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Clima Adverso e Greening Reduzem Projeção da Safra de Laranja 2025/26

by admin

paulobaqueta/Getty Images

Pomar de laranjas carregados

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A safra de laranja 2025/26 teve sua estimativa revisada para baixo em função de condições climáticas desfavoráveis e do avanço do greening no cinturão citrícola.

A atualização consta no Agro Mensal, relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, com base nos dados do Fundecitrus.

Mesmo com a revisão negativa, a produção projetada permanece significativamente superior à do ciclo anterior, sinalizando recuperação parcial da citricultura brasileira após uma safra marcada por forte quebra.

Nova projeção: menos volume, mas safra ainda robusta

Segundo a segunda reestimativa divulgada em 10 de dezembro, a produção de laranja na safra 2025/26 deve alcançar 294,81 milhões de caixas, cada uma com 40,8 quilos. O volume representa uma redução de 3,9% em relação à projeção feita em setembro e de 6,3% frente à primeira estimativa, divulgada em maio.

Ainda assim, o número segue 28% acima da safra 2024/25, indicando que, apesar das adversidades, o setor mantém um patamar produtivo mais elevado do que no ciclo anterior.

A revisão reflete uma combinação de fatores que afetaram o desempenho dos pomares ao longo do ano, com impacto direto sobre o peso médio dos frutos e a taxa de queda antes da colheita.

Menos chuva, frutos mais leves e maior queda

De acordo com o Fundecitrus, a principal causa da redução frente à estimativa inicial, que apontava 314 milhões de caixas, foi a escassez de chuvas, que limitou o desenvolvimento dos frutos e reduziu seu peso médio. Entre janeiro e novembro, o volume acumulado de precipitações no cinturão citrícola somou 392 milímetros, cerca de 20% abaixo da média histórica.

Com exceção da região de Porto Ferreira, todas as áreas monitoradas registraram chuvas inferiores à média dos últimos 30 anos. Esse déficit hídrico prolongado aumentou o estresse das plantas e contribuiu para perdas ao longo do ciclo.

Além disso, ventos fortes registrados em setembro agravaram o quadro, intensificando o estresse hídrico e elevando a taxa de queda dos frutos, especialmente em áreas mais sensíveis.

Greening segue como desafio estrutural da citricultura

Outro fator determinante para a revisão da safra foi o avanço do greening, doença considerada hoje o principal desafio fitossanitário da citricultura mundial. A maior severidade da doença contribuiu para o aumento da queda de frutos e para a redução do potencial produtivo dos pomares.

Mesmo com os esforços de controle e erradicação, o greening segue pressionando os custos de produção e exigindo manejo cada vez mais rigoroso por parte dos produtores, o que reforça o caráter estrutural do problema para o setor.

Colheita avança e limita recuperação do potencial produtivo

No momento da reestimativa, a colheita das variedades precoces e de meia estação já havia sido concluída. Entre as variedades tardias, como Valência e Natal, menos de 50% da produção havia sido colhida.

Embora as chuvas tenham retornado nos meses de novembro e dezembro, a avaliação técnica indica que essa recuperação veio tarde para reverter perdas já consolidadas.

A expectativa é de que os frutos colhidos na reta final da safra apresentem peso inferior ao inicialmente projetado, limitando uma recuperação mais expressiva do volume total.

Impactos para o mercado e perspectiva do setor

A revisão da safra ocorre em um contexto de atenção do mercado de suco de laranja, que acompanha de perto a disponibilidade de matéria-prima no Brasil, maior produtor e exportador global. Uma safra menor do que o inicialmente esperado tende a sustentar preços firmes ao longo do ciclo, especialmente se combinada a estoques ajustados.

Ao mesmo tempo, o fato de a produção permanecer bem acima da safra anterior reduz o risco de um aperto mais severo de oferta, trazendo algum alívio para a indústria e para os contratos de exportação.

O cenário reforça que, mesmo em anos de recuperação, a citricultura brasileira segue altamente dependente do clima e do controle fitossanitário, fatores que continuarão no centro das decisões técnicas e econômicas do setor nos próximos ciclos.



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