Stepan Nercessian fala da volta às novelas em 'Coração acelerado', do trabalho à frente do Retiro dos Artistas e de mudanças no cuidado com a saúde

Stepan Nercessian voltará às novelas da Globo em “Coração acelerado”, que sucederá a “Dona de mim” na faixa das 19h. Ele interpretará Eliomar, um rico fazendeiro viúvo e amargurado. Recentemente, o ator, que é goiano, viajou para Pires do Rio, em Goiás, para gravar suas primeiras cenas.
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— Os cenários são lindos. Acho que até os goianos vão se surpreender. É uma história muito bonita com personagens reais. A novela aborda também o machismo dentro do universo sertanejo e como as mulheres começaram a ocupar seus lugares — adianta.
A produção marcará o seu retorno às novelas depois de quatro anos, desde que fez “Quanto mais vida melhor”. Ele ressalta, no entanto, que não parou de trabalhar de lá para cá:
— Eu não paro de trabalhar um minuto, mas a TV não me chama. Eu sempre sinto saudade de fazer novela. Fiz a primeira, “Bandeira 2” (1971), com 17 anos — diz ele.
Nercessian também gravou participações no streaming nas séries “Emergência 153” e “Arcanjo renegado”, do Globoplay, e “Ângela Diniz: assassinada e condenada”, da HBO Max. No teatro, acabou recentemente uma temporada de “Diários associados” e está em cartaz com “Rei do rock”, no Rio. Em seguida, o musical segue para Belo Horizonte.
— Quanto mais ocupado estou, melhor eu me organizo. Tem gente que diz que tem angústia quando fica sem trabalhar. Eu preciso trabalhar porque preciso pagar todos os meus compromissos. Se eu tivesse dinheiro, estaria viajando. Mas eu sou feliz demais com meu trabalho e triste apenas por não conseguir fazer tudo. Eu nunca fui aquele certinho, but sou aquele artista que está sempre dez minutos adiantado.
Recentemente, ele estreou ainda em “Os donos do jogo”, série da Netflix sobre o universo do jogo do bicho. Ele interpreta Coelho, contraventor festivo, popular e pai de 24 filhos. Ele já tinha interpretado um bicheiro em “Os enforcados” (2024), filme de Fernando Coimbra.
— Antes de decorar a tabuada, eu já conhecia todos os bichos. Jogo até hoje, já ganhei e já perdi. Só ganha quem joga, como diz o personagem. E só perde quem joga também — afirma, bem-humorado. — Mas eu sempre via o jogo por um lado mais lúdico do que pelo criminoso. Esse universo de disputa de poder, de conflitos familiares é interessante.
Além dos compromissos como ator, Nercessian se dedica há quase 20 anos à presidência do Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá. O local atualmente abriga 53 atores, entre eles Marcos Oliveira, Íris Bruzzi, Sônia Zagury e Jaime Leibovitch.
Recentemente, o Retiro fechou uma parceria com o Sesc, para a revitalização do teatro; com a Netflix, que instalou um estúdio de dublagem lá dentro; e com uma empresa que concedeu plano de saúde a todos os residentes. Mesmo assim, diz o ator, as despesas ainda são custosas e as doações muito bem-vindas.
— Estamos em um bom momento. Sinto que o interesse das pessoas aumentou e a participação da própria classe artística vem crescendo bastante. Se posso dizer algo sobre mim, é que consegui devolver o espírito de dignidade e o orgulho a quem está ali. Os residentes veem o Retiro como um lar. Acabamos com aquele estigma de que a pessoa vai lá como uma derrotada esperar o fim da vida. E existem as burocracias. Somos uma ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos) e, como tal, precisamos cumprir exigências determinadas pelo Ministério Público, como contratar assistentes sociais, psicólogos. Tudo isso custa dinheiro, estamos nos adaptando, mas é uma luta constante.
Nercessian, que completará 72 anos em dezembro, diz que tem dedicado mais atenção à sua saúde. Ele largou o cigarro há dois anos e três meses após passar mais de cinco décadas fumando três maços por dia. A mudança, ressalta, ocorreu após apelos antigos da mulher, Desirée Nercessian, com quem está desde 1984, e com quem tem quatro filhos, Diogo (21), Samantha (16), Fabiana (16) e Desirée (10).
Ele também começou a se dedicar aos exercícios e a uma dieta para emagrecer.
— Quando você para de fumar, vem aquela ansiedade de enfiar alguma coisa na boca. E o corpo sente também a ausência de nicotina, alcatrão. Eu estou fazendo uso de canetas emagrecedoras. Ainda estou no primeiro mês, acredito que em breve o resultado seja mais visível. Estou comendo 20% do que comia antes, em termos de quantidade. E realmente a comida para de apetecer. Mesmo assim as sequelas ficam. Tenho problemas no joelho. Nosso corpo é que nem carro velho, você conserta uma peça e estraga a outra.
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Outra questão é que Nercessian diz pensar já há um tempo na “qualidade da morte”.
— Falamos muito em qualidade de vida, mas eu, por uma série de circunstâncias, comecei a pensar na morte. Quero pavimentar a estrada de forma que a passagem seja menos dolorida, mais delicada e gentil para o espírito. Quero poder agora me dedicar a essa reta final (da vida), que pode durar sabe-se lá quanto tempo.
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