O vigário geral do Patriarcado Latino de Jerusalém conta à mídia do Vaticano o drama das populações de Gaza e da Cisjordânia e a presença constante da Igreja para suprir as necessidades básicas. As frutas voltaram às prateleiras das lojas, mas 80% dos edifícios foram destruídos. Há fome e desemprego, além do medo. “Talvez não imediatamente, mas a esperança do Salvador nos dá força para acreditar que algo pode mudar e renascer”.
Cecilia Seppia, Jean-Charles Putzolu – Vatican News
A Terra Santa, onde nasceu o Príncipe da Paz, prepara-se para viver o terceiro Natal marcado pela violência, mas a comunidade cristã não desiste. Em Jenin, na Cisjordânia, onde há dois dias, em um grave ato de vandalismo, jovens islâmicos radicalizados deliberadamente incendiaram a árvore de Natal, chegou na tarde desta terça-feira (23/12) dom William Shomali, vigário geral do Patriarcado Latino de Jerusalém, para inaugurar e abençoar a nova árvore reconstruída com a ajuda de muitos fiéis. À mídia do Vaticano, o prelado relata a situação em Gaza, o drama e a destruição visíveis em toda parte, mas também a resiliência das pessoas que optaram por permanecer lá, não apenas por falta de alternativas: “quando entrei na Faixa, havia devastação por toda parte. Dizem que 80% das infraestruturas e dos edifícios foram destruídos, e é verdade! Talvez até mais. Mesmo aqueles que permaneceram de pé e não desabaram estão crivados de tiros. Há sinais da guerra por toda parte. Janelas quebradas, portas arrancadas. A vida se tornou ainda mais complicada. Mas, apesar disso, as pessoas preferiram permanecer em suas casas ou até mesmo montar uma barraca ao lado de suas casas destruídas, em vez de serem desalojadas para outro lugar. Vimos milhares de tendas, uma após a outra, muitas vezes inundadas, invadidas pela lama. No mar, na praia, há lixo por toda parte”.
Sinais de normalidade
Os escombros ferem e são um lembrete constante do que a guerra faz, e o medo permanece nos olhos das pessoas, também porque o cessar-fogo é frequentemente violado. Mas, continua dom Shomali, desde o dia da trégua, algumas lojas reabriram, um pequeno sinal de normalidade: “é claro que, quando falamos em loja, não devemos pensar em um supermercado, mas em tendas equipadas para a venda de mercadorias ou pequenas bancas onde se encontram maçãs, laranjas, bananas e vários vegetais. Isso não era possível durante o conflito, então agora as pessoas podem fazer compras, desde que tenham dinheiro para comprar, mas sem trabalho, também falta dinheiro. Há também aqueles que tentam reconstruir com meios improvisados, certamente, mas não ficam de braços cruzados. Todos tentam renascer”.
Il dramma della Cisgiordania
A proposito di quello che manca e di cui c’è necessariamente bisogno, il vicario generale si sofferma sulle condizioni igienico-sanitarie della popolazione di Gaza ma anche della Cisgiordania, altro territorio palestinese interessato dal conflitto dove il 22 dicembre, Israele ha dato il via libera alla creazione di 19 nuovi insediamenti che la Lega araba ha condannato definendoli “una palese sfida alla volontà della comunità internazionale contraria all’espansione coloniale e una violazione del diritto internazionale”. “Ciò che manca attualmente – rimarca il vescovo – sono ospedali funzionanti ed equipaggiati e anche nei due ospedali in cui siamo stati, abbiamo visto che c’è una forte carenza di medicinali, soprattutto gli antibiotici che sono diventati una merce rara. I riflettori sono stati puntati a lungo su Gaza in questi tempi, ma la Cisgiordania, altro territorio palestinese, ha anch’essa sofferto molto negli ultimi anni. Soprattutto nel nord della Cisgiordania, a Jenin, Tulkarem, ci sono due campi profughi che sono stati svuotati, distrutti, e li c’erano 40.000 sfollati. La mancanza di permessi per andare a lavorare in Israele e la mancanza di committenza e opportunità di lavoro hanno fatto soffrire di privazioni e reso disoccupate centinaia di persone e dunque a rischio povertà tante famiglie”.
A presença da Igreja
“É necessário que também a Igreja se mobilize para ajudar as famílias que não têm renda”, acrescenta dom Shomali. “Cada paróquia deve também cuidar dos pobres. E quando não pode, recorre-se ao Patriarcado Latino.
Temos um comitê de ajuda humanitária tanto para pagar os aluguéis das casas quanto para pagar o hospital, os medicamentos, os vales-alimentação, as mensalidades escolares e universitárias. Quando não se tem dinheiro, precisa-se de tudo, vive-se em um estado permanente de indigência. Mas o dinheiro também falta aqui. Desde o início da guerra, houve um retorno das peregrinações, digamos, entre o fim da pandemia de Covid-19 e até 2023, depois tudo parou novamente. Há algumas semanas, houve um pequeno sinal de retorno de alguns pequenos grupos, outros virão depois da Páscoa ou antes da Páscoa. Mas, por enquanto, os hotéis de Belém estão 85% vazios e os funcionários em casa sem salário”. Perguntamos então a dom William Shomali como se faz, como se consegue anunciar o nascimento do Salvador, do Príncipe da Paz, a todas essas populações enfraquecidas pela fome, pela guerra, destruídas nos afetos. “Quando a paz não existe”, diz o prelado, “resta a esperança de que haverá paz. A esperança dá força para reconstruir. Temos a esperança de que a paz virá, talvez não imediatamente, não amanhã, nem mesmo daqui a um mês. Mas sabemos que as situações que parecem impossíveis se tornam possíveis com a graça de Deus. E essa esperança nos enche”.
