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Bravatas de Eduardo reduzem peso do apoio de Bolsonaro para 2026, dizem aliados

by admin

Eduardo Bolsonaro em evento conservador nos EUA. Foto: Saul Loeb/AFP

Os ataques de Eduardo Bolsonaro ao longo de 2025 contra aliados e lideranças de diferentes correntes da direita deve reduzir significativamente o peso político do apoio da família Bolsonaro nas eleições de 2026. Essa avaliação é compartilhada por parlamentares ouvidos nos bastidores do Congresso pela jornalista Letícia Casado, do UOL, que apontam o desgaste acumulado pelo deputado cassado como um fator de isolamento dentro do próprio campo conservador.

O caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é citado como exemplo emblemático desse processo. Segundo congressistas, Eduardo atacou Tarcísio de forma recorrente em disputas públicas sobre estratégia eleitoral, anistia aos envolvidos nos atos golpistas e definição do nome da direita para a corrida presidencial.

O resultado, avaliam, é que um eventual apoio de Eduardo a uma candidatura de Tarcísio não agregaria votos, podendo até gerar rejeição. O mesmo raciocínio é aplicado a outros nomes da direita nacional.

Ao longo do ano, Eduardo se envolveu em embates sucessivos. Questionou a condução da pauta da anistia ao rejeitar negociações em torno da dosimetria das penas, considerada mais viável no Congresso; confrontou aliados sobre o presidenciável da direita; e entrou em disputas por palanques estaduais visando 2026.

Paralelamente, sua atuação nos Estados Unidos, com críticas abertas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e defesa de sanções e tarifas contra o Brasil, agravou a relação entre Congresso e Judiciário e gerou desconforto inclusive entre parlamentares de direita.

Eduardo e Tarcísio de Freitas. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

Deputados e senadores relatam que emissários chegaram a ser enviados para tentar conter a escalada de ataques e convencer Eduardo a adotar uma postura mais conciliadora. As tentativas, porém, fracassaram.

O clima piorou ainda mais após a decisão de Donald Trump de revogar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, movimento que esvaziou a percepção de influência de Eduardo junto à Casa Branca e enfraqueceu seu discurso entre colegas no Parlamento.

Mesmo diante do isolamento, Eduardo manteve o tom desafiador. Em dezembro, afirmou em entrevista ao UOL que está “se lixando” para acusações de que promove divisão na direita. Ele também negou qualquer enfraquecimento do bolsonarismo e defendeu o legado da família, além de reafirmar apoio à candidatura do irmão Flávio Bolsonaro (PL) contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.

Os conflitos, no entanto, se multiplicaram. Eduardo brigou publicamente com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Cleitinho (Republicanos-MG) e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Fez ameaças ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), xingou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União). Também criticou Ciro Nogueira (PP-PI) e a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Em Santa Catarina, ao defender a candidatura do irmão Carlos Bolsonaro ao Senado, aprofundou o racha com o grupo da deputada estadual Ana Campagnolo. O distanciamento atingiu até Michelle Bolsonaro. Eduardo e os irmãos se opuseram a articulações envolvendo a ex-primeira-dama no Ceará e, em outra entrevista ao UOL, ele declarou que ela não estaria preparada para disputar a Presidência.

O saldo desse processo é um isolamento político crescente. Eduardo responde a processo criminal no STF e, segundo ex-colegas, tornou-se “impossível” qualquer interlocução com a Corte em seu nome. Em dezembro, teve o mandato cassado por faltas, decisão da Mesa Diretora da Câmara. Ainda assim, insiste em defender sua estratégia. Segundo aliados, ele repete que “valeu a pena” permanecer nos Estados Unidos, mesmo com o custo político imposto à própria família.

 

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