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A iCred, fintech especializada em crédito consignado para beneficiários do INSS, antecipação do FGTS e consignado trabalhador, concluiu uma captação de R$ 1,15 bilhão por meio da emissão de cotas em dois novos FIDCs. Do total, R$ 1 bilhão será dedicado às operações de INSS e R$ 150 milhões ao consignado com garantia do FGTS ao longo de 2026. As ofertas, coordenadas respectivamente por Itaú BBA e XP Inc., garantem funding para a carteira de consignados até março de 2026. A iCred projeta desembolsar R$ 4 bilhões em novas operações no próximo ano, acelerando sua estratégia de expansão ao combinar escala de originação, diversificação de funding e disciplina de risco.
Fundada em 2022, a iCred atingiu escala nacional em menos de três anos. Segundo Túlio Matos, CEO da iCred, a fintech se posiciona como um player que une alavancagem financeira por meio dos fundos proprietários e eficiência operacional habilitada por IA, provendo UX superior tanto aos parceiros quanto aos tomadores na ponta. O sistema utiliza inteligência artificial para cruzar dados públicos e reduzir a burocracia, permitindo que uma aprovação e liberação de crédito ocorra rapidamente. A expectativa é saltar de R$ 40 milhões originados por colaborador em 2025 para R$ 100 milhões em 2026, mirando ROE acima de 60%.
“Unimos o melhor dos mundos, asset-light em infra escalável, distribuição alinhada em um modelo revenue-based com a eficiência de um programa robusto de funding, com custo de captação que já é melhor do que alguns bancos consolidados triplo-A”, conclui o executivo.
A iCred é a evolução do Grupo Vida Nova (GVN), promotora de crédito fundada há 20 anos pela família Matos. A operação é liderada pelos irmãos Túlio, Thiago, Pedro e Júlio, que transformaram a experiência do negócio familiar em uma operação nacional de tecnologia e crédito. O objetivo é simplificar a concessão de crédito consignado e pessoal. Mais de 8 milhões de clientes já passaram por sua plataforma, com 3 milhões ativos.
Sediada em Aracaju (SE), a empresa começou oferecendo uma linha de crédito para antecipação do saque-aniversário do FGTS, ampliou o mix com o consignado INSS, tendo emitido R$ 4 bilhões no mercado de capitais, carregando 100% do risco subordinado. A fintech se destaca em crescimento fora do eixo tradicional de São Paulo.
Para sustentar o novo ciclo de expansão, a companhia mandatou a Vinci Compass (NASDAQ:VINP) com o objetivo de estruturar a entrada de um investidor institucional e acessar alternativas adicionais de funding, além dos FIDCs, fortalecer a governança, acelerar o desenvolvimento dos novos produtos e complementar com uma visão estratégica externa para um novo ciclo de escala acelerada, ampliando também o alcance comercial e a profundidade de sua rede de distribuição em todo o país.
Disciplina antes de escalar
A expansão ocorre em um momento de reconfiguração do mercado de consignado, impulsionado pela entrada em vigor do Consignado do Trabalhador e pelas novas regras do FGTS, que reduziram em quase 80% o volume de antecipações do saque-aniversário. Em outubro, o Ministério do Trabalho destacou que o novo programa já converteu mais de R$ 3,7 bilhões em contratos antigos, remodelando o acesso ao crédito mais barato para o setor privado. Apesar do potencial, o produto ainda apresenta lacunas operacionais relevantes, incluindo pontos críticos na escrituração, conciliação e execução de garantias em casos de demissão involuntária.
A estratégia da iCred prioriza a disciplina. “Nossa base nos permite atuar com profundidade na nova linha de consignado, mas vamos operar com um modelo conservador, dada a imaturidade operacional do programa. Já garantimos R$ 500 milhões iniciais em funding via colocação privada”, afirma Matos.
A fintech foi comedida em 2025 ao observar ofertas de mercado “excessivamente agressivas”. “Constatamos que nos últimos meses, o mercado tem sofrido com a inadimplência, fruto de uma política de crédito que combina muito risco com taxas de juros muito altas. Queremos ir na contramão desse movimento, garantindo uma concessão eficiente com metade da inadimplência e uma taxa na casa de 3% ao mês”, complementa.
