O governo da Venezuela afirmou, neste sábado (20), que o Irã ofereceu cooperação para enfrentar o que classificou como “atos de pirataria” e “terrorismo internacional” praticados pelos Estados Unidos contra o transporte de petróleo venezuelano. A declaração foi feita pelo ministro das Relações Exteriores, Yvan Gil, após uma conversa telefônica com o chanceler iraniano Abbas Araghchi. Com informações da CNN Brasil.
Em mensagem divulgada no Telegram, Gil afirmou que os dois discutiram o fortalecimento das relações bilaterais e os “desenvolvimentos recentes no Caribe, especialmente ameaças” e o que chamou de “roubo de navios carregados com petróleo venezuelano”.
Segundo o ministro, Teerã manifestou “total solidariedade” à Venezuela e se colocou à disposição para cooperar “em todas as áreas” diante das ações dos Estados Unidos, que, na avaliação do governo de Caracas, violam o direito internacional.
A declaração ocorreu poucas horas depois de os Estados Unidos apreenderem mais um navio carregado de petróleo próximo à costa venezuelana.
A operação integra a ofensiva anunciada pelo presidente Donald Trump, que prometeu um “bloqueio total” a petroleiros sancionados que entram ou saem da Venezuela. Trata-se da segunda apreensão conhecida neste mês de dezembro, em meio ao aumento da presença militar estadunidense no Caribe.

No dia 10 de dezembro, forças estadunidenses já haviam interceptado o petroleiro Skipper, alvo de sanções por suas ligações com o Irã. Segundo autoridades dos EUA, a embarcação transportava petróleo bruto venezuelano e seguia para Cuba, com destino final à Ásia após intermediação de vendedores cubanos.
Na ocasião, Trump declarou que os EUA haviam tomado “um navio muito grande por uma ótima razão” e, ao ser questionado sobre o destino da carga, respondeu: “Acho que vai ficar conosco”.
A nova apreensão foi confirmada pela secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem. “Os Estados Unidos continuarão a perseguir o movimento ilícito de petróleo sancionado que é usado para financiar o narcoterrorismo na região”, escreveu ela em publicação no Facebook. Segundo Noem, a Guarda Costeira realizou a ação antes do amanhecer, com apoio do Pentágono.
Autoridades estadunidenses ouvidas pelo Washington Post afirmaram, sob anonimato, que a operação ocorreu sem divulgar detalhes sobre a localização exata ou o tipo de carga. A agência Reuters informou que a interceptação aconteceu em águas internacionais, na costa da Venezuela.
Já o New York Times relatou que o navio tinha bandeira do Panamá e transportava petróleo venezuelano, embora não conste da lista pública de petroleiros sancionados pelo Departamento do Tesouro dos EUA. Fontes da indústria petrolífera disseram ao jornal que a carga pertenceria a uma empresa comercial sediada na China, com histórico de envio de petróleo venezuelano para refinarias chinesas.
A Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo e depende fortemente das exportações da commodity, reagiu duramente às apreensões.
Em comunicado, o presidente Nicolás Maduro afirmou que o país “exige o fim da intervenção brutal e ilegal dos Estados Unidos”. O governo venezuelano sustenta que as interdições configuram atos de pirataria e ampliam o cerco econômico contra Caracas.
