Violência, acidente de trânsito e cirrose hepática são os efeitos evitáveis do mau costume da bebida alcóolica, posicionando-se a Bahia em 5º lugar entre os estados brasileiros de maior registro de óbitos.Considerando o fato de a população baiana ser a quarta do País, a classificação confere ligeira vantagem quando se faz o cálculo da quantidade de habitantes dividida pelas covas abertas.Cabe registrar a demora em punir com maior rigor quem expõe a vida de concidadãos, tomando por premissa o dolo ou intenção de matar, pois exceto depois de algumas doses, ninguém é inocente a ponto de acreditar ser o álcool inofensivo.Enquanto os adeptos do tabagismo enfrentam carteiras de cigarro ilustradas com figuras de pessoas morrendo em leitos de hospitais, e outras substâncias, mesmo medicinais, são proibidas, o alcoolismo é incentivado em ricas publicidades e nomes de praças esportivas.Não é difícil trabalhar, portanto, com a hipótese de deslavada demagogia na sociedade de consumo do letal veneno, pois o mesmo comprador estimulado a sorver as goladas precisa controlar seus impulsos de adoração à canjibrina.O radical contrassenso se pode comprovar na figura de paradoxo, como se A pudesse ser A e B ao mesmo tempo, em total e sonora impossibilidade lógica.Como agravante, conforme revelou reportagem de manchete d’A TARDE da última sexta-feira, há os crimes de feminicídio, suicídios e desafios de sofrimento diuturno de pessoas deserdadas da sorte num país desigual.Diante de tal contexto, é preciso admitir a enfermidade geral do etilismo, uma espécie de endemia social sem imunizante, pois fabricantes, revendedores e mesmo os governos, arrecadadores de impostos, não vão se mobilizar jamais para propor uma frenagem nesta hipotética carroça sem cocheiro.Ou se admite a necrose no convívio aparentemente alegre, ou se continua com esta pantomima de sepulcro caiado, por fora envolvido em bonita embalagem de festa, por dentro uma armadilha a ceifar vidas a cada bebedeira de consequências imprevisíveis.
Editorial – Talagada mortal
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