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O secretário de Defesa de Donald Trump, Pete Hegseth — autoridade que comanda as Forças Armadas da maior potência militar do mundo — provocou controvérsia ao republicar um vídeo de uma igreja nacionalista cristã, no qual vários pastores defendem a revogação do direito de voto das mulheres entre outras pautas reacionárias e ultraconservadoras.
Ao compartilhar o material, Hegseth resumiu seu apoio com o lema: “Todo Cristo para toda a vida” (“All of Christ for All of Life”).
O porta-voz-chefe do Pentágono, Sean Parnell, tentou explicar à Associated Press que Hegseth é “um orgulhoso membro de uma igreja” afiliada à Comunhão de Igrejas Reformadas Evangélicas (Communion of Reformed Evangelical Churches, CREC) e que “aprecia muito muitos dos escritos e ensinamentos do Sr. Wilson”.
O que defende o pastor de Hegseth
A postagem de Hegseth, no último dia 7, comentava uma reportagem de quase sete minutos da CNN que investigava Doug Wilson, cofundador da CREC.
A matéria destaca a inauguração da filial Christ Church Washington DC, perto do Capitólio, em um prédio ligado ao Conservative Partnership Institute, think tank próximo a aliados de Trump.
Wilson defende uma teocracia cristã nos EUA, com leis baseadas na Bíblia, e adota uma visão patriarcal onde as mulheres devem se submeter aos maridos e não ocupar cargos de liderança.
Ele também é a favor da revogação da 19ª Emenda (que garante o direito de voto às mulheres) e quer criminalizar o aborto e a homossexualidade. Com apoio crescente no governo Trump, Wilson atraiu figuras como Hegseth, que promove cultos no Pentágono e endossa as ideias do pastor.
Críticos alertam que a agenda de Wilson e seus seguidores visa influenciar políticas públicas e enfraquecer os direitos das mulheres, LGBTQIA+ e minorias religiosas. O pastor vê sua missão como global e de longo prazo, com o objetivo de estabelecer um governo cristão mundial em aproximadamente 250 anos.
Trumpismo e bolsonarismo atacam direitos femininos
Essa mistura entre política e religião é uma característica que une a extrema direita dos EUA e do Brasil. Lá, o trumpismo. Aqui, o bolsonarismo. O resultado é um retrocesso nos direitos das mulheres, com ações e discursos que buscam enfraquecer nossas conquistas sociais e políticas.
No caso dos EUA, o movimento trumpista se alinha com um reacionarismo que busca reverter direitos fundamentais das mulheres, como o direito ao aborto. Em 2022, a revogação de Roe v. Wade pelo Supremo Tribunal dos EUA, que garantia a legalização do aborto, foi um marco dessa estratégia, permitindo que estados estabelecessem restrições severas à prática.
A teocracia cristã defendida por líderes como o pastor Doug Wilson também tem sido um ponto central dessa ofensiva.
Já a extrema direita brasileira tem atacado sistematicamente os direitos das mulheres, muitas vezes com apoio de lideranças religiosas e figuras políticas alinhadas ao bolsonarismo.
Entre as principais ações desse grupo, destaca-se a oposição ao aborto em qualquer circunstância, incluindo casos de anencefalia, e a resistência à educação sexual nas escolas, especialmente em relação a temas como identidade de gênero e sexualidade.
Além disso, a Bancada Evangélica no Congresso tem sido um pilar importante na desestruturação de políticas públicas que protegem as mulheres, como a Lei Maria da Penha e os programas de apoio a vítimas de violência doméstica.
Líderes como Silas Malafaia e Marco Feliciano defendem a ideia de submissão das mulheres no contexto familiar e social, alinhando-se a um discurso de patriarcado, o que reflete uma visão ultraconservadora sobre o papel das mulheres na sociedade.
Esses ataques também incluem o enfraquecimento de políticas de igualdade de gênero, como as cotas femininas e o direito à participação política plena, refletindo um retrocesso nas conquistas históricas das mulheres no Brasil.
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