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Em outubro, a Netflix lançou a série “Boots” (2025), que narra a história real de Cameron Cope (Miles Heizer), um jovem gay que, após concluir o colégio, se alista nos Fuzileiros Navais em pleno vigor da lei homofóbica “Don’t Ask, Don’t Tell”, que proibia pessoas LGBT nas Forças Armadas e que foi retomada pela atual gestão de Donald Trump.
À época do lançamento, a série “Boots” enfureceu o governo Trump, que, por meio do Pentágono, disparou uma série de ataques contra a plataforma de streaming e classificou a produção – que retrata gays nas Forças Armadas – como “lixo woke”.
Infelizmente, a pressão do governo Trump deu resultado, e a Netflix decidiu não dar continuidade à série “Boots”. Não há informações públicas que apontem diretamente para uma pressão da Casa Branca, mas ela está nas entrelinhas, especialmente quando se observam os números de audiência da produção, que foram elevados. Além disso, a série alcançou 91% de aprovação no Rotten Tomatoes, índice considerado bastante alto.
De acordo com informações do Deadline, “Boots” registrou uma média de 9,4 milhões de espectadores em sua primeira semana e permaneceu por quatro semanas consecutivas no Top 10 da Netflix. No Brasil, a produção também foi um sucesso de audiência, chegando a figurar entre os conteúdos mais assistidos da plataforma.
Boots começou a ser produzida em 2023, foi finalizada em 2024 e estreou neste ano, já em um contexto político profundamente distinto: o governo Trump havia retomado a política LGBTfóbica “Don’t Ask, Don’t Tell” e promovia a expulsão de pessoas trans das Forças Armadas.
Sendo Boots um sucesso de público e crítica, apenas a pressão do governo Trump e toda a sua aura anti-LGBT explicam a decisão da Netflix de descontinuar uma trama que poderia, justamente neste momento, fazer um contraponto ao discurso de ódio proveniente da Casa Branca.
“Triste”
O ator Miles Haize, que protagoniza Boots e é gay, lamentou o cancelamento da série e agradeceu o apoio do público. “Bom, fico triste em informar que Boots não será renovada para uma segunda temporada. Quero agradecer a todos pelo imenso carinho e apoio que deram a essa série. Isso realmente superou todas as minhas expectativas, e sou profundamente grato.”
Em seguida, o ator Miles Haize ironiza o governo Trump por tê-lo chamado de “lixo woke”:
“Cresci com muito medo do que ser gay significaria para a minha vida. Por isso, estar hoje do outro lado disso, sentindo-me tão acolhido e apoiado, ainda é algo insano para mim. Sim, estou bastante decepcionado por não voltarmos, mas as amizades que fiz e o fato de ter sido chamado de ‘lixo woke’ pelo Pentágono são coisas que vou guardar para o resto da minha vida.”
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