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FAB se prepara para o lançamento do primeiro foguete brasileiro

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A Força Aérea Brasileira (FAB) está nos preparativos finais para o lançamento do foguete HANBIT-Nano, em uma missão histórica que marca o primeiro lançamento comercial de um veículo orbital a partir do Brasil. O evento ocorrerá no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado no Maranhão, na quarta-feira, 17 de dezembro, com previsão de decolagem às 15h45. Caso as condições meteorológicas ou técnicas não sejam favoráveis, a janela de lançamento permanecerá aberta até o dia 22 de dezembro, oferecendo tempo adicional para o ajuste do cronograma.

A missão, denominada SPACEWARD, já está na fase final de preparação, com uma grande mobilização de equipes brasileiras e sul-coreanas. Esse lançamento é significativo não só pelo aspecto comercial, mas também por ser o primeiro desde o trágico acidente de 2003, com o Veículo Lançador de Satélites (VLS), que resultou na morte de 21 pessoas. A missão atual representa uma superação das adversidades do passado, sinalizando um avanço importante para o setor espacial brasileiro.

Preparativos intensivos e cooperação internacional

Nos últimos dias, as equipes de técnicos brasileiros e sul-coreanos têm trabalhado intensamente para garantir a segurança e o sucesso da missão. A FAB tem exercido um papel fundamental nas operações de transporte, montagem e verificação do foguete HANBIT-Nano, que foi desenvolvido pela start-up sul-coreana Innospace.

Entre as atividades realizadas nos últimos dias estão a elevação e posicionamento do foguete na plataforma de lançamento, conexão dos sistemas de propelentes, energia, dados e instrumentação, além de testes elétricos e hidráulicos cruciais para garantir que o foguete esteja pronto para o lançamento. Também foram feitos procedimentos de verificação de vazamentos e validação de válvulas de isolamento, garantindo a total confiabilidade do sistema. Para completar a preparação, uma revisão final conjunta foi realizada com a equipe da Innospace, levando em consideração as condições climáticas e a prontidão técnica do foguete.

Cerca de 500 profissionais foram mobilizados para o lançamento, com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e especialistas contratados pela Innospace. A colaboração entre os profissionais brasileiros e sul-coreanos é um exemplo do potencial de cooperação internacional no setor aeroespacial, o que abre portas para novas oportunidades comerciais no futuro.

A carga valiosa do foguete HANBIT-Nano

O foguete HANBIT-Nano transportará cinco satélites e três dispositivos tecnológicos desenvolvidos por instituições brasileiras e indianas, que têm como objetivo realizar pesquisas científicas e validações tecnológicas em áreas inovadoras.

A bordo do foguete, estarão os seguintes satélites e dispositivos:

  • Jussara-K (UFMA): Responsável por coletar dados ambientais em regiões de difícil acesso, ajudando no monitoramento de áreas remotas e de difícil observação.
  • FloripaSat-2A e FloripaSat-2B (UFSC): Validação de um novo tipo de comunicação em órbita, uma inovação importante para melhorar a conectividade no espaço.
  • PION-BR2 – Cientistas de Alcântara (UFMA, AEB, PNUD e PION): Um dispositivo que levará mensagens de alunos da rede pública de Alcântara ao espaço, incentivando a educação e a ciência entre os jovens brasileiros.
  • SNI-GNSS (AEB e empresas Concert Space, Cron e HORUSEYE TECH): Este dispositivo mede a velocidade, posição e altitude do foguete, com aplicações futuras em tecnologias como drones, carros e navios.
  • Solaras-S2 (Grahaa Space – Índia): Focado em monitorar fenômenos solares que podem afetar as comunicações e sistemas tecnológicos na Terra, sendo crucial para a gestão de risco em sistemas espaciais.
  • Sistema de Navegação Inercial (INS) – CLC: Validação de um algoritmo de navegação para futuras missões espaciais, uma peça essencial para o desenvolvimento de missões interplanetárias.

Além disso, o foguete transportará um segundo dispositivo da empresa Castro Leite Consultoria (CLC), embora detalhes sobre o dispositivo ainda não tenham sido revelados à FAB, devido a questões de confidencialidade do fabricante.

O impacto estratégico para o Brasil

A missão SPACEWARD e o lançamento do foguete HANBIT-Nano representam um marco na história do programa espacial brasileiro. O Centro de Lançamento de Alcântara, por sua localização próxima à linha do Equador, oferece vantagens significativas para o setor aeroespacial, já que permite reduzir custos e aumentar a eficiência dos lançamentos orbitais. Essa vantagem estratégica coloca o Brasil em uma posição privilegiada no mercado global de lançamentos espaciais.

Este primeiro lançamento comercial também reforça a crescente importância do CLA no cenário internacional, criando novas perspectivas para parcerias com empresas e países em todo o mundo. A missão marca o início de uma nova fase para o Brasil no setor espacial, consolidando o país como um ator relevante no mercado de lançamentos comerciais de satélites e tecnologia espacial.

O futuro do setor aeroespacial brasileiro

O sucesso da missão SPACEWARD abre um leque de possibilidades para o futuro do Brasil no setor aeroespacial. A participação do Brasil em missões comerciais e científicas internacionais tende a se expandir, com o CLA sendo um ponto central para o lançamento de foguetes e satélites em uma crescente demanda global por serviços espaciais.

Além disso, a missão fortalece o relacionamento do Brasil com países e empresas no setor espacial, como a Coreia do Sul, e pavimenta o caminho para mais investimentos e colaborações futuras. Com o avanço de novas tecnologias e a crescente importância do espaço para diversas áreas, o Brasil tem agora a oportunidade de se posicionar como um líder global na indústria aeroespacial.

Com a missão SPACEWARD, o Brasil dá um passo importante em direção ao futuro do seu programa espacial. O lançamento do foguete HANBIT-Nano não só representa um marco histórico para o país, mas também oferece oportunidades valiosas para o crescimento do setor aeroespacial brasileiro. Este é apenas o começo de uma nova era para o Brasil no espaço, que promete trazer benefícios significativos tanto para a ciência quanto para a economia do país.

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