Por Brasil de Fato
O governo da Venezuela denunciou os Estados Unidos pelo roubo e o sequestro do segundo petroleiro em águas internacionais desde o início da ofensiva contra o país governado por Nicolás Maduro. O ataque contra o navio privado que transportava 1,8 milhão de barris de petróleo bruto ocorreu no sábado (20).
Em comunicado divulgado pela vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez, o país caracteriza como “ato de pirataria” a operação da Guarda Costeira estadunidense e denuncia o desaparecimento forçado da sua tripulação por efetivos militares dos Estados Unidos.
“O Direito Internacional prevalecerá, os responsáveis por esses graves fatos responderão perante a Justiça e a História por sua conduta criminosa”, afirmou o governo venezuelano, incluindo que vai formalizar denúncias no Conselho de Segurança das Nações Unidas e demais organismos multilaterais.
“O modelo colonialista que o governo dos Estados Unidos pretende impor com esse tipo de prática fracassará e será derrotado pelo povo venezuelano”, reafirmou Caracas.
Após repercussão na imprensa, o ataque à segunda embarcação que saía da Venezuela foi confirmado por uma porta-voz do presidente Donald Trump ainda no sábado (20).
“Os Estados Unidos continuarão a perseguir o movimento ilícito de petróleo sancionado que é usado para financiar o narcoterrorismo na região. Nós os encontraremos e os deteremos”, escreveu na rede social X a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem.
Precedente perigoso
Na última semana, Trump anunciou o bloqueio “total e completo” a todos os navios-tanque de petróleo sancionados que entram e saem do território venezuelano. A primeira embarcação foi interceptada pelos Estados Unidos em 10 de dezembro. Após o assalto, a Casa Branca anunciou a sanção de seis empresas de navegação que operam no setor petrolífero venezuelano.
Líderes do Mercosul divergem sobre a escalada militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. A questão marcou a abertura da cúpula, realizada no sábado (19) em Foz do Iguaçu. O presidente Lula (PT) tem adotado tom crítico à ofensiva.
“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados”, afirmou.
Segundo o presidente brasileiro, “uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo.”
