O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que os Estados Unidos podem tentar interferir na eleição presidencial brasileira de 2026. A análise considera que a relação pessoal entre Lula e o presidente norte-americano Donald Trump não impediria uma atuação externa em favor de um candidato da extrema-direita no Brasil. Com informações de Patrícia Campos Mello, na Folha de S.Paulo.
Segundo a avaliação de um alto funcionário do governo brasileiro, a retirada de parte das tarifas sobre produtos brasileiros e de sanções previstas na Lei Magnitsky pode ter sido apenas um movimento estratégico. De acordo com essa leitura, Trump teria feito “apenas um recuo tático” após a tentativa de impedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O Planalto compara o cenário brasileiro a episódios recentes em outros países da América Latina. Na Argentina, o governo dos Estados Unidos condicionou a concessão de um pacote de ajuda financeira de US$ 20 bilhões a um bom desempenho eleitoral do partido do presidente Javier Milei em eleições legislativas.
Em Honduras, Trump declarou apoio público ao candidato da ultradireita Nasry “Tito” Asfura. A presidente do país, Xiomara Castro, afirmou que houve um “golpe eleitoral” em razão da “interferência do presidente dos Estados Unidos”. Antes da eleição, Trump disse que a candidata governista Rixi Moncada era comunista.
Democracy is on trial in the coming Elections in the beautiful country of Honduras on November 30th. Will Maduro and his Narcoterrorists take over another country like they have taken over Cuba, Nicaragua, and Venezuela? The man who is standing up for Democracy, and fighting…
— Commentary: Trump Truth Social Posts On X (@TrumpTruthOnX) November 26, 2025
Após a votação, ainda sem resultado final consolidado, o Departamento de Estado dos Estados Unidos revogou vistos de duas autoridades eleitorais ligadas ao partido de esquerda de Xiomara Castro, sob a alegação de que estariam interferindo na apuração dos votos.
Diante desse contexto, o governo brasileiro avalia a necessidade de adotar “vacinas” contra uma eventual intervenção externa. Entre as medidas citadas está a cooperação com os Estados Unidos no combate ao crime transnacional, além do acompanhamento da agenda diplomática bilateral envolvendo tarifas e vistos.
