Forbes/Reprodução
Acessibilidade
Neste ano, a inteligência se tornou uma enorme geradora de riqueza para os empreendedores que estão desenvolvendo modelos, infraestrutura e aplicações que rapidamente passam a fazer parte do cotidiano, ajudando a criar mais de 50 novos bilionários.
O ano começou com um episódio que elevou a disputa pela liderança em IA a um novo patamar. Em janeiro, o modelo de código aberto da startup chinesa DeepSeek — treinado com apenas uma fração do poder computacional exigido pelas grandes empresas americanas de IA — abalou os mercados financeiros e levou o fundador Liang Wenfeng ao status de bilionário. Seu patrimônio líquido é atualmente estimado em US$ 11,5 bilhões (R$ 65,55 bilhões).
Nos primeiros meses do ano, a Anthropic, desenvolvedora do modelo de IA Claude, captou US$ 3,5 bilhões (R$ 19,95 bilhões) em uma rodada que avaliou a empresa em US$ 61,5 bilhões (R$ 350,55 bilhões), colocando seus sete cofundadores no grupo dos bilionários. Ao longo de 2025, a companhia levantou um total de US$ 16,5 bilhões (R$ 94,05 bilhões) junto a investidores e elevou sua avaliação para US$ 183 bilhões (R$ 1,0431 trilhão) em setembro. Grandes rodadas de financiamento em IA não foram exceção: neste ano, investidores injetaram mais de US$ 200 bilhões (R$ 1,14 trilhão) no setor, com startups de IA capturando 50% de todo o financiamento global — um aumento de 16 pontos percentuais em relação a 2024, segundo a Crunchbase.
As startups não apenas arrecadaram recursos. Elas também passaram a gastá-los, assumindo compromissos expressivos para expandir a infraestrutura de IA. Em janeiro, o presidente Trump anunciou que OpenAI, SoftBank e Oracle investiriam US$ 500 bilhões (R$ 2,85 trilhões) em um gigantesco projeto de data centers chamado Stargate. O anúncio marcou o início de uma onda de iniciativas de empresas de tecnologia como Meta, Alphabet e Microsoft, que, individualmente, se comprometeram a investir mais de US$ 65 bilhões (R$ 370,5 bilhões) em infraestrutura de IA apenas neste ano. Graças ao apetite voraz por data centers, diversas companhias responsáveis pelos componentes essenciais da IA criaram mais de uma dúzia de novos bilionários em 2025 — incluindo os cofundadores da empresa de redes para semicondutores Astera Labs, da companhia imobiliária de centros de dados Fermi, da fabricante sul-coreana de chips ISU Petasys, da produtora sul-coreana de transformadores elétricos Sanil Electric e da provedora de computação em nuvem CoreWeave, entre outras.
A corrida pelo desenvolvimento da IA não se restringiu a modelos ou centro de dados. Uma guerra por talentos entre empresas de tecnologia, que ofereceram pacotes generosos para atrair os melhores profissionais da área, atingiu o auge em junho, quando a Meta comprou uma participação de 49% na startup de rotulagem de dados Scale AI por mais de US$ 14 bilhões (R$ 79,8 bilhões). Como parte do acordo, o CEO e cofundador Alexandr Wang, de 28 anos — que se tornou bilionário pela primeira vez em 2022 graças à sua participação na Scale — passou a integrar a Meta como diretor de IA. O negócio, que avaliou a Scale AI em cerca de US$ 29 bilhões (R$ 165,3 bilhões), fez com que, por um breve período, a cofundadora Lucy Guo, de 31 anos, se tornasse a mulher bilionária self-made mais jovem do mundo, com um patrimônio estimado em US$ 1,4 bilhão (R$ 7,98 bilhões). Ela deixou a empresa em 2018, mas manteve suas ações.
A nova participação da Meta na Scale AI abriu espaço para que outras startups de rotulagem de dados ganhassem destaque. A fatia estimada de 75% do fundador da Surge AI, Edwin Chen, na rival da Scale vale cerca de US$ 18 bilhões (R$ 102,6 bilhões). A receita de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,84 bilhões) registrada pela empresa no ano passado resultou em uma avaliação de US$ 24 bilhões (R$ 136,8 bilhões), segundo estimativas da Forbes. A empresa de rotulagem de dados Mercor alcançou uma avaliação de US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) em outubro, após uma rodada de US$ 250 milhões (R$ 1,425 bilhão), tornando seus três cofundadores de 22 anos os bilionários self-made mais jovens da história, com patrimônio estimado em US$ 2,2 bilhões (R$ 12,54 bilhões) cada um.
Em setembro, o lançamento do Sora 2, da OpenAI, dominou as redes sociais com imagens e vídeos gerados por IA. Bilhões de dólares foram direcionados a startups que trabalham com formatos multimodais de inteligência artificial, incluindo imagem, vídeo e áudio. Um destaque foi a ElevenLabs: seus dois cofundadores, Mati Staniszewski e Piotr Dabkowski, tornaram-se bilionários neste ano após a startup de geração de áudio por IA levantar US$ 100 milhões (R$ 570 milhões) em uma rodada que avaliou a empresa em US$ 6,6 bilhões (R$ 37,62 bilhões) em outubro.
O uso semanal de IA no ambiente de trabalho saltou de 11% em 2023 para 23% neste ano, segundo uma pesquisa da Gallup Workplace. Entre desenvolvedores, a adoção é ainda maior. Em 2025, o CEO da Microsoft, Satya Nadella — que também se tornou um novo bilionário graças à IA — afirmou que até 30% do código da empresa estava sendo escrito por inteligência artificial. A Anysphere, responsável pela ferramenta de programação com IA Cursor — que tem mais da metade das empresas da Fortune 500 como clientes — alcançou uma avaliação de US$ 29 bilhões (R$ 165,3 bilhões) em novembro, transformando seus quatro cofundadores em bilionários. Empresas que adotaram fortemente a IA, como a desenvolvedora de jogos Paper Games, a companhia de tradução TransPerfect e a fabricante chinesa de robôs Orbbec, também levaram seus fundadores ao status de bilionários.
Alguns dos fundadores de startups de IA que se tornaram bilionários neste ano:
Edwin Chen
Patrimônio líquido: US$ 18 bilhões (R$ 102,6 bilhões)
Fonte da riqueza: Surge AI | Cidadania: Estados Unidos
Em menos de cinco anos, Chen transformou a empresa de rotulagem de dados Surge AI em um gigante que faturou US$ 1,2 bilhão (R$ 6,84 bilhões) em 2024, sem apoio conhecido de capital de risco. Com clientes como Google, Meta, Microsoft e os laboratórios de IA Anthropic e Mistral, a companhia vale cerca de US$ 24 bilhões (R$ 136,8 bilhões) apenas com base em sua receita. A participação estimada de 75% de Chen vale US$ 18 bilhões (R$ 102,6 bilhões), o que o colocou como o mais rico estreante da lista Forbes 400 dos americanos mais ricos. Aos 37 anos, ele também foi o integrante mais jovem do ranking.
Bret Taylor e Clay Bavor
Patrimônio líquido: US$ 2,5 bilhões (R$ 14,25 bilhões) cada
Fonte da riqueza: Sierra | Cidadania: Estados Unidos
Nomes de destaque do Vale do Silício, Taylor e Bavor se tornaram bilionários em setembro, quando sua startup Sierra captou US$ 350 milhões (R$ 1,995 bilhão) em uma rodada que avaliou a empresa em US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões). Fundada pela dupla em 2023, a startup substitui o atendimento ao cliente por agentes de IA em centenas de grandes companhias, como a varejista The North Face e a montadora de veículos elétricos Rivian. Mais da metade de seus clientes fatura acima de US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões), e 20% têm receitas superiores a US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões). Cada um detém cerca de 25% da empresa, segundo estimativas da Forbes.
Brendan Foody, Adarsh Hiremath e Surya Midha
Patrimônio líquido: US$ 2,2 bilhões (R$ 12,54 bilhões) cada
Fonte da riqueza: Mercor | Cidadania: Estados Unidos
Em outubro, Foody, Hiremath e Midha se tornaram os bilionários self-made mais jovens de todos os tempos, aos 22 anos, quando a Mercor levantou US$ 350 milhões (R$ 1,995 bilhão), alcançando uma avaliação de US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões). Eles superaram Mark Zuckerberg, que se tornou bilionário há quase duas décadas, aos 23 anos. Fundada em 2023, a Mercor auxilia os maiores laboratórios de IA do Vale do Silício, como OpenAI, Anthropic e Meta, no treinamento de modelos, recrutando especialistas e doutores para avaliar e aprimorar dados. Cada cofundador possui cerca de 22% da empresa.
Anton Osika e Fabian Hedin
Patrimônio líquido: US$ 1,6 bilhão (R$ 9,12 bilhões) cada
Fonte da riqueza: Lovable | Cidadania: Suécia
Os cofundadores da startup de “vibe coding” Lovable tornaram-se bilionários em dezembro, após captar US$ 330 milhões (R$ 1,881 bilhão) a uma avaliação de US$ 6,6 bilhões (R$ 37,62 bilhões). A empresa se tornou a companhia de software que mais cresceu rapidamente na história, ao atingir mais de US$ 100 milhões (R$ 570 milhões) em receita anualizada em apenas oito meses, permitindo que usuários — mesmo sem experiência em programação — criem sites e aplicativos a partir de comandos escritos. Cada um detém aproximadamente 24% da empresa.
Lucy Guo
Patrimônio líquido: US$ 1,4 bilhão (R$ 7,98 bilhões)
Fonte da riqueza: Scale AI | Cidadania: Estados Unidos
Aos 31 anos, Guo desbancou Taylor Swift como a mulher bilionária self-made mais jovem do mundo quando a Meta adquiriu 49% da Scale AI, empresa que ela cofundou com Alexandr Wang em 2016. Embora tenha deixado a companhia dois anos depois, manteve sua participação, hoje diluída para cerca de 3%. Somada à sua segunda startup, a Passes — um aplicativo semelhante ao Patreon para criadores de conteúdo, avaliado em mais de US$ 150 milhões (R$ 855 milhões) —, seu patrimônio chega a US$ 1,4 bilhão (R$ 7,98 bilhões), segundo a Forbes. Em dezembro, Guo perdeu o título para Luana Lopes Lara, de 29 anos, cofundadora da Kalshi.
Michael Truell, Aman Sanger, Sualeh Asif e Arvid Lunnemark
Patrimônio líquido: US$ 1,3 bilhão (R$ 7,41 bilhões) cada
Fonte da riqueza: Cursor | Cidadania: Estados Unidos, Paquistão, Suécia
A ferramenta de programação com IA Cursor captou US$ 2,3 bilhões (R$ 13,11 bilhões) em novembro, avaliando a startup de três anos em US$ 29,3 bilhões (R$ 167,01 bilhões). A empresa anunciou ter superado US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) em receita anualizada, com clientes como Nvidia, Adobe, Uber, Shopify e PayPal. Cada um dos quatro cofundadores possui cerca de 4% da companhia.
Mati Staniszewski e Piotr Dabkowski
Patrimônio líquido: US$ 1,1 bilhão (R$ 6,27 bilhões) cada
Fonte da riqueza: ElevenLabs | Cidadania: Polônia
Após captar um total de US$ 300 milhões (R$ 1,71 bilhão), a ElevenLabs — que oferece modelos de IA capazes de gerar vozes com som humano — alcançou uma avaliação de US$ 6,6 bilhões (R$ 37,62 bilhões) em outubro, tornando seus fundadores bilionários. Uma das startups mais valiosas da Europa, a empresa registrou quase US$ 200 milhões (R$ 1,14 bilhão) em receita nos últimos 12 meses. Metade desse valor vem de grandes corporações, como Cisco e Twilio, que utilizam a ferramenta em centrais de atendimento ou entrevistas de emprego. A outra metade é gerada por youtubers, podcasters e autores. Cada cofundador detém cerca de 17% da empresa.
