Veterano do mercado, banqueiro carioca que comanda a Genial Investimentos conversou com a coluna sobre seus planos para viabilizar três megaprojetos de entretenimento e esportes no Rio: o Imagine, no Parque Olímpico; o Autódromo de Guaratiba; e a reforma de São Januário. Entre seus sócios está Roberto Medina.
Sua trajetória remonta ao antigo Pactual, e a Genial já existe há 15 anos. O que é a empresa hoje?
Fui sócio e diretor da área de banco de investimento do Pactual. Junto com meu sócio André Schwartz, deixei o banco em 2009, quando o BTG (de André Esteves) recomprou a empresa, que havia sido vendida ao suíço UBS. Começamos o negócio como Brasil Plural para ser um banco de atacado, mas o plano acabou evoluindo, abrangendo o varejo. Temos 2,5 milhões de contas de varejo, e o Gustavo Kuerten é nosso garoto-propaganda e um dos sócios. Mas o negócio é diversificado. Temos R$ 270 bilhões em ativos sob custódia, sendo R$ 60 bilhões de pessoas físicas; temos a terceira ou quarta maior corretora do mercado em volumes, R$ 140 bilhões em administração de fundos e R$ 75 bilhões em gestão.
Ainda é no Rio, embora apenas 200 de um time de 1,2 mil pessoas fiquem na cidade. Uma operação importante que está baseada no Rio é a de energia. Fazemos assessoria para entrada no mercado livre de energia, operamos no mercado futuro e fazemos geração distribuída. Somos o maior produtor de energia solar do Rio, com 22 usinas e 105 megawatts (MW). Só essa parte já é um negócio de R$ 700 milhões.
Vocês também atuam em três projetos importantes: Imagine, Autódromo de Guaratiba e reforma de São Januário. Por quê?
O Rio precisa de mais equipamentos para aumentar as opções de atrações e proporcionar uma mudança estrutural em termos turísticos. O Rio pode se tornar o grande centro de entretenimento e lazer na América Latina, uma Disneylândia para adultos. Já temos beleza natural e uma boa rede hoteleira para atrair turistas, mas é preciso ter mais equipamentos de classe mundial para que sempre voltem. É claro que é preciso cuidar também da segurança. Não à toa, temos uma parceria com a Quaest, por meio da qual monitoramos a opinião pública sobre o tema. Também queremos participar do debate sobre propostas que ajudem na situação. A cidade poderia valer três vezes mais se esse problema fosse resolvido.
Como começou esse interesse?
Somos cariocas e, há uns quatro anos, vínhamos trabalhando com a Caixa no projeto de recuperação do Parque Olímpico. Nesse trabalho, nos aproximamos da Dreamers, do Roberto Medina, que já realizava o Rock in Rio no espaço. Daí, elaboramos o complexo Imagine. O prefeito Eduardo Paes conseguiu criar um modelo junto à Câmara que viabilizava a emissão de potencial construtivo na Barra por meio de projetos como esse. E, como o Autódromo e a reforma do estádio do Vasco também vão gerar potencial construtivo, foi natural que nos posicionássemos também nesses projetos, já que a comercialização do potencial construtivo exige expertise.
Quais são os cronogramas e os orçamentos?
No caso do Imagine, haverá antes um leilão da Caixa. Temos que primeiro ganhar o leilão. Podem aparecer competidores, por isso estamos nos preparando, buscando parceiros e investidores. É um projeto que, entre a compra do espaço e o desenvolvimento, deve custar pelo menos R$ 3 bilhões. No Autódromo não há leilão, e nós nos tornamos majoritários. É um projeto de R$ 1,3 bilhão, e a venda de potencial construtivo para incorporadoras não cobre tudo. Por isso, vamos ter que atrair investidores e parceiros para bancá-lo. Mas estamos confiantes porque, para as marcas, é um negócio espetacular para ativações. No Vasco, no qual estamos concentrados na parte financeira, o valor de investimentos é da ordem de R$ 800 milhões, e o potencial construtivo também não cobre tudo. O que estamos tocando com a Rock World (Medina) é a geração de receitas via eventos, o que também é uma oportunidade extraordinária.
A Carbono Oculto achou fundo administrado pela Genial usado para lavar dinheiro. Qual foi a repercussão disso para vocês?
Foi chato, porque você quer aparecer nos jornais falando do seu negócio, não sobre uma coisa dessas. Era um fundo de R$ 100 milhões em um braço da Genial que administra R$ 140 bilhões em fundos, mas deu dor de cabeça. Foi uma grande surpresa para a gente, porque fizemos um grande trabalho para identificar os beneficiários finais do fundo e não conseguimos identificar problemas. Mas deixamos a administração, o Ministério Público diz que não somos investigados e estamos tomando providências para garantir que isso não se repita. No fim, está ajudando a melhorar o produto. Estamos mais restritivos. Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça.
