apreendido tinha como destino Cuba, outro rival de Washington.
Os Estados Unidos acusam Maduro de liderar o suposto “Cartel dos Sóis”, que foi declarado uma organização “narco-terrorista” no mês passado, e ofereceram uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura.
Trump disse ao site Politico, na segunda-feira, que os “dias de Maduro estão contados” e não descartou uma invasão terrestre dos EUA à Venezuela.
O governo Trump alega que Maduro exerce o poder de forma ilegítima e que teria fraudado a eleição venezuelana de julho de 2024.
Maduro é herdeiro político do líder de esquerda Hugo Chávez e afirma que os Estados Unidos seguem firmes em uma estratégia de mudança de regime e querem se apoderar das reservas de petróleo da Venezuela.
© Agence France-Presse
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