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Durante décadas, exercitar a liderança significava dominar ferramentas analíticas e acumular experiência. Mas a velocidade da transformação tecnológica redefiniu esse paradigma: o passado deixou de oferecer uma referência estável para orientar o futuro. Quanto mais acelerada a mudança, maior o risco de que certezas legadas se convertam em vieses que distorcem decisões estratégicas.
Nesse novo ambiente, ampliar apenas o repertório técnico é insuficiente. Duas competências — frequentemente subestimadas — tornam-se cruciais para líderes que buscam interpretar e antecipar a complexidade: a desaprendizagem ativa e o pensamento filosófico aplicado à formulação de problemas.
Desaprender não é renunciar ao conhecimento adquirido, mas flexibilizar estruturas mentais para revisar premissas que perderam validade. Essa disciplina protege líderes contra o aprisionamento a modelos que já não respondem ao contexto, ainda que tenham sido responsáveis por resultados expressivos no passado. Quem não revisita suas crenças corre o risco de reagir tarde a mudanças que o ambiente já apontava de forma clara.
Mas desaprender, por si só, não resolve os dilemas contemporâneos. É preciso ativar a competência filosófica de formular as perguntas que realmente importam, distinguir correlação de causalidade, compreender implicações éticas e contextualizar decisões em múltiplos horizontes. Em um cenário em que respostas podem ser automatizadas, o diferencial humano reside no julgamento qualificado — não na velocidade com que se responde.
Executivos capazes de integrar desaprendizagem e pensamento filosófico transitam com mais segurança pelos paradoxos do século XXI: eficiência versus humanidade, inovação versus responsabilidade, crescimento acelerado versus sustentabilidade. Esses conflitos não se resolvem apenas com dados, mas com clareza conceitual, consciência ética e rigor intelectual.
Três diretrizes ajudam a desenvolver essas competências invisíveis: auditar premissas estrategicamente relevantes, deliberar sobre implicações éticas antes da escala e cultivar ambientes de reflexão crítica e diversidade cognitiva.
Liderar na era da IA exige mais do que incorporar novas ferramentas. Significa requalificar a forma de pensar, atualizar modelos mentais e atribuir sentido às escolhas. A vantagem competitiva passa a depender menos da previsibilidade e mais da capacidade de questionar o status quo, adaptar-se continuamente e orientar o futuro com consciência ampliada sobre consequências e valores.
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