O padre Júlio Lancellotti, conhecido pelo trabalho social e pelo engajamento nas redes sociais, foi impedido de transmitir missas ao vivo por determinação do arcebispo Dom Odilo Scherer, à frente da Arquidiocese de São Paulo. No último domingo (14/12), Lancellotti anunciou que aquela seria sua última celebração exibida online, encerrando uma prática que conquistou grande audiência nas plataformas digitais. “Essa será a última missa que transmitiremos ao vivo”, disse o sacerdote, confirmando o fim de suas transmissões.
Dom Odilo Scherer é um dos nomes mais influentes da Igreja Católica na América Latina. Natural de Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, ele tem 76 anos e dirige a Arquidiocese de São Paulo desde 2007, a maior do país. Com sólida formação teológica, concluiu seu doutorado em Teologia em 1991, após anos de estudo em Roma, o que o consolidou como um profundo conhecedor da doutrina e das questões sociais da Igreja.
Em 2007, Dom Odilo recebeu o título de cardeal pelo papa Bento XVI. O posto não apenas o coloca como conselheiro direto do pontífice, mas também garante sua participação nos conclaves, processo pelo qual se elege um novo papa. Antes disso, em 2002, foi nomeado arcebispo, terceiro cargo mais importante da hierarquia católica, assumindo a responsabilidade pela condução administrativa e pastoral da arquidiocese.
Parente distante do cardeal Dom Vicente Scherer, Dom Odilo ganhou projeção internacional em 2013, quando figurou como possível sucessor de Bento XVI. Na ocasião, participou do conclave que elegeu o papa Francisco, aumentando sua visibilidade no cenário religioso global.
Recentemente, em outubro de 2024, Dom Odilo solicitou renúncia ao cargo de arcebispo de São Paulo. O papa Francisco aceitou, mas pediu que ele permanecesse à frente da arquidiocese por mais dois anos, prolongando sua permanência até o final de 2026.
Procurada pelo Metrópoles, a Arquidiocese de São Paulo não revelou os motivos específicos para a suspensão das transmissões online das missas de Lancellotti. A instituição se limitou a informar que a decisão foi tomada após uma conversa privada entre o padre e o arcebispo, sem detalhar os pontos discutidos.
A medida gerou repercussão imediata nas redes sociais, com seguidores de Lancellotti questionando a decisão e demonstrando preocupação com a visibilidade das causas sociais defendidas pelo sacerdote, principalmente aquelas ligadas a pessoas em situação de vulnerabilidade e direitos humanos. Para muitos, o fim das transmissões marca o encerramento de uma era em que a religião e a comunicação digital se encontravam de maneira direta e engajada.
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