Embarcação Canopus Voyager, da Chevron, tem como destino a cidade de Frisco; viagem se dá em contexto de tensão no mar
A embarcação Canopus Voyager, pertencente à empresa norte-americana Chevron, deixou a Venezuela no domingo (21.dez.2025) transportando petróleo venezuelano com destino ao Texas, nos Estados Unidos. O carregamento se dá em contexto de tensão no mar, com o governo americano realizando ataques a barcos que estariam envolvidos com narcotráfico e apreendendo petroleiros nas proximidades da costa venezuelana.
A vice-presidente executiva da Venezuela e ministra de Hidrocarbonetos, Delcy Rodriguez (PSUV, esquerda), anunciou a partida do navio por meio de uma publicação em seu canal no Telegram. A mensagem incluía um vídeo com um trabalhador detalhando informações sobre a carga.
“Partindo o petroleiro Canopus Voyager, pertencente à empresa Chevron. Com 500.000 barris de Special Hamaca Blend [petróleo melhorado] destinados a Frisco, Texas, Estados Unidos. Cumprindo acordos internacionais e, sobretudo, com os acordos estabelecidos com a empresa Chevron. O Estado venezuelano cumpre assim seus compromissos”, diz o o homem no vídeo.
Assista:
No domingo (21.dez), a Guarda Costeira dos EUA interceptou um petroleiro na região da Venezuela. O navio tinha bandeira do Panamá. Foi a 3ª ação do tipo em dezembro.
A 1ª operação foi no dia 10 de dezembro, quando os norte-americanos apreenderam um grande petroleiro chamado Skipper, que estava sob sanções por suas ligações com o Irã. A 2ª operação foi no sábado (20.dez), também de um petroleiro com bandeira panamenha. O diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, Kevin Hassett, disse neste domingo (21.dez) que os 2 primeiros petroleiros apreendidos estavam fornecendo petróleo a países sob sanções.
Na 3ª feira (16.dez.2025), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), ordenou um bloqueio total a petroleiros sancionados que entrassem e saíssem da Venezuela. Em uma publicação na plataforma Truth Social, o republicano disse que os venezuelanos roubam petróleo e terras dos norte-americanos.
Rodriguez afirmou que a operação do Canopus Voyager foi realizada “em estrito cumprimento das regulamentações e cumprindo os compromissos assumidos por nossa indústria petrolífera”. A vice-presidente acrescentou que a Venezuela sempre permanecerá “respeitosa da legalidade nacional e internacional”.
Os Estados Unidos também lançam desde setembro ataques contra embarcações no Caribe e no Pacífico. As ações, divulgadas em redes sociais pela força militar norte-americana, já causaram mais de 100 mortes, segundo contagem baseada em dados das autoridades. Os ataques mais recentes foram na 5ª feira (18.nov.2025) e mataram 5 pessoas.
O governo Trump tem classificado essas ações como parte de um esforço para deter o fluxo de drogas e rotulado os alvos como “narcoterroristas”, mas não forneceu provas públicas de que as embarcações atacadas estivessem efetivamente envolvidas no tráfico.
A escalada desses ataques se dá em cenário de presença militar americana sem precedentes no Caribe nas últimas décadas, com centenas de militares, navios de guerra e aeronaves posicionados perto da Venezuela. Registros de sites de rastreamento de voos, como o FlightRadar, mostram que caças F/A-18 e outras aeronaves militares dos EUA voaram por períodos prolongados sobre o Golfo da Venezuela e em áreas marítimas próximas à costa venezuelana, a poucos quilômetros de cidades como Maracaibo e até da capital Caracas, segundo relatos de monitoramento e mídias internacionais.
Em algumas dessas missões, até 5 aeronaves militares americanas, incluindo caças Boeing F/A-18E Super Hornet e aviões de guerra eletrônica EA-18G Growler, foram detectadas operando próximos às fronteiras venezuelanas, embora os EUA afirmem que permanecem em espaço aéreo internacional e que os voos são exercícios “rotineiros”.
O governo de Caracas intensificou críticas, dizendo que Washington faz provocação e utiliza o combate às drogas como pretexto para aumentar a pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que nega envolvimento com narcotráfico e classifica as ações americanas como tentativas de interferir nos assuntos internos do país.
