A história de que o governo Lula vai “taxar o Pix” a partir de 01/01/2026 é falsa. A Receita Federal e o Ministério da Fazenda reforçaram isso em nota publicada em 29/12/2025. O texto nega imposto, nega “27,5%” e nega a “multa de 150%” que circula em correntes.
Além disso, o governo lembra um ponto simples: imposto não nasce de vídeo, nasce de lei. E, segundo a Secom, não existe proposta do governo para tributar transferências, pagamentos ou recebimentos via Pix com base no valor movimentado.
O que a mentira diz, e o que a Receita respondeu
O boato muda de roupa, mas mantém o susto. Primeiro, fala em “taxa do Pix”. Depois, inventa Imposto de Renda automático. Por fim, emenda com multa gigante para quem “não declarar”.
Só que a Receita foi direta: a Constituição não autoriza tributo sobre movimentação financeira nesses termos. Por isso, a tal cobrança “por Pix acima de R$ 5 mil” não existe.
E tem outro detalhe: a Receita também diz que não monitora “Pix individual” como o boato sugere. O que existe é reporte de dados por instituições, em formatos e regras já conhecidos.
O que existiu de verdade
A confusão começou com regras de monitoramento e envio de informações por instituições financeiras. Em janeiro de 2025, a Agência Brasil explicou os limites que viralizaram, R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas, como somatório mensal. Isso não era imposto. Era fiscalização.
Só que, nas redes, isso virou “taxa do Pix”. Então o governo reagiu. Em 16/01/2025, publicou a MP 1.288/2025. A medida reforça que o Pix deve ter o mesmo valor do pagamento em dinheiro e trata cobrança extra como prática abusiva.
Nikolas Ferreira e o vídeo que ajudou a manter o pânico vivo
No meio da primeira onda, o vídeo do deputado Nikolas Ferreira explodiu nas redes. Ele evita dizer “vai taxar” de forma direta, mas trabalha com a ideia de medo e possibilidade futura. Segundo o Aos Fatos, o conteúdo foi pensado como estratégia de marketing político e surfou na desinformação já em circulação.
Já o Poder360 registrou o tamanho do alcance: o vídeo chegou a 300 milhões de visualizações. Com isso, o tema ganhou tração de novo. E, quando a mentira ganha tração, o estrago vem junto.
O golpe real, que chega no seu WhatsApp
Aqui entra a parte mais perigosa. O boato vira isca para criminoso. A Receita Federal alertou para o “Golpe da Cobrança de Taxa sobre Pix”, com mensagens e links falsos para arrancar dinheiro. Por isso, o conselho é simples: desconfie de “taxa para liberar Pix” e não clique em link suspeito.
“Ele gastou R$ 9 mil de dinheiro público”?
Dá para cobrar transparência sem chutar número. A Câmara tem um sistema público para consultar a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) e ver despesas por deputado, por tipo e por fornecedor. Consta no site da Câmara, que o deputado Nikolas usou recurso público no valor de “R$ 9 mil para impulsionar vídeo X”, como está provado e documentado.
Por isso, a frase correta é: o boato da “taxa do Pix” é fake. E, ao mesmo tempo, é verdade que o deputado Nikolas gastou R$ 9 mil reais para impulsionar vídeo com fake news no X”.
