Getty Images
Acessibilidade
O IPCA-15 de dezembro avançou 0,25% em relação ao mês anterior, em linha com projeções do mercado. A inflação acumulada em 12 meses recuou de 4,50% em novembro para 4,41% em dezembro. A inflação anual encerra o ano abaixo do teto da meta (4.5% no acumulado do ano), depois de quatro anos seguidos.
As principais surpresas de alta em relação à projeção da XP vieram de alimentação no domicílio, especialmente carnes (+0,02), além de vestuário (+0,02%). Os movimentos foram compensados por passagens aéreas (-0,06%). O indicador foi marcado pelos descontos da Black Friday, que geraram leve deflação nos preços de bens industrializados.
O processo de desinflação de alimentos persistiu. Os preços de alimentos recuaram 0,08% no mês contra novembro, acima da projeção da XP (-0,22%), registrando a sexta deflação consecutiva e levando a inflação acumulada em 12 meses para 1,94%.
Já os preços administrados voltaram a subir em dezembro (0,31%), com aceleração de tarifas de energia e preços de combustíveis.
A inflação de serviços veio pior do que o esperado, puxada por alimentação fora do domicílio e preços de condomínio. Serviços intensivos em mão de obra – métrica acompanhada de perto pelo Banco Central – avançaram 0,65% contra o mês anterior, ligeiramente acima da projeção da XP (0,62%), e 6% no ano contra 2024.
O movimento é consistente com a força do mercado de trabalho observada tanto nos dados do Caged quanto na PNAD. “Em nossa avaliação, a inflação de serviços deve desacelerar em 2026, ainda que de forma gradual, de 6% para 5,3%”, diz Alexandre Maluf, economista da XP.
Perspectivas
Em suma, o IPCA-15 de dezembro veio levemente pior do que o esperado para a XP, reforçando a avaliação de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve iniciar o ciclo de corte de juros apenas em março. “Mantemos nossa projeção de IPCA em 4,3% para 2025. Para 2026, seguimos projetando 4,2%, com leve viés de baixa.
O processo de desinflação com resiliência da inflação de serviços mantém o BC em posição desconfortável para iniciar corte de juros, diz Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital. “Mesmo dependente dos dados a serem divulgados, acreditamos que será necessário a desaceleração da inflação de serviços para que o ciclo de corte de juros se inicie em janeiro. Por enquanto, nossa expectativa é corte em janeiro, mas é necessário que a inflação de serviço e os dados de mercado de trabalho arrefeçam”.
