Por décadas, Urano e Netuno ocuparam um lugar aparentemente bem definido na classificação dos planetas do Sistema Solar. Distantes, frios e ricos em água e metano, eles foram agrupados sob o rótulo de gigantes de gelo, uma categoria intermediária entre os mundos rochosos próximos ao Sol e os colossos gasosos como Júpiter e Saturno. Um novo estudo, no entanto, sugere que essa definição pode estar errada e que os dois planetas mais distantes do sistema planetário podem ser muito mais rochosos do que se imaginava.
A pesquisa publicada no “Universe Today” aponta que o interior de Urano e Netuno pode conter uma proporção significativamente maior de rochas e metais, reduzindo o papel do gelo na composição desses corpos. A conclusão desafia modelos aceitos há décadas e amplia as incertezas sobre a formação e a evolução dos planetas gigantes.
Por décadas, Urano e Netuno ocuparam um lugar aparentemente estável na classificação dos planetas do Sistema Solar. Distantes do Sol, frios e ricos em água e metano, eles sempre foram chamados de gigantes de gelo, uma categoria intermediária entre os planetas rochosos, como a Terra, e os grandes planetas gasosos, como Júpiter e Saturno. Um novo estudo, no entanto, sugere que essa definição pode estar incompleta e que os dois planetas mais distantes do sistema podem ser muito mais rochosos do que se acreditava.
A pesquisa indica que o interior de Urano e Netuno pode conter uma quantidade maior de rochas e metais, com menos gelo do que os modelos tradicionais previam. Se essa hipótese estiver correta, ela muda a forma como a ciência entende a formação e a evolução desses planetas e levanta novas dúvidas sobre a própria organização do Sistema Solar.
Uma classificação baseada em poucos dados
A divisão clássica dos planetas leva em conta principalmente a distância em relação ao Sol e os materiais que compõem cada corpo celeste. Os planetas mais próximos do Sol, como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, são formados basicamente por rocha. Mais longe, após a chamada linha de gelo, onde a temperatura permite que água e outros compostos se solidifiquem, aparecem os gigantes gasosos e, ainda mais distantes, Urano e Netuno, definidos como gigantes de gelo por concentrarem água, metano e amônia.
O problema é que essa classificação sempre se apoiou em informações limitadas. Apenas a sonda Voyager 2 passou perto de Urano e Netuno, nos anos 1980, e desde então não houve novas missões dedicadas a esses planetas. Grande parte do que se sabe hoje vem de observações feitas à distância e de modelos teóricos que assumem, desde o início, que o gelo domina seus interiores.
Novos modelos para olhar por dentro dos planetas
O novo estudo tentou escapar dessas suposições rígidas. Em vez de partir de um único modelo, os pesquisadores criaram milhares de simulações diferentes para o interior de Urano e Netuno, variando a proporção entre rocha, gelo e outros materiais. Em seguida, compararam esses cenários com dados observáveis, como o comportamento do campo gravitacional dos planetas.
Os pesquisadores observaram que modelos com maior presença de rocha conseguiram explicar os dados tão bem quanto, ou até melhor do que aqueles baseados principalmente em gelo. Isso não significa que Urano e Netuno não tenham água em seu interior, mas indica que ela pode não ser o componente dominante como se pensava.
Em termos simples, os planetas podem ser menos parecidos com bolas gigantes de gelo e mais próximos de mundos densos, com interiores complexos e misturados. Ainda não há dados suficientes para bater o martelo, mas o estudo deixa claro que a visão tradicional pode estar incompleta.
É importante dizer que ainda não necessárias novas missões espaciais, mas o trabalho atual mostra que até classificações consideradas consolidadas podem ruir quando a ciência decide olhar de novo com menos certezas e mais perguntas.
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar
