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Ministro anuncia R$ 400 milhões em investimentos e novo modelo de atendimento no SUS em Porto Alegre

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O Ministério da Saúde anunciou, neste sábado (20), em Porto Alegre (RS), um conjunto de ações do programa Agora Tem Especialista, voltado à ampliação do acesso a atendimentos especializados 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A agenda foi conduzida pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no Hospital Nossa Senhora da Conceição, integrante do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), referência da rede pública federal no estado.

Entre as medidas estão a inauguração de novos leitos de internação, a ampliação do tratamento oncológico completo pelo SUS, o início das obras do novo Centro de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, a destinação de recursos para hospitais públicos da Capital, a adesão de hospitais privados ao atendimento de pacientes do SUS e o lançamento do Guia nacional de manejo das condições pós-covid no SUS.

A proposta teve adesão da Santa Casa de Rio Grande, Hospital Bom Jesus (Taquara), Hospital Regional Nelson Cornetet (Guaíba), Hospital Monporto (Rio Grande), Santa Casa de Porto Alegre, Instituto de Cardiologia (Porto Alegre), Hospital Restinga e Extremo Sul (Porto Alegre), Hospital Vila Nova (Porto Alegre) e Santa Casa de Pelotas, que, em troca, terão abatimento de dívidas com a União e de impostos.

Durante a visita, Padilha assinou um acordo com o Hospital Universitário de Canoas e com a Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul que institui um modelo inédito de prestação de serviços no Sistema Único de Saúde. A iniciativa integra o programa Agora Tem Especialista e prevê a ampliação da oferta de atendimentos especializados por meio da ativação de estruturas hospitalares atualmente ociosas.

Pelo acordo, o GHC será responsável por contratar, de forma temporária, equipes médicas e colocar essas estruturas em funcionamento em um modelo de mutirão, com foco na redução de filas e no aumento do acesso da população a consultas, exames e procedimentos de média e alta complexidade.

Mais de R$ 400 milhões para fortalecer a rede pública de saúde

Segundo Padilha, o governo federal anunciou um pacote de mais de R$ 400 milhões de investimentos na rede hospitalar, “não só de Porto Alegre, mas de outras cidades do Rio Grande do Sul”. A primeira parte do pacote é destinada ao GHC, com mais de R$ 200 milhões em recursos do PAC para a construção de um novo prédio de nove andares voltado ao diagnóstico.

O centro, um complexo com mais de 19 mil metros quadrados, terá serviços de diagnóstico por imagem, análises laboratoriais, hemodinâmica, centro de radiointervenção, hemodiálise, hemoterapia, medicina nuclear com PET-CT, endoscopia, além de farmácia e áreas destinadas ao ensino e à pesquisa.

A estrutura foi planejada para atender tanto a rede de atenção à saúde de Porto Alegre quanto a demanda de outras regiões do Rio Grande do Sul. A capacidade anual de atendimento do Centro de Apoio ao Diagnóstico e Terapia é estimada em 500 mil análises clínicas e 93 mil exames de imagem, além da realização de 18 mil procedimentos terapêuticos.

O espaço também deverá viabilizar 10 mil doações de sangue e 9 mil transfusões, bem como a execução de 23 mil tomografias, 22 mil ressonâncias magnéticas, 5 mil densitometrias ósseas, 8 mil endoscopias e 10 mil ecocardiografias por ano.

“É um prédio de nove andares para centro de diagnóstico. Então levar os exames de imagem, ressonância, tomografia, ultrassom. A expectativa é, quando estiver tudo pronto, fazer mais 700 mil exames e procedimentos”, afirmou o ministro. Atualmente, o GHC deve fechar o ano com mais de 4 milhões de exames e procedimentos, número que será ampliado com a nova estrutura.

Novo centro de diagnóstico e hospitais inteligentes no SUS

Padilha também anunciou um investimento adicional de mais de R$ 1,5 bilhão, por meio de parceria público-privada (PPP), para unificar estruturas hospitalares e ampliar o atendimento com o padrão de “hospitais inteligentes”. O projeto conta com financiamento do Banco dos BRICS, já aprovado no Senado. “Vamos fazer uma grande rede no país inteiro de serviços da mais alta tecnologia, que hoje acontece na China e vai ser trazida para o SUS no Brasil”, disse.

Padilha visitou o novo serviço de braquiterapia, no Centro de Oncologia e Hematologia | Crédito: Jorge Leão

Durante a agenda, o ministro anunciou a inauguração de 23 novos leitos de internação, voltados a pacientes que aguardam ou já realizaram cirurgias. Segundo ele, a ampliação contribui para aumentar a capacidade cirúrgica e reduzir o tempo de espera.

Outro destaque foi a inauguração do novo serviço de braquiterapia, tecnologia moderna de radioterapia utilizada no tratamento do câncer. Padilha explicou que os equipamentos antigos exigiam internações prolongadas, causando desconfortos e complicações. “Com esse novo equipamento, o procedimento dura de 10 a 15 minutos”, afirmou.

O ministro destacou que o foco principal da braquiterapia é a saúde da mulher, mas que também pode beneficiar outros tipos de câncer. “Isso completa o Grupo Hospitalar Conceição como um hospital completo para o tratamento do câncer. Já fazia quimioterapia, cirurgia oncológica, radioterapia e agora a braquiterapia. Tudo que tem de mais moderno para o tratamento do câncer tem hoje no GHC, pelo SUS”, afirmou.

Recursos para Porto Alegre e parceria com hospitais privados

O pacote inclui ainda mais de R$ 60 milhões em recursos diretos para o SUS de Porto Alegre, destinados à Santa Casa de Porto Alegre e ao Hospital Porto Alegre, para a contratação de profissionais, ampliação de cirurgias e aquisição de insumos. Os recursos começam a ser repassados ainda em dezembro.

No Hospital de Clínias de Porto Alegre, os investimentos permitirão a abertura de 60 novos leitos para ortopedia e trauma. “Muitas vezes o paciente já fez a cirurgia do trauma e fica internado segurando aquele leito. Com esse novo espaço, a gente vai girar os leitos e reduzir o tempo de espera para cirurgia”, explicou Padilha.

Outro eixo do programa é a adesão de hospitais privados ao Agora Tem Especialista. Nesse modelo, as unidades poderão abater dívidas ou impostos futuros em troca da oferta de cirurgias, exames e consultas para pacientes do SUS.

“Se você é um paciente do SUS e está esperando na fila do município ou do estado, não se assuste se a Secretaria ligar marcando sua cirurgia em um hospital privado. Ele passa a atender pelo SUS e a pessoa não vai precisar pagar nada”, afirmou o ministro. A expectativa é realizar 30 mil cirurgias a mais pelo SUS com essa estratégia.

Pronon e Pronas destinam recursos a hospitais do RS

Padilha também destacou investimentos por meio do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon) e do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas). Ao todo, são mais de R$ 30 milhões, destinados a cerca de 15 hospitais do Rio Grande do Sul, para reforçar equipamentos e serviços.

SUS lança guia nacional para atendimento da covid longa

Durante a agenda, o Ministério da Saúde lançou o Guia nacional de manejo clínico das condições pós-covid no SUS, voltado ao atendimento de pessoas que seguem com sintomas após a infecção. “Muita gente que teve a covid-19 continuou com sinais, sintomas e complicações depois da doença”, afirmou Padilha, citando problemas pulmonares, cardíacos, gástricos e de saúde mental.

Segundo o ministro, o documento orienta os profissionais da rede pública sobre acolhimento, diagnóstico e cuidado da covid longa, além de indicar como lidar com as famílias. “Agora o SUS tem um protocolo, um guia para todos os profissionais e todos os serviços de como lidar com esse problema”, disse.

Terceiro turno amplia atendimentos e reduz filas no GHC

“Em vez de construir um hospital novo, a gente aproveitou prédios e tecnologias que já existiam e abriu o terceiro turno”, destacou o presidente do GHC, Gilberto Barichello | Crédito: Jorge Leão

O presidente do Grupo Hospitalar Conceição, Gilberto Barichello, apresentou o balanço do funcionamento do terceiro turno, que ampliou horários de atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos hospitais do grupo. Segundo ele, cinco UBSs funcionam até as 22h e sete até as 20h, sem fechar ao meio-dia. “Em seis meses, já foram atendidas mais de 14 mil pessoas à noite”, afirmou.

Barichello destacou que o terceiro turno ocorre também aos sábados e, em alguns hospitais, aos domingos, além do funcionamento noturno durante a semana. “Em vez de construir um hospital novo, a gente aproveitou prédios e tecnologias que já existiam e abriu o terceiro turno”, explicou.

De acordo com ele, em seis meses foram realizadas cerca de 7 mil cirurgias no terceiro turno, além de mais de 709 mil exames. As teleconsultas cresceram 69%, especialmente na psicologia. O grupo também implantou um sistema de confirmação de consultas por WhatsApp, reduzindo o absenteísmo.

Segundo Barichello, em 2022 foram realizados 59 mil procedimentos cirúrgicos no GHC. “Vamos fechar agora com 110 mil procedimentos, dobrando nossa capacidade em três anos”, afirmou. A redução média do tempo de fila cirúrgica foi de 56%, com algumas especialidades chegando a reduções superiores a 80%.

De junho até 15 de dezembro, a implantação do terceiro turno no GHC viabilizou 2.978 consultas e 6.718 cirurgias. Entre os procedimentos cirúrgicos, a cirurgia geral liderou o volume de atendimentos, com 1.092 operações, seguida pela cirurgia ginecológica (974), traumato-ortopedia (760) e cirurgia pediátrica (653).

No atendimento ambulatorial, destacaram-se as consultas em hematologia, com 716 atendimentos, nutrição (614) e oncologia cirúrgica (283). Já nos exames, o terceiro turno ampliou a capacidade usual em 40% na radioterapia, 27,4% nas ecocardiografias, 27,3% nos exames vasculares e 23% nas mamografias.

Ao final, Padilha afirmou que o conjunto de medidas representa “um dia de muitos investimentos, com resultados concretos que já mudam a realidade das pessoas que esperam nas filas do SUS e também investimentos para o futuro do Grupo Hospitalar Conceição”.

Atenção primária e reorganização da rede no SUS

As ações do programa Agora Tem Especialista no Grupo Hospitalar Conceição também envolvem a ampliação da atenção primária à saúde em Porto Alegre, com extensão de horários, reforço de equipes multiprofissionais e aumento expressivo no número de atendimentos.

Atualmente, cinco unidades de saúde do GHC passaram a funcionar das 7h às 22h: Conceição, Parque dos Maias, Jardim Leopoldina, Divina Providência e Jardim Itu. Enquanto outras sete unidades passaram a abrir uma hora mais cedo, funcionando das 7h às 20h. São elas: Floresta, Sesc, Costa e Silva, Barão de Bagé, Santíssima Trindade, Nossa Senhora Aparecida e Coinma.

A reorganização incluiu a atuação de sete equipes multiprofissionais e a integração dos serviços ao fluxo do programa Agora Tem Especialista, com o objetivo de garantir atendimento contínuo desde a consulta até o tratamento. Com isso, o GHC registrou 199,1 mill atendimentos no período, sendo 17,8 mil realizados no terceiro turno, o que representou um aumento de 33% no volume total de atendimentos.

O valor estimado para a construção do Centro de Apoio ao Diagnóstico e Terapia é superior a R$ 230 milhões, com prazo de conclusão de 36 meses após o início dos trabalhos | Crédito: Jorge Leão

Oncologia, braquiterapia e impacto direto na redução de filas

Na área oncológica, o grupo ampliou a capacidade de radioterapia, passando a realizar mais de mil sessões mensais com um único acelerador linear, o que representou um crescimento de 42,86% na oferta desse tipo de atendimento.

O hospital também passou a contar com o serviço de braquiterapia, modalidade de radioterapia interna em que fontes radioativas são posicionadas diretamente no tumor ou em áreas próximas, reduzindo impactos sobre os tecidos saudáveis. A técnica é especialmente indicada para o tratamento de cânceres ginecológicos, como o câncer do colo do útero, e recebeu investimento de R$ 2 milhões, além de contar com equipe multiprofissional especializada.

Os investimentos e a reorganização do atendimento também resultaram em redução significativa no tempo de espera para cirurgias. Em 2025, o GHC registrou quedas expressivas nas filas em diversas especialidades, com destaque para cirurgia bucomaxilofacial e cirurgia geral, ambas com redução superior a 82%, além de neurocirurgia, cirurgia pediátrica, microcirurgia, cirurgia cardíaca, otorrinolaringologia e urologia.

Os ambulatórios do grupo também passaram a operar com horários estendidos, com funcionamento noturno durante a semana e atendimento aos sábados em diferentes unidades, ampliando o acesso da população trabalhadora aos serviços de saúde. A ampliação dos turnos contribuiu ainda para a redução do tempo de espera para exames ambulatoriais, com quedas significativas nos prazos para realização de biópsias, ecografias, tomografias, cateterismos cardíacos, coletas laboratoriais, eletrocardiogramas e análises de biópsias de mama.



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