Ex-chefe da PRF também levou bolsas, ração e tapetes higiênicos antes de romper a tornozeleira; Alexandre de Moraes ordenou a prisão preventiva
A PF (Polícia Federal) informou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques deixou seu endereço em São José (SC) na 5ª feira (25.dez.2025) levando um cachorro da raça pitbull e itens para o animal de estimação antes de romper a tornozeleira eletrônica e fugir para o Paraguai.
As informações constam na decisão do ministro Alexandre de Moraes, que decretou a prisão preventiva de Silvinei depois da constatação da violação do monitoramento eletrônico e da ausência dele no endereço residencial. Eis a íntegra (PDF –156 kB).
Segundo a PF, imagens do sistema de câmeras do prédio mostram que Silvinei colocou bolsas no porta-malas de um Volkswagen Polo prata alugado por volta das 19h06 de 24 de dezembro. Minutos depois, às 19h14, ele voltou ao veículo e colocou outros objetos no banco traseiro, “inclusive ração e muitos sacos de tapete higiênico para cães”.
Ainda de acordo com o registro policial, por volta das 19h22, Silvinei “foi para o carro carregando potes comedouros (para ração) e conduzindo um cachorro (aparentando ser da raça pitbull), e saiu”. Ele não voltou a ser visto entrando ou saindo do condomínio depois desse horário.
Em agosto de 2023, quando foi preso preventivamente em investigação sobre interferência no 2º turno das eleições de 2022, Silvinei afirmou, por meio de seu advogado, estar preocupado com seus cachorros, que ficaram sob os cuidados de um amigo em Santa Catarina.
Silvinei Vasques obteve liberdade provisória 1 ano depois, mediante o cumprimento de medidas como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, entrega de passaportes e proibição de deixar o país. Na ocasião, Moraes advertiu que qualquer violação resultaria na decretação da prisão.
O ex-diretor da PRF foi condenado em 16 de dezembro pela 1ª Turma do STF a 24 anos e 6 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado. A decisão também determinou o pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos, a perda do cargo público e a comunicação ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para fins de inelegibilidade.
Até 16 de dezembro, ele era secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação de São José (SC), a 1.300 quilômetros de Assunção.
fuga
Silvinei foi detido nesta 6ª feira (26.dez.2025) no aeroporto de Assunção, no Paraguai, quando tentava embarcar para El Salvador. A detenção foi realizada pela polícia paraguaia em parceria com a PF.
A decisão foi tomada depois de a polícia informar o rompimento da tornozeleira eletrônica usada por Vasques e o descumprimento de outras medidas cautelares impostas pelo STF. O equipamento ficou sem sinal de GPS na madrugada de 25 de dezembro e, horas depois, também perdeu a comunicação por GPRS (General Packet Radio Service).
Policiais federais fizeram diligências no endereço do ex-diretor, mas não o encontraram.
“Pode-se afirmar que o réu esteve no local pelo menos até as 19h22min do dia 24/12/2025. Pela sequência de imagens (…) colocou bolsas no porta-malas do carro (…) colocou mais coisas no banco de trás (…) carregando potes comedouros (…) e conduzindo um cachorro (…) e saiu”, escreveu.
Para Moraes, os elementos reunidos indicam fuga e tentativa de se furtar à aplicação da lei penal. O ministro afirmou que o descumprimento das medidas cautelares, sem justificativa, autoriza a conversão das restrições em prisão preventiva, conforme a jurisprudência do STF.
“A fuga do réu, caracterizada pela violação das medidas cautelares impostas sem qualquer justificativa, autoriza a conversão das medidas cautelares em prisão preventiva”, afirmou Moraes.
