Na Praça São Pedro, o testemunho de compromisso e resiliência de jovens provenientes do Oriente Médio e de cidades que sofrem muito após o início do conflito entre Israel e Hamas. Leão XIV também falou com os trabalhadores demitidos de uma fábrica em Campi Bisenzio.
Gianluca Biccini – Vatican News
Marita tem 18 anos e um sorriso contagiante; George, seu colega, olha ao seu redor, com frio e curioso. A esperança na Terra Santa transparece nos rostos desses dois jovens palestinos — ela de Jerusalém, ele de Zababdeh — e dos outros jovens, cerca de trinta no total, que participam da Audiência Geral na manhã desta quarta-feira, 31 de dezembro, na Praça São Pedro, a última do Ano Santo de 2025. Eles vêm de cidades e povoados cujos nomes evocam cenas de sofrimento: a Cidade Santa, mas também Ramallah e Jenin. “É a primeira vez que saem da Cisjordânia, e estão aqui hoje, acompanhados por dois padres, o franciscano Johnny Jallouf e o padre Elias Tabban, e por André Haddad, um leigo que trabalha no Patriarcado Latino de Jerusalém, para confiar suas esperanças a Leão XIV”, explica o jesuíta Massimo Nevola, assistente espiritual das Comunidades de Vida Cristã (CVX) na Itália.
Ele é o promotor da iniciativa de solidariedade que permitiu que eles fossem acolhidos em Roma durante estas festas de Natal. Quase todos são estudantes universitários — Marita, por exemplo, estuda marketing e George é um aspirante a arquiteto — mas também há um operário, o líder do grupo: seu nome é Charlie, ele tem 35 anos e é pai de duas meninas. Há dois dias, em 29 de dezembro, eles foram recebidos pelo Presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, no Palácio do Quirinal, e depois fizeram a peregrinação do Jubileu, visitando basílicas e catacumbas romanas, antes da audiência de hoje com o Papa.
Uma luz de esperança
À tarde, participam do Te Deum na Igreja de Santo Inácio e um brinde de Ano Novo na sede da «La Civiltà Cattolica», antes de partirem para Assis, o destino final de viagem. “Entre eles, há também três muçulmanos”, continua o pe. Nevola, “porque na Terra Santa, até as diferenças são apagadas: cristãos de várias denominações, seguidores do Islã e judeus de boa vontade trabalham juntos para finalmente alcançar a convivência pacífica.” “Porque, como diz o nosso cardeal Patriarca Pizzaballa”, sublinha o pe. Tabban, “na Terra de Jesus, trabalhamos juntos pela causa da educação para a paz, enquanto simultaneamente exigimos justiça.” “Nas comunidades paroquiais que frequentam”, acrescenta o pe. Jallouf, “estes jovens sentiram-se acolhidos, por isso convenceram as suas famílias a ficarem e não abandonarem as suas casas, como infelizmente fizeram alguns dos seus conhecidos, emigrando para outros lugares.” Desta forma, comenta Haddad por fim, “estes jovens são a luz que permanece acesa, uma mensagem de esperança para a minoria cristã.
Jovens da Terra Santa na Praça São Pedro (@Vatican Media)
Trabalho, dignidade e justiça
E é precisamente a esperança que alimenta as expectativas dos trabalhadores da antiga fábrica da GKN em Campi Bisenzio, cerca de vinte dos quais compareceram à audiência com suas famílias e o arcebispo Gherardo Gambelli, ordinário de Florença. “Primeiro o afastamento, depois a demissão após anos de trabalho árduo e honesto”, recorda o prelado. “O fato desencadeou uma mobilização que durou anos, entrelaçando a luta dos trabalhadores com novas formas de resistência coletiva, inspirando reflexões sobre a relação entre a indústria, a comunidade local e a justiça social. Por isso, quis estar com eles: hoje cedo celebramos a missa nas Grutas Vaticanas e depois houve o encontro com o Papa, que nos dá coragem.” Além disso, dizem os trabalhadores, “fomos demitidos por e-mail, tratados sem justiça nem dignidade.”
Leão XIV saúda um grupo de doentes presentes na audiência (@Vatican Media)
Uma “corrida” espiritual
Esses temas se baseiam na Doutrina Social da Igreja, área de especialização na qual o padre Paweł Prüfer, professor do assunto, também é especialista. Ele também atua como ministro pastoral numa paróquia polonesa em Gorzów Wielkopolski. O sacerdote também é corredor e hoje está participando, em caráter particular, da 365ª meia maratona de 2025, concluindo um projeto jubilar — esportivo, espiritual e humano. Há mais de uma década, ele se dedica a corridas de longa distância amadoras, incluindo ultramaratonas de 100 quilômetros. Ele já participou da Maratona de Roma e da Corrida dos Santos (coorganizada pela Athletica Vaticana), compilando essas experiências no livro Bieg i Bóg (Corrida e Deus).
A homenagem do Papa às relíquias de Santa Teresa (@Vatican Media)
A presença de Santa Teresa
Por fim, a presença das relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus ao lado de Leão XIV é significativa. “Trouxemos as relíquias de Lisieux para Roma em dezembro de 2024 e, no dia 18, o Papa Francisco rezou na Praça São Pedro diante do relicário que contém um osso do pé da jovem religiosa carmelita, venerada como Doutora da Igreja e padroeira das Missões”, recorda o padre Emmanuel Schwab, reitor do santuário que leva o seu nome. “Durante todo o Ano Jubilar, elas estiveram expostas para veneração dos fiéis na Trinità dei Monti, a igreja nacional dos franceses. E agora, após este ‘encontro’ com o Papa Prevost, elas retornarão para casa ao final do Jubileu.”
