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Efeito Lula: restauração de áreas naturais cresce 158% no Brasil e biomas são recuperados

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De acordo com dados atualizados do Observatório da Restauração (OR), plataforma mantida pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, o Brasil tem ampliado de forma significativa suas áreas em processo de restauração ecológica, que apresentaram crescimento de 158% nos últimos três anos (entre 2021 e 2024).

Foram 79 mil hectares de restauração mapeados em 2021, número que passou para 204,2 mil hectares em 2024 — o equivalente a cerca de 285 mil campos de futebol distribuídos entre os seis biomas do Brasil.

As ações de conservação se devem à intervenção ativa no planejamento do uso das áreas verdes, e o levantamento do OR não envolve áreas regeneradas de forma espontânea.

Estima-se que o Brasil tenha atraído investimentos de cerca de US$ 247 milhões (aproximadamente R$ 1,44 bilhão) para restauração florestal e soluções baseadas na natureza por meio de iniciativas multilaterais e nacionais, em projetos como o Restaura Amazônia — que recebeu cerca de R$ 450 milhões em aportes do Fundo Amazônia —, apoiando ações de restauração e o fortalecimento de cadeias produtivas em territórios indígenas e regiões críticas do Arco do Desmatamento.

De forma geral, o bioma que se destacou em ações de regeneração foi a Mata Atlântica, seguida pela Amazônia.

Segundo o levantamento, 64% do total mapeado no bioma Mata Atlântica — considerado o bioma mais degradado do Brasil, com menos de 24% de sua cobertura original preservada — estava em vias de restauração, o que corresponde a cerca de 131,2 mil hectares. Já na Amazônia, a área em restauração era de 39,7 mil hectares, ou 19% do total considerado.

Os demais biomas brasileiros apresentam percentuais muito menores: na Caatinga, apenas 0,06% do total (cerca de mil hectares) está em restauração, enquanto, no Pantanal e no Pampa, a estimativa gira em torno de 0,01%.

Um investimento do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), anunciado durante a Conferência Climática das Nações Unidas (COP30), sediada em Belém (PA), visa restaurar até 12 milhões de hectares até 2030, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

“O Planaveg apoiará o país na implementação do Marco Global de Kunming-Montreal para a Biodiversidade (KMGBF), conjunto de metas acordadas pela CDB em 2022 para reverter a perda de biodiversidade e promover o seu uso sustentável e a restauração ecológica”, informa, em comunicado, o MMA.

Panorama da degradação

 

A expansão da agropecuária, especialmente a ampliação da fronteira agrícola para o plantio de soja e a criação de gado, é o principal fator de devastação do bioma amazônico, que também sofre com a ocupação de terras públicas por grileiros para a retirada ilegal de madeira e a mineração.

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Estima-se que as áreas de pastagem, soja e cana ocupem 77% da área agropecuária no Brasil — o equivalente a cerca de três quartos de cada hectare destinado a atividades produtivas —, segundo dados do MapBiomas.

Na Amazônia, são aproximadamente 59 milhões de hectares destinados à agropecuária, a maioria ocupada por pastagens. No caso da agricultura, são cerca de 7,3 a 9,6 milhões de hectares, com predomínio da soja, que ocupa, sozinha, até 5,9 milhões de hectares de plantio e tem cerca de 70% de sua produção destinada a mercados consumidores asiáticos, com destaque para a China.

No Cerrado, a degradação também decorre da abertura de pastos e áreas de plantio entre a vegetação nativa, principalmente para soja e milho. O bioma concentra, em termos absolutos, a maior área degradada do país e é marcado pela invasão de espécies exóticas de vegetação, que alteram a dinâmica ecológica e aumentam os riscos de incêndios.

Na Mata Atlântica, além da soja, os principais responsáveis pelo desmatamento associado às áreas de cultivo são a cana-de-açúcar e o café, que pressionam remanescentes de vegetação nativa. Além disso, a contaminação de cursos d’água — em rios cruciais para o abastecimento dos lençóis freáticos e das populações urbanas do Brasil, como o Tietê, o Paraíba do Sul e o Paraná — por agrotóxicos e poluição urbana contribui para a degradação acelerada do bioma, que abriga elevada diversidade ecológica.

A Caatinga é um dos biomas mais ameaçados pela expansão do agronegócio no Brasil, liderada pela Bahia, com aproximadamente 93.437 hectares desmatados. Segundo o MapBiomas, o maior desmatamento observado no bioma tem sido impulsionado pela expansão das atividades agrícolas, especialmente na fronteira agropecuária do Matopiba.

Outra atividade que ameaça a Caatinga é a instalação de parques eólicos, que requerem o desmatamento de áreas nativas para a abertura de espaço para turbinas, estradas e linhas de transmissão. No Nordeste, a expansão de projetos de energia renovável tem levado à perda de biodiversidade e à destruição de habitats naturais, em razão da erosão do solo e da remoção da cobertura vegetal.

No Pantanal, as áreas inundáveis são particularmente vulneráveis a alterações ecológicas causadas pelo desmatamento, agravadas pela ocupação para a construção de barragens e pelo desvio de cursos d’água destinados à irrigação de áreas de plantio intensivo.

No Pampa, que sofre com a fragmentação de áreas nativas e a perda de habitat para espécies animais em função da ampliação das pastagens, o impacto é agravado pela introdução de espécies invasoras. Desde 1985, o bioma já perdeu cerca de 30% de sua vegetação nativa, principalmente devido à expansão da silvicultura de eucalipto voltada à produção de celulose.

Considerado o bioma menos protegido do Brasil, o Pampa foi, em 2021, aquele que mais perdeu vegetação nativa em termos proporcionais, com aumento de 92% em relação a 2020.

Entre 2024 e 2025, no entanto, observou-se uma redução significativa das áreas desmatadas no Pampa — uma queda de 42% em um ano, segundo dados do MapBiomas —, atribuída a esforços de recuperação natural conduzidos pelos governos estaduais e federal.

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