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O ano de 2025 entrou para a história do agronegócio brasileiro. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) contabilizou a abertura de 211 novos mercados em 56 destinos apenas neste ano, consolidando um total de 507 acessos desde 2023, o maior avanço já registrado em um único ciclo de gestão.
“Mais de 500 novos mercados é um feito histórico para o Brasil”, disse Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, nas redes sociais do Mapa.
“É um feito histórico para o mundo. Eu tenho certeza. Nenhum país no mundo consegue ampliar dessa forma em três anos os seus mercados. Eu tenho muito orgulho de poder fazer parte dessa história”.
Para Fávaro, o movimento fortalece a presença do Brasil no comércio internacional e amplia as oportunidades de renda para produtores, cooperativas e agroindústrias em todas as regiões do país.
O desempenho reflete a atuação integrada da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI), com negociações sanitárias, diplomacia técnica e apoio estratégico da rede de 40 adidos agrícolas em 38 países.
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Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Mais do que números, o avanço representa uma mudança estrutural na inserção do agro brasileiro no mercado global, com foco em escala, diversificação e previsibilidade.
Nos bastidores, cada novo acesso exige negociações complexas, alinhamento regulatório e credibilidade sanitária. Na prática, o resultado chega ao campo na forma de mais demanda, melhor remuneração e maior estabilidade para quem produz.
Carnes e genética puxam novas aberturas em 2025
Entre os produtos que lideraram as novas aberturas de mercado em 2025, a carne bovina e seus derivados ganharam acesso a 19 novos mercados, reforçando o protagonismo do Brasil como fornecedor global de proteína animal.
Na sequência aparecem material genético de bovinos e bubalinos, com 15 novos destinos, e bovinos e bubalinos vivos, que avançaram em 13 mercados.
A carne de aves e derivados também teve desempenho relevante, com 13 novas aberturas, consolidando o país como um dos principais exportadores mundiais do segmento. O movimento mostra que o agro brasileiro não cresce apenas em volume, mas também em sofisticação, atendendo exigências sanitárias cada vez mais rigorosas.
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Bovinos de corte em área de pasto na fazenda
Do lado dos destinos, o mapa das exportações ficou mais diverso neste ano. Países como Tanzânia, que passou a importar 14 produtos do agro brasileiro, Burkina Faso, com 10 produtos, e Malásia, com nove, entraram com força na lista.
Também se destacam Benin, Coreia do Sul e Índia, que passaram a acessar oito produtos brasileiros, além de Costa Rica, Estados Unidos e Mali, com sete novos acessos cada.
Diversificação vira estratégia central do comércio exterior
Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, 2025 foi decisivo para consolidar essa estratégia.
“Somente neste ano abrimos mais de 200 mercados, além de ampliações estratégicas, como o pre-listing para aves na União Europeia. São conquistas que ampliam oportunidades para o produtor rural brasileiro e reforçam a competitividade internacional do agro”, afirmou.
Rua destaca que a diversificação da pauta exportadora foi essencial em um cenário global mais volátil. Produtos menos tradicionais, como ervas, especiarias, castanhas, sementes oleaginosas e proteínas alternativas, responderam por cerca de 20% das novas aberturas, com crescimento de quase 20% no valor exportado desses segmentos desde 2023.
Essa estratégia reduz a dependência de poucos mercados de commodities, ao mesmo tempo em que abre espaço para pequenos e médios produtores acessarem o comércio internacional.
Exportações batem recorde e sustentam a economia do campo
O reflexo direto desse avanço aparece nos números. De janeiro a novembro de 2025, as exportações do agronegócio brasileiro somaram US$ 155,25 bilhões, o maior valor já registrado para o período, com crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior.
Soja em grãos, carne bovina in natura, café verde, celulose, farelo de soja, algodão e carne suína alcançaram recordes em valor e volume exportado. Também ganharam destaque produtos como café solúvel, bovinos vivos, miúdos de carne bovina, pimenta-do-reino, feijões secos e sebo bovino, mostrando a amplitude do portfólio exportador brasileiro.
Mais do que complementar o mercado interno, as exportações ampliam escala, sustentam cadeias produtivas, estimulam investimentos e geram emprego e renda no campo.
Impacto econômico já é mensurável
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Peça de carne bovina
Um estudo da ApexBrasil em parceria com o Mapa aponta que os mais de 500 mercados abertos desde 2023 já resultaram em US$ 3,4 bilhões adicionais em exportações, com impacto direto em todas as regiões do país.
O levantamento indica ainda um potencial futuro de US$ 4 bilhões, caso o Brasil alcance participação compatível com sua fatia no comércio global.
Os países que passaram a importar produtos brasileiros representam um mercado potencial de US$ 37,5 bilhões em importações anuais, o que evidencia o espaço ainda disponível para expansão.
Entre os casos emblemáticos de 2025 está a habilitação de 17 unidades frigoríficas de carne bovina para a Indonésia, que ampliou em 80% o número de empresas aptas a exportar ao país e resultou em crescimento de cerca de 250% nas vendas brasileiras.
Também se destacam as primeiras autorizações para exportação de sorgo e DDG à China e a abertura do mercado de carne bovina no Vietnã, país que importa aproximadamente US$ 1,6 bilhão por ano.
Inteligência comercial e promoção internacional ganham escala
Para sustentar esse avanço, o Mapa também reforçou as ferramentas de apoio ao exportador. Iniciativas como o AgroInsights, o Passaporte Agro, o Intercâmbio Comercial do Agronegócio e a plataforma ConnectAgro ampliaram o acesso a informações estratégicas, tendências e oportunidades de negócios.
Na promoção comercial, o Brasil participou ou organizou mais de 80 missões oficiais em 57 países e esteve presente em 20 grandes feiras internacionais, com a participação de 208 empresas brasileiras.
As ações resultaram em US$ 40,4 milhões em negócios imediatos e cerca de US$ 427 milhões em expectativa de negócios para os 12 meses seguintes.
O conjunto desses resultados confirma que a abertura de mercados deixou de ser apenas uma agenda diplomática e passou a ser um vetor direto de crescimento econômico, competitividade e desenvolvimento regional para o agronegócio brasileiro.
