Escrito en SAÚDE el
Um estudo publicado na revista The Lancet Healthy Longevity acompanhou mais de 36 mil pessoas com 65 anos ou mais por até duas décadas e concluiu que mudanças no estilo de vida feitas já na terceira idade podem acrescentar, em média, mais de quatro anos à expectativa de vida.
A investigação conduzida por epidemiologistas chineses avaliou quatro fatores: não fumar, beber com moderação, praticar exercícios e manter uma alimentação equilibrada baseada em vegetais, frutas, leguminosas, peixes e ovos. Todos contribuíram para reduzir o risco de morte, mas prática de atividade física foi o que se destacou mais.
Os pesquisadores observaram que idosos que se mantinham em movimento apresentaram taxas de mortalidade significativamente menores do que aqueles que levavam uma rotina sedentária. E esse movimento não exigia grandes esforços. Caminhadas, jardinagem, pequenos trabalhos domésticos e até atividades lúdicas como cartas e jogos de tabuleiro foram associadas a benefícios. A lógica é simples, mover o corpo de maneiras prazerosas e consistentes.
Cada participante recebeu uma pontuação de zero ou um para cada fator, refletindo comportamentos considerados saudáveis. Quem estava no terço superior desse conjunto foi classificado com um estilo de vida saudável. Já o terço inferior ficou na categoria não saudável. Mesmo quem se encontrava no grupo intermediário obteve ganhos reais em relação ao grupo de menor pontuação. Ou seja, não é necessário radicalizar. Subir apenas um degrau já reduz o risco de mortalidade.
A recomendação dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos sugere pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada para pessoas acima dos 65 anos, além de dois dias de exercícios de fortalecimento muscular. Mas somente 14% dos idosos cumprem esses dois objetivos. Para a maioria ainda há espaço para melhorar.
Nunca é tarde para começar
O estudo mostra também que nunca é tarde para colher benefícios. Idosos que adotaram hábitos mais saudáveis viveram, em média, quatro anos e meio a mais. O impacto positivo foi observado até entre pessoas com mais de 80 e 90 anos. Esses resultados desafiam a percepção de que mudanças tardias têm pouco efeito e reafirmam que escolhas diárias continuam pesando mesmo nas faixas etárias avançadas.
Pessoas com predisposição genética para viver menos tiveram ganhos maiores ao incorporar práticas saudáveis do que aquelas com genética considerada favorável. A descoberta reforça que herança biológica não é sentença definitiva e que decisões cotidianas podem compensar desvantagens genéticas.
Caso haja doenças crônicas como artrite, diabetes ou problemas cardíacos, é importante conversar com um médico antes de aumentar o nível de atividade. Ainda assim, exercícios leves costumam contribuir para o manejo dessas condições. Caminhadas curtas, alongamentos ou movimentos feitos sentado já contam. A chave é a regularidade. Compartilhar a prática com amigos ou participar de grupos também ajuda, já que o vínculo social, por si só, está associado a maior longevidade.
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar
