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Bahia ocupa 5º lugar em mortes por consumo de álcool no Brasil

by admin

A Bahia é o 5º estado com maior taxa de mortalidade atribuída ao álcool por 100 mil habitantes do País, conforme dados do Datasus de 2023, levantados pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa). Enquanto no Brasil a taxa é de 34,5 óbitos por 100 mil habitantes, na Bahia são 39,3. Pesquisadores apontam que o consumo excessivo da substância pode causar doenças e mortes evitáveis.Para muitos, o fim de ano é o momento de abrir uma cerveja gelada e descansar, porém o consumo de álcool é um hábito que exige atenção e reflexão, indicam fontes do Cisa. A dependência e o consumo excessivo muitas vezes se entranham sem sequer serem percebidos. Ao todo foram 5.835 mortes atribuíveis ao consumo de álcool em 2023 no estado – destes óbitos, 80% são homens e 20% mulheres.Em comparação com 2022, houve aumento de 1,8% no número de mortes. Em todo o país, foram 73 mil falecimentos por conta do álcool, de acordo com o anuário “Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2025”, produzido pelo CISA, que aponta crescimento de 10,2% desses óbitos entre 2010 e 2023.As três causas principais para mortes decorrentes do álcool na Bahia em 2023 são: violência interpessoal (26,5%), acidente de trânsito (26,2%) e cirrose hepática (25,5%).A doutora em sociologia e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, Mariana Thibes, aponta que estudos indicam que altas taxas de mortalidade por álcool estão associadas à vulnerabilidade social. “Regiões com maior pobreza, pior acesso à saúde e educação e maior exposição a estressores psicossociais tendem a apresentar maiores prevalências de mortalidade por uso nocivo da substância, pois o álcool pode, nessas circunstâncias, ser utilizado como estratégia de enfrentamento do sofrimento social”, afirma Thibes.Uma alta taxa de uso abusivo de álcool está ligada a maior risco de acidentes de trânsito, homicídios, suicídios e intoxicações agudas, destaca Mariana. A correlação preocupa em Salvador, que é a capital com a maior prevalência de uso abusivo de álcool do país, conforme dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2023.

Uso abusivo de álcool eleva risco de acidentes, homicídios e suicídios

“Há forte associação entre uso abusivo de álcool e mortes violentas no Brasil. Estados com altas taxas de homicídio tendem a apresentar maior mortalidade atribuível ao álcool, na medida em que a substância atua como fator precipitante, reduzindo inibição e aumentando impulsividade”, pontua a coordenadora do Cisa.A taxa de internações por conta do álcool por 100 mil habitantes na Bahia é inferior à média nacional em 2024, mas ainda assim é um dado que chama atenção sobre o consumo dessa substância no estado. Esse volume de internações cresceu 11% em comparação com 2023, chegando a 25.450 hospitalizações, em 2024, sendo 18.183 entre homens (71,4%) e 7.267 entre mulheres (28,6%).As principais causas de internações foram: acidentes de trânsito (40,7%), queda (26,6%) e doenças respiratórias infecciosas (7,5%).

Índice de internações cresceu 11%, chegando a 25.450 no ano de 2024

Vale explicar que os dados referentes a mortes por conta do álcool são obtidos por meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), que leva um tempo na consolidação dos números, porque é um processo complexo que envolve diversas etapas do óbito até a divulgação oficial. Esse sistema é alimentado a partir da Declaração de Óbito (DO), que, mesmo após entrada no sistema, ainda pode ser retificada e reclassificada em até dois anos após o óbito, especialmente em causas e mortes relacionadas a álcool e drogas.Prejuízos à saúdeÉ preciso atenção ao consumo de álcool quando a substância traz prejuízos à saúde física, mental ou à vida social do indivíduo, conforme a psiquiatra e vice-presidente do Cisa, Natalia Haddad. A especialista explica que neste momento o consumo passa a ser considerado de risco ou nocivo, ainda que seus efeitos não sejam percebidos de forma grave. Isso pode acontecer tanto pelo consumo frequente quanto pela ingestão em grandes quantidades em uma mesma ocasião.Álcool ao volante torna estradas mais perigosas no fim de anoOs meses de janeiro e dezembro estão entre os mais perigosos do ano para quem vai pegar a estrada com crescimento de colisões traseiras, saídas de pista e capotamentos, muitas vezes por conta do cansaço ao volante, excesso de velocidade e, principalmente pelo consumo de álcool, apontam informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Apenas neste ano (até 18 de dezembro) já tivemos 3.815 acidentes em rodovias na Bahia.A consequência desses acidentes é percebida no sistema de saúde. O Hospital Mater Dei Emec (HMDE), em Feira de Santana, por exemplo, registra aumento de até 30% nos atendimentos relacionados a acidentes entre dezembro e janeiro. Os primeiros minutos após um acidente são decisivos, indica o coordenador do do Serviço de Ortopedia do HMDE, Nivaldo Cardozo. Fiscalização e prevenção Neste ano já ocorreram 225 acidentes de trânsito em rodovias na Bahia que tiveram como causa a ingestão de álcool. Ao todo foram 211 feridos e 28 mortes. Para evitar ou reduzir o número de acidentes, a PRF começou no dia 18 de dezembro, a Operação Rodovida, que segue até após o Carnaval. Durante este período acontece reforço da fiscalização, intensificação das abordagens, presença ostensiva nos trechos mais críticos e realização de comandos educativos, especialmente nas rodovias com maior fluxo, como a BR-116, BR-324, BR-101 e BR-242, indica o inspetor da PRF, Fábio Rocha.Especialista alerta para sinais e riscos do uso nocivo de álcoolA psiquiatra Natalia Haddad indica alguns sinais que servem como alerta para o indivíduo: se há dificuldade em reduzir, controlar ou parar de beber mesmo quando existe a intenção; uso do álcool para lidar com emoções difíceis, ansiedade ou estresse; problemas de relacionamento, conflito familiares ou sociais; queda de rendimento no trabalho ou estudo e problemas de saúde associados ao álcool; e necessidade de beber quantidades cada vez maiores para sentir o mesmo efeito. “Buscar ajuda profissional é indicado quando a pessoa percebe que não consegue reduzir ou interromper o consumo de álcool sozinha”, recomenda. “O primeiro passo é ter um objetivo claro e planejar a mudança, comunicando essa decisão a pessoas próximas para reduzir a pressão social. Identificar gatilhos, como determinados ambientes ou emoções, pode ajudar a antecipar situações de exposição e pensar em alternativas”, comenta.Janeiro SecoIncentivo para mudar a relação com o álcool é a campanha “Janeiro Seco”, um desafio de passar o primeiro mês do ano sem o consumo de bebida alcoólica. Natalia aponta que essa pausa pode trazer benefícios imediatos à saúde, como melhora na qualidade do sono, perda de peso, redução da pressão arterial, aspecto de pele mais saudável, bem-estar físico e mental e outros. Além de possibilitar uma melhor observação dessa relação de consumo.

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