Uma das recentes operações da Polícia Federal contra desvios de verbas expõe a face perversa do problema crônico da corrupção. Desta feita, os criadouros dos roedores de erário público podem ter reproduzido em hospitais municipais de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Em comum entre os dois entes federativos, a gaúcha Jaguari e a paulista Embu das Artes têm populações crédulas, a julgar pela eleição de seus prefeitos de viés conservador.
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Vítimas de desvios milionários, as cidades registram possíveis fraudes em processos licitatórios. O escárnio é acrescentado ao descaro e à desfaçatez, todos estes males escapadiços do jarro de Pandora destampado por homens e mulheres da lei.
O dinheiro surrupiado pelos criminosos do sistema de saúde servia para o pagamento de aluguéis de imóveis de alto padrão, viagens luxuosas e aquisição de bens particulares. Louve-se, uma vez mais, a diretriz emanada de Brasília, cumprindo o Planalto o dever moral e constitucional de incentivar o trabalho de vigiar e punir.
Não fosse esta coragem, os espertos teriam se locupletado sem aperreios do esquema de irrigação de seus saldos bancários indevidamente bem nutridos.
Por ora, aplicando-se o pleno didatismo, é possível entender assim o esquema fraudulento: um grupo de empresários de Porto Alegre assumiu a administração dos hospitais, tendo recebido R$ 340 milhões em recursos públicos; o mesmo bando emitiu notas fiscais frias de empresas de fachada para ocultar o real destino das inversões, qual seja, seus próprios bolsos.
Para dificultar a apuração pelos detetives do Estado, a malta ligeira diluiu o montante por dezenas de contas de cúmplices, entre pessoas físicas e jurídicas sem vínculo com os serviços contratados – eis o laranjal detectado pela PF.
Como já alertava a letra de um conhecido sambinha, malandro demais se atrapalha: agora, com a autorização do Poder Judiciário, toda a movimentação financeira vem sendo rastreada, esperando-se ouvir em breve as vozes de prisão, na aurora das mansões habitadas pelos sagazes ladrões de elite.
