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Veja Destaques das 15 Categorias

by admin

Foto: Victor Affaro e Chico Cerchiaro

Under 30s Lucas Mota Bomfim, Bella Campos, João Fonseca, Sasha e Nattan são capa da edição 134 da Forbes Brasil

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Foi um festival de talentos. Ao longo de pouco mais de uma semana, duas dezenas de jovens da nossa lista Under 30 passaram pela redação da Forbes Brasil para serem clicados pelo fotógrafo Victor Affaro, num cenário versátil idealizado por Pedro Nascimento e Anderson Miguel, do nosso time de arte, com apoio da set designer Alice George e do nosso produtor executivo Lucas Mano. 

Da teatralidade de Felca às gargalhadas de Nattan, da suavidade de Sasha à lógica arguta de Mateus Costa-Ribeiro – sem falar em Bella Campos, cujo nome parece um pleonasmo mas pessoalmente se descobre que é um understatement –, tivemos por aqui uma demonstração clara e límpida de que, a despeito de polarizações, crises, desigualdades e outras mazelas, o Brasil vai bem, obrigado: repleto de gente com energia e propósito para transformar suas vidas, as vidas de quem está no entorno, seus públicos e o país como um todo. Esta é uma edição, portanto, que só de olhar já renova as esperanças no Brasil e no mundo. 

Sabemos que quem faz parte da lista carrega a distinção com orgulho. Ele não é menor para nós, que pinçamos os selecionados entre um mar de talentos, vários deles com histórias fantásticas. Adoramos quando o tempo dá razão para o nosso olhar (como nos casos de Luana Lopes Lara e João Fonseca, perfilados no follow-up que inauguramos nesta edição). 

Nossos critérios para escolher os seis nomes de cada uma das 15 categorias são: impacto, resultados, história. Fazemos isso com a análise minuciosa das inscrições em nossa plataforma e com o apoio de especialistas. Nesta edição, foram os seguintes: Hugo Tadeu (professor da Fundação Dom Cabral); Natália Paiva, CEO do Mover (Movimento pela Equidade Racial); USP, Unicamp, UFRJ, Fiocruz, Instituto Butantan (entidades consultadas para Ciência e Educação); Roberta Martinelli (pesquisadora musical, apresentadora e curadora do Cultura Livre e de outros programas); Alexandre Matias ( jornalista, curador de festivais, tradutor e produtor); Ronaldo Bressane (escritor, editor e professor); Marcelino Freire (escritor e editor); Gustavo Faldon ( jornalista esportivo); Daniel Brito (assessor especial de comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro); Luiza Fecarotta ( jornalista, crítica e curadora gastronômica); Rosa Moraes (criadora do primeiro curso de gastronomia de ensino superior e presidente brasileira da lista The World’s 50 Best Restaurants); Donata Meirelles (colunista da Forbes e diretora-geral da ForbesLife Fashion); André Rodrigues ( jornalista e crítico de design); Ana Paula de Assis ( jornalista). Nosso muito obrigado a todos, agora de público.

Veja destaques das 15 categorias:

AGRO

FABIANE KUHN, 29

Água na medida certa

Fabiane Kuhn lidera a Raks Tecnologia Agrícola, sediada em São Leopoldo, município vizinho a Porto Alegre. Criada em 2017 por ela e um sócio, a startup opera sensores de umidade do solo em cerca de 5 mil hectares no país, em 20 culturas, mas com maior presença em café, frutas e grãos. O objetivo são os pequenos e médios produtores, segmento que concentra cerca de 4,5 milhões das 5 milhões de propriedades rurais do país.

Em 2025, após oito anos de desenvolvimento técnico, testes em campo e estruturação comercial, a startup alcançou o ponto de equilíbrio financeiro e Fabiane diz pensar em uma expansão internacional. Formada em ciência da computação, depois do ensino médio integrado ao técnico em eletrônica, a agro entrou na sua vida pela tecnologia. Em 2015, durante uma crise hídrica nacional, integrou um projeto de pesquisa sobre irrigação e passou a acompanhar a rotina de produtores rurais. A falta de sensores adequados às condições de campo levou ao desenvolvimento de um protótipo próprio de medição de umidade do solo, criado ainda no laboratório da escola. Hoje, ele é patenteado. O sensor opera com energia solar, conectividade celular ou satélite e leituras horárias do solo, com registros de economia de até 40% em água e energia.

O projeto venceu a Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), principal feira de ciência e engenharia para estudantes da América Latina. Em uma competição internacional em 2016, em Phoenix, no Arizona, recebeu prêmios em sistemas embarcados e tecnologia aplicada, marcando a transição da pesquisa para o mercado. Com o apoio de uma incubadora universitária, em duas rodadas de investimentos foi captado R$ 1,95 milhão.

ARTES DRAMÁTICAS

BELLA CAMPOS, 27

O caminho da complexidade

A cuiabana Isabella Karolina de Campos Siqueira Carmo mudou-se para o Rio de Janeiro depois de passar nos testes para participar da 28ª edição da novela Malhação. O trabalho, porém, nunca aconteceu: as gravações acabaram canceladas devido à pandemia de Covid-19. O que parecia ser o fim de um sonho tornou-se apenas o início de uma nova história. Bella, como ficaria conhecida depois, ganhou reconhecimento nacional com seu trabalho no remake da novela Pantanal (2022), em que interpretou a personagem Muda. No ano seguinte, atuou em Vai na Fé. Em 2025 veio um novo salto, quando encarou o maior desafio de sua carreira: ela ressuscitou uma das personagens mais icônicas da teledramaturgia brasileira, a Maria de Fátima, papel que consagrou Gloria Pires na versão original de Vale Tudo.

ARTES PLÁSTICAS, FOTOGRAFIA & MODA

SASHA MENEGHEL, 27

Moda não efêmera

Sasha cresceu entre arte, dança e design, mas foi na moda que encontrou um território próprio. Depois de estudar moda em Nova York e mergulhar nos bastidores de grandes maisons, percebeu que sua marca precisaria refletir algo mais íntimo. “Queria criar roupas que sobrevivessem ao calendário das tendências. Peças que tivessem intenção, alma e que acompanhassem a vida das pessoas”, diz. Assim nasceu a Mondepars, projeto que traduz sua visão de um luxo silencioso, autoral e global. Longe do ritmo acelerado da moda tradicional, Sasha aposta em uma estética limpa, elegante e contemporânea. A marca combina alfaiataria e casualidade, criando um vocabulário visual próprio: blazers estruturados, camisas versáteis, jeans precisos e acessórios que completam um guarda-roupa coerente. A cartela de cores – marrom, preto, verde profundo, chumbo e vermelho – reforça essa maturidade estética. A abertura da primeira loja física, no JK Iguatemi, em São Paulo (SP), em um espaço de luz baixa e tons quentes, aproxima a marca de sua comunidade e reforça a atmosfera intimista. “Queria que a loja tivesse uma sensação nostálgica, quase afetiva. Um lugar onde as pessoas pudessem sentir de verdade o universo da Mondepars.” A entrada recente no universo dos calçados “foi um desafio enorme, mas também um dos meus maiores aprendizados”. Essa curva de aprendizado constante é, para ela, parte essencial do ofício: “A moda é uma escola infinita. Você nunca para de estudar”. Sobre o futuro, Sasha fala com cuidado, mas com convicção. “A marca foi além do que eu imaginava nesses primeiros dois anos. Eu tenho muito orgulho de onde estamos, mas estou longe de onde quero chegar.”

BUSINESS & INDÚSTRIA

MATEUS COSTA-RIBEIRO, 25

Inteligência natural, mesmo

O brasiliense Mateus Costa-Ribeiro brilhou no direito. Entrou na UnB aos 14 anos e se graduou aos 18. Foi o advogado mais jovem a fazer uma sustentação oral diante do plenário do Supremo Tribunal Federal, arguindo pela inconstitucionalidade de uma regra do Rio Grande do Sul sobre jornada de trabalho. Ganhou por sete votos a quatro. Em 2019, foi fazer mestrado na Harvard Law School. Com 20 anos, tornou-se o mais jovem aprovado na Ordem dos Advogados de Nova York. Trabalhou por um ano com M&A e mercado de capitais em um dos maiores escritórios da cidade. Aí resolveu empreender. Ao tentar explicar o judiciário brasileiro para os americanos, ele viu uma oportunidade: usar os recursos de inteligência artificial para aumentar o êxito de grandes empresas em processos judiciais. Isso lhe permitia ser protagonista. “Notei que eu me identificava mais com o empresário que montou a empresa do que com o advogado que assessorou o processo.” A ideia deu origem à Enter, fundada em 2023, que atende 30 clientes listados em bolsa. Em 2025, a empresa recebeu investimentos de US$ 50 milhões dos fundos Sequoia Capital e Founders Fund (do bilionário Peter Thiel), que a avaliaram em R$ 2 bilhões. Costa-Ribeiro diz que estudar fora do Brasil abriu o mundo do empreendedorismo para ele. “Conheci meu sócio, Henrique, porque ambos estudamos em Harvard. As pessoas que encontrei nos EUA me permitiram entender como empresas de tecnologia são construídas e como encontrar os recursos para colocar essa visão de pé”, diz. Uma sugestão? “Nos cinco primeiros anos da carreira, não priorizar o lado financeiro, mas dedicar-se a aprender what great looks like com gente excepcional.”

FILIPE CARDOSO, 29

Pegando um sol

Cardoso cresceu em meio a obras e projetos. Neto de dono de olaria e filho de engenheiro, formou-se em engenharia elétrica em Guaratinguetá e decidiu empreender ainda jovem. Em 2018, fundou a Eletrobidu. A meta era mudar a forma como empresas e residências se relacionam com a energia, reduzindo a dependência das distribuidoras. A Eletrobidu passou a focar em geração solar, com soluções integradas que incluem armazenamento em baterias e carregadores veiculares. Hoje, a empresa entrega cerca de mil projetos por mês, tem mais de 500 colaboradores e atua nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O ecossistema inclui pontos de recarga para veículos elétricos. A companhia projeta ampliar a oferta de soluções energéticas descentralizadas, combinando tecnologia, capital próprio e capilaridade regional.

CIÊNCIA & EDUCAÇÃO

LENNON MEDEIROS, 29

Mutirões ambientais

Da Baixada Fluminense aos fóruns globais, Lennon Medeiros transformou a própria história em motor de ação climática. Cofundador da Visão Coop, ele lidera a prototipagem de tecnologias de regeneração e adaptação, unindo inteligência comunitária, natural e computacional. O início foi no curso de letras na PUC-Rio. “De Queimados até a Gávea, gastava três horas, de moto, trem, metrô e ônibus. Quando um deles atrasava, perdia aulas e, por isso, também perdi a bolsa. Fiz Enem de novo, iniciei o curso de ciências sociais na UFRRJ, acumulei experiência como conselheiro governamental de meio ambiente da Casa Fluminense, como embaixador da Open Knowledge e no grupo de pesquisa do ITS Rio”, conta. A virada veio em 2013, quando a pior enchente que Queimados já havia visto destruiu parte da casa da família de sua companheira. “Eles reconstruíram a casa e adaptaram toda a rua”, conta. A partir dali, passou a mobilizar vizinhos, organizou um mutirão de 150 voluntários para mapear vulnerabilidades e apoiar a Defesa Civil. Assim nasceu, em 2020, a Visão Coop, um movimento que se tornou startup. O trabalho, que reúne pessoas do território e de ciência e tecnologia, rompeu o ciclo de danos graves provocados por enchentes em Queimados. “Se a cidade voltar a sonhar, a sociedade consegue se reinventar”, afirma. O reconhecimento o levou ao BNDES Garagem, ao Top 100 do Sebrae Startups e ao cargo de coordenador ambiental do Startup20, no G20, em que estruturou modelos econômicos para a inovação climática. Representou o Brasil em Climate Weeks, como as de Nova York e Londres, e foi destaque na COP30, desenhando a metodologia do Mutirão Global pelo Clima.

DESIGN

GABRIEL ROSA, 24

Brilhar e apoiar jovens

À frente do escritório de arquitetura que leva seu nome/sobrenome, fundou o próprio QG ainda durante a faculdade, exercitando sua linguagem autoral, na qual arte, música e moda se entrelaçam em projetos e ideias que combinam bem-estar, experiência e propósito. Em 2024, aos 22 anos, Gabriel estreou na CasaCor São Paulo como o arquiteto mais jovem da mostra – ocasião em que recebeu o prêmio de Melhor Ambiente. O reconhecimento o consolidou como um dos nomes mais promissores da nova geração. No ano seguinte, foi convidado para assinar uma coleção de mobiliário para a Breton, parceria que ampliou seu campo criativo e lhe permitiu explorar o design de maneira integral, da concepção ao detalhe. Seu trabalho também integrou a lista 2026 da revista Casa Vogue, que reúne os 50 arquitetos e escritórios mais influentes do Brasil. Paralelamente à atuação no estúdio, criou a mentoria e o curso ARQmétodo, voltados a apoiar recém-formados do setor na construção da própria identidade criativa, na clareza estratégica e no desenvolvimento de visão de negócio para conquistar posicionamento e oportunidades reais no mercado. Também se sagrou vencedor da primeira edição do concurso da Bienal de Arquitetura Brasileira, com um layout que será a representação da cidade de São Paulo no evento – uma chancela que reforça a relevância cultural e urbana de seus croquis. “Trabalho por uma arquitetura que vai além da estética com o objetivo de inspirar jovens e fazê-los acreditar em seus potenciais”, conclui.

EMPREENDEDORISMO SOCIAL & TERCEIRO SETOR

KARINA PENHA, 29

Os saberes tradicionais

Desde criança, Karina Penha compreendeu que natureza, sustento e cuidado eram uma coisa só. Talvez isso seja resultado da criação em uma família de pescadores e quebradeiras de coco-babaçu. Ou de como foi moldada pelos campos alagados da Baixada Maranhense e pela periferia de São José de Ribamar. Ou a soma disso tudo. O fato é que Karina foi a primeira pessoa da família a entrar na universidade. “Isso não foi apenas um marco educacional para mim e para minha família, mas um ato político: significou levar comigo os saberes do meu território para ambientes que historicamente não reconheciam essas vozes. E foi isso que me transformou em uma das principais vozes da juventude brasileira por justiça climática, alguém que fala de clima a partir do chão, da ancestralidade e da própria experiência.” Foi também do seu chão maranhense e amazônico que Karina viu poluições que vinham de fora e degradações provocadas por empresas. “Cuidar do território é cuidar da nossa própria existência. E esse compromisso se consolidou de forma definitiva quando fundamos a Amazônia de Pé, movimento que coloca a proteção da floresta e dos povos como centro da política climática brasileira.” Com programas pedagógicos, treinamentos, campanhas e eventos culturais, o Movimento Amazônia de Pé busca garantir, entre outras missões, a destinação de 50 milhões de hectares de florestas públicas para fortalecer os territórios tradicionais na Amazônia. “Concentro meu trabalho diário nisso: defender a floresta por meio da defesa das pessoas que a mantêm de pé. Os saberes tradicionais são a forma mais segura para enfrentar a crise climática e construir futuros de bem-viver.”

ESPORTES

YAGO DORA, 29

A onda só cresce

Aos 11 anos, Yago Dora descobriu no mar seu primeiro refúgio. Criado em Florianópolis e guiado pelo pai e técnico, Leandro Dora, ele encontrava na prancha um lugar de conforto. “Sempre foi o que eu mais amei fazer. Me considero muito sortudo de poder viver do surfe.” Quase duas décadas depois, aquele menino virou o novo nome da história do esporte: campeão mundial da WSL em 2025, coroado em Cloudbreak (Fiji) ao vencer o norte-americano Griffin Colapinto. A temporada de 2025 foi de evolução constante. Yago venceu em Peniche e Trestles, foi vice em J-Bay e viu a virada acontecer em Portugal. “Foi um evento longo, uma maratona. Sair de lá com a vitória virou a chave para o restante do ano. Senti que fui crescendo durante a temporada e atingi meu ápice no final com a coroação em Fiji, um momento muito especial.” O feito também o coloca ao lado de lendas brasileiras como Gabriel Medina, Filipe Toledo, Adriano Souza e Ítalo Ferreira, todos campeões mundiais. “Para mim, são ídolos. Ver de perto como cada um trabalha me fez aprender muito. Estar nessa lista é uma honra.” A mudança de treinador veio em 2024 e marcou um novo ciclo. “Queria testar algo diferente. Começar a trabalhar com o Leandro da Silva agregou muito para minha carreira e para minha maturidade.” Para 2026, o foco é claro: evoluir e brigar novamente pelo topo. “Sou um nerd do surfe. Sei que sempre existe espaço para melhorar.” Fora d’água, vive com simplicidade: amigos, um bom restaurante, música e basquete. E guarda um conselho para si mesmo e para quem começa: “Sempre tento lembrar por que comecei. Essa alegria inicial me ajuda a continuar amando o que eu faço”.

FINANÇAS

ANDRÉ SZAPIRO, 25

Mais forte após quebrar

Ao iniciar seu curso de administração na FGV em 2019, André Szapiro percebeu que havia pequenos empresários que não eram atendidos pelo sistema financeiro tradicional: os vendedores ambulantes da Avenida Paulista. Captou recursos de parentes e amigos e estruturou uma financeira. O modelo era o Grameen Bank, do bengali Muhammad Yunus, Prêmio Nobel da Paz de 2006. Deu certo: a demanda por empréstimos era elevada e a inadimplência, minúscula. O negócio, porém, foi atropelado pela pandemia no início de 2020. “As pessoas sumiram das ruas e os ambulantes também.” Szapiro tentou vender a operação, mas o comprador protelou até a empresa quebrar. “Tive de fechar o escritório e demitir toda a equipe”, diz ele. “A experiência valeu por um doutorado em negociação, fusões e aquisições e gestão de crises.” Durante as tratativas, Szapiro se aconselhou com os sócios Salim e Marcos Rafael Mansur, fundadores da gestora de recursos SRM Asset, que haviam investido no projeto. “Eles me ligaram dizendo que planejavam reproduzir o modelo do investimento que tinham feito na minha empresa em outras iniciativas e queriam minha ajuda para isso.” Negócio fechado. Eles aproveitaram a experiência de Szapiro para investir em startups e montar uma empresa de estruturação de crédito, a SRM Ventures, que já concedeu R$ 1 bilhão em empréstimos e investiu R$ 450 milhões em cerca de 20 startups. A maioria das investidas está no setor financeiro, em especial na concessão de crédito em nichos de mercado. O modelo ideal, diz Szapiro, é adquirir uma participação acionária e fornecer capital para a investida emprestar.

GASTRONOMIA

IAGO JACOMUSSI, 27

Alta gastronomia casual

Quem vê Iago hoje subindo ao palco do Guia Michelin para receber o inédito Prêmio Jovem Chef não imagina que a trajetória do paulistano na gastronomia tem meros cinco anos. Foi um crescimento exponencial, altamente focado e meticuloso. “Nunca me preocupei em abrir mão de nada para conquistar meus objetivos”, conta, “mas a diferença do louco para o gênio é o resultado”. No caso dele, os frutos não poderiam ter sido mais favoráveis desde que largou o curso de economia com o ambicioso plano de ser chef e dono de restaurante – sem nunca ter vestido um avental ou posto o pé em uma cozinha profissional. Começou primeiro como autodidata, em 2019, com livros e tutoriais online. O próximo passo foi estudar na renomada Le Cordon Bleu, seguido por passagens em grandes cozinhas: do Evvai (cujo chef, Luiz Filipe Souza, Under 30 2019, é sua grande inspiração) e Maní, em São Paulo, ao português Belcanto e o três estrelas Jordnær, na Dinamarca. Na volta da turnê, a certeza: era hora de abrir seu próprio negócio. O Jacó, de cozinha autoral, nasceu em janeiro de 2024 e logo chamou a atenção – do público e da crítica – pelo apuro técnico e a fusão de referências do Brasil, da Ásia e da Escandinávia. Por trás da alta gastronomia em roupagem mais casual, Iago não esconde suas ambições: sempre vencer prêmios. “O maior sonho da minha carreira é ganhar uma estrela Michelin nos próximos anos”, uma meta que segue como mantra. Enquanto isso, prepara-se para abrir em 2026 um bar de coquetelaria na casa ao lado do Jacó (a se tornar a flagship de uma marca de bebidas a médio prazo) e avança em seu propósito: “Ser respeitado e conhecido como uma pessoa que fez mudança no setor”.

INFLUENCIADORES & GAMERS

FELCA, 27

A pauta da adultização

Na economia da atenção, a métrica de sucesso evoluiu da visualização para a mobilização coletiva. O influenciador Felipe Bressanin (paranaense de Londrina), conhecido na internet como Felca, que mistura humor com temas associados à saúde mental, protagonizou, em agosto de 2025, um caso que ilustra como a influência digital, ancorada em ética e governança, pode mobilizar e impactar a sociedade para além das telas. Ao pautar a denúncia sobre a “adultização” de menores, Felca expandiu sua base em 76% em poucas semanas, saltando de 20 milhões para 35,5 milhões de seguidores. O impacto extrapolou algoritmos e atingiu indicadores para além da quantidade: um efeito social importante. O fluxo de dados gerado pela repercussão resultou em aumento de 114% nas denúncias de pornografia infantil no Brasil, de acordo com a SaferNet. Sua denúncia também acelerou o ciclo de vida de Projetos de Lei na Câmara, indicando a força que conteúdo e influência adquirem quando alinhados à responsabilidade social. A visibilidade representou mais negócios e um convite para que ele participe, a partir de 2026, de um quadro no Fantástico, da TV Globo. Felca começou a carreira digital como streamer em 2012, jogando videogames em lives. Agora, no Instagram, já são quase 20 milhões de seguidores e, no YouTube, mais de 6 milhões. “O que aconteceu comigo em agosto não foi apenas uma grande repercussão, mas fiquei feliz porque ajudou a mudar estruturas nas redes, a Meta veio falar comigo, o YouTube, o Google, e tudo isso reforça a importância da influência quando bem usada.”

MARIA BRAZ, 25

Moda e lifestyle

Mais do que influenciadora, uma curadora de imagem de alto valor. Essa é a definição que muitos profissionais fazem de Maria Braz, criadora de conteúdo especializada em moda e lifestyle. Formada em direito, Maria utiliza sua base para gerir uma carreira que se pauta em alto valor consolidado, um segmento que atrai marcas globais pela alta taxa de conversão. Em 2024, figurou entre as 15 criadoras mais requisitadas por marcas. Foi a única brasileira convidada pela San Pellegrino para o festival de cinema de Cannes, e é Friend Of The Maison da Cartier, a primeira brasileira a assinar um contrato anual com a marca. Filha da também influenciadora Silvia Braz, Maria tem mais de 600 mil seguidores. “Meu caminho foi construído com consistência, visão e amor pelo que faço. Me inspira a ideia de que a moda pode ser mais do que imagem; pode ser identidade, impacto e conexão.”

MARKETING & PUBLICIDADE

BRUNA VICENTE, 28

Marketing autêntico

Um misto de sorte, relacionamentos e trabalho possibilitou, para Bruna Vicente, um dos principais feitos de sua carreira: fazer Bruno Mars vestir, em sua turnê pelo Brasil em 2024, as sandálias da marca carioca Kenner, sua cliente à época. “O Bruno tem um interesse real pela cultura dos países que visita, e essa abertura me permitiu apresentar a ele uma marca conectada à brasilidade que combinava com o seu estilo.” O episódio está entre os mais marcantes de sua trajetória à frente da BVolt, agência que ela fundou aos 20 anos e que desenvolve experiências para clientes, alcançando faturamento acumulado de R$ 27,5 milhões de 2023 a 2025. Trabalhando desde os 16 anos, Bruna precisou lidar com a pressão constante do “vocês não podem errar”. Em 2025, em um projeto com a Fenty Beauty, marca da cantora Rihanna, o desafio foi realizar uma coffee party em São Paulo e Salvador em apenas 16 dias úteis. O escopo envolvia estratégia de conteúdo, PR e a produção de quatro eventos, dois em cada cidade, incluindo dias abertos ao público, com expectativa de mil pessoas em cada capital. “Lançamos a estratégia de conteúdo e, no primeiro post, em menos de uma hora, mais de mil pessoas já estavam inscritas.” A filosofia de liderança criada por Bruna, que hoje lidera mais de 30 pessoas, é clara: “a autenticidade supera o marketing tradicional”. Seu portfólio inclui nomes como Viña Concha y Toro, Brown-Forman, Morumbis e a gigante italiana da moda Fendi. Recentemente, Bruna foi responsável pela criação e produção do jantar de gala da icônica TAG Heuer, que celebrou o retorno da marca à Fórmula 1.

MÚSICA & LITERATURA

NATTAN, 27

Desmantelado e imparável

Quem vê sua desenvoltura nos palcos nem imagina que o primeiro contato de Natanael Cesário dos Santos com a música começou na igreja mórmon. O primeiro violão foi dado pela avó e logo as músicas religiosas deram lugar ao ritmo que o deixou famoso, o forró. Nascido em Sobral e criado em Tianguá, no interior do Ceará, o artista, que já foi conhecido por Nattanzinho e agora assina artisticamente como Nattan, acumula números impressionantes na carreira. São mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify, mais de 10 milhões de seguidores no Instagram e mais de 2 milhões de inscritos no YouTube. Em 2025, além de se preparar para ser pai de Zuza, bebê que espera com a atriz e apresentadora Rafa Kalimann, ele lançou o álbum Imparável, que já contou com uma faixa no Top 135 do Spotify antes mesmo da estreia oficial e, de olho no mercado internacional, colocou no mundo um projeto audiovisual gravado em Las Vegas, nos Estados Unidos. Criador da marca Desmanttelo do Nattan, o cantor promove eventos com outros músicos que já apresentam porte de festival (com apresentações ininterruptas de cinco horas) e segue expandindo seu universo artístico em territórios que vão além do ritmo que abraçou. Ele foi muito bem recebido no Festival de Barretos, dominado por música sertaneja. Agora, hora de sonhar alto: “Meu maior sonho é poder criar e gravar com o Djavan. Ele sempre foi minha maior inspiração, um homem nordestino, cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista. Um cara que mantém sua essência e sua originalidade após 30 discos e quatro Grammys.”

JÚLIA COSTA, 28

Rap da mulher periférica

Antes de virar rapper de sucesso, Júlia achou que seu caminho estava na moda. Mas foi costurando rimas com o nome artístico AJuliaCosta que ela se tornou uma das vozes mais proeminentes da nova geração do rap brasileiro. Nascida em Mogi das Cruzes (SP), sua trajetória influencia as letras que abordam a vivência da mulher periférica, empoderamento e críticas sociais. Em 2025, alcançou um marco histórico ao ser a segunda artista brasileira a vencer o prêmio de Melhor Artista Revelação Internacional no BET Awards, uma das mais importantes celebrações da cultura negra mundial. Neste mesmo ano, conquistou o Prêmio Potências como artista revelação do ano, recebeu o Prêmio Glamour da Mulher do Ano na Música e, no ano anterior, o WME Awards by Billboard 2024, vencendo na categoria Música Alternativa. Além de sua carreira musical, ela tem a marca de roupas AJC Shop.

TECNOLOGIA & INOVAÇÃO

DANIELE DE MARI, 26

IA para analisar o cérebro

Implementar inteligência artificial na análise de eletroencefalogramas (EEG) seria como “estacionar uma Ferrari em uma casa abandonada”, conta Daniele de Mari ao relembrar o início da Neurogram, startup fundada em 2021 com o objetivo de parametrizar dados de exames neurológicos. A ideia para o empreendimento, que já captou R$ 23 milhões em investimentos privados – entre eles, de Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé –, surgiu durante um estágio em neurofisiologia na pandemia, momento em que ela percebeu o atraso do setor. “Hoje, um médico não consegue abrir um exame simples de EEG porque não está na nuvem. Então, antes de criar ferramentas poderosas, era preciso construir a infraestrutura básica”, diz a neurocientista, formada pelo Georgia Institute of Technology. Entre os clientes da Neurogram estão o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e a Clínica Sinapse, no Rio de Janeiro. Grandes instituições estão na lista de espera. A empresa já processou mais de 10 mil exames. Apesar da proposta ousada, Daniele sofreu a dificuldade extra que as mulheres enfrentam na busca por aportes financeiros. “O responsável por um dos principais fundos de deeptechs no Brasil me disse: ‘Você é uma fundadora incrível, o mercado é gigantesco, a solução faz sentido, mas eu não acredito em uma menina do interior do Paraná para resolver o problema’.” A menina do interior do Paraná, no entanto, tem um propósito firme, nascido na infância, quando acompanhou a avó, vítima de um câncer ósseo diagnosticado tardiamente. “Eu vi o iPhone surgir enquanto a área da saúde continuava igual. Daí nasceu a minha motivação. Adoro o que faço.”

VAREJO & E-COMMERCE

LUCAS MOTA BOMFIM, 30

Jogando com o time

É difícil extrair de Lucas Mota Bomfim alguma declaração de orgulho por suas conquistas. Tudo é mérito da equipe, ideia que surgiu nas visitas a lojas, evolução natural do negócio… Esse senso de trabalho coletivo é justamente o que o destaca nos negócios. “Sala de diretor? Eu tenho uma… mas nunca sentei nela”, diz. “Fico junto com o time.” Não só com o time direto, de cerca de 20 pessoas, mas com os gerentes, supervisores, coordenadores em toda a rede da Centauro, a principal vendedora de material esportivo da América Latina, com faturamento de R$ 7,48 bilhões nos 12 meses até setembro. “Este ano eu visitei mais de cem lojas, de Manaus até Rio Grande, no extremo sul do país”, contabiliza. Foi seu primeiro ano como diretor comercial, na área de futebol, uma das quatro da empresa. Antes disso fez uma rotação pelos diversos departamentos, como preparação para suceder o pai, Sebastião Bomfim Filho, o fundador, hoje presidente do conselho de administração. A promoção de Lucas, formado em administração, coincide com um momento de revitalização da empresa: o faturamento tem crescido a uma média de 8% ao ano. “O esporte está em alta, as pessoas querem mais com qualidade de vida”, avalia. “E nós fizemos uma reorganização que permite olhar a operação no detalhe.” Uma dessas mudanças foi voltar a ter um diretor de futebol. Fez diferença. Lucas percebeu, por exemplo – como sempre, em conversas com gerentes de lojas –, que era preciso voltar a vender camisetas de times menores. Outra realização: o lançamento da bola da próxima Copa do Mundo, simultâneo em todas as lojas, foi o maior da história no Brasil. “As vendas de artigos relacionados à Copa estão muito maiores do que na Copa passada.”

JULIANA MARQUES FELMANAS, 26

Expansão pela estética

Juliana cresceu vivendo o assunto saúde. Formada em administração pela FGV, é diretora de planejamento estratégico da Cimed. Criado há 48 anos pelo avô, o laboratório produz cerca de 600 milhões de caixas de medicamentos por ano. “A Cimed é uma empresa conhecida por 75% dos brasileiros e que está em 6 de cada 10 casas”, diz. Ela cuida de inovação, de novos negócios e de aquisições. Liderou a criação do hidratante labial Carmed e a entrada no segmento de estética, hoje uma das frentes mais promissoras do grupo. Em pouco tempo, a participação de novos produtos, como dermocosméticos e bioestimuladores de colágeno, chegou a 3% do faturamento da gigante – e ela prevê que essa fatia chegue a 15% em breve. “Mais do que ideias, o crescimento passa por formar times fortes”, diz ela. “O reconhecimento é consequência, não objetivo.”


Colaboraram: Allex Colontonio, Dafne Sampaio, Daniela Giuntini, Kátia Lessa e Paola Carvalho (texto)
Arte: Anderson Miguel e Pedro Nascimento
Produção Executiva: Lucas Mano
Fotos: Marcus Steinmeyer e Victor Affaro
Retouch: Marcelo Calenda
Set Design: Alice George
Beleza: Marisa Rocha, Renan Tavares e Rodrigo Frois
Edição: David Cohen e Décio Galina



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