No ano em que a TV Globo celebrou seis décadas de história, foi um veterano quem protagonizou o gesto mais certeiro da emissora. Após a tentativa frustrada em atualizar Vale Tudo focada em algoritmos das redes sociais, a empresa trouxe Aguinaldo Silva, 81 anos, de volta ao lugar onde escreveu alguns dos capítulos mais marcantes da teledramaturgia brasileira.
Demitido no fim de 2019, após o fracasso de O Sétimo Guardião (2018), o autor – que dedicou mais de quatro décadas à casa – já admitiu que o episódio foi “traumático”. Mas, por ironia do destino, aqueles que o afastaram não estão mais na empresa, e Aguinaldo retorna cinco anos depois com a moral para recuperar a essência do produto. E voltou fazendo exatamente aquilo que o destacou: entregando uma novela de peso, envolvente e fiel ao gênero que ajudou a moldar.
Três Graças estreou em outubro, substituindo Vale Tudo na faixa das 9, e rapidamente conquistou a atenção dos telespectadores. Embora a audiência do horário nobre ainda preocupe a Globo, o que vemos nas telas é uma novela… com cara de novela. Nada de bebês reborn ou da overdose publicitária que marcou sua antecessora. A nova obra de Aguinaldo devolve ao público aquilo que ele espera de uma telenovela – o drama clássico da mocinha que precisa lidar com dilemas pessoais enquanto vive uma paixão arrebatadora. Uma receita simples, mas que, inexplicavelmente, insistem em azedar. Que venham, agora, novos finais felizes.
