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CEIA DE NATAL NA PAPÚDA: POR QUE A PRISÃO DE BOLSONARO É SÓ QUESTÃO DE TEMPO

Bolsonaro vai passar o Natal na Papuda?

by admin

Panorama jurídico: relógio correndo, margem acabando

A Primeira Turma do STF rejeitou, por unanimidade, os embargos de declaração apresentados pela defesa de Jair Bolsonaro no caso da “trama golpista”. Na prática, o tribunal disse que não havia contradições a esclarecer, o que aproxima o processo do trânsito em julgado e, portanto, da execução da pena em regime fechado.

Sim, a condenação é pesada: 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicial fechado, por uma coleção de crimes que inclui tentativa de golpe e organização criminosa. A decisão foi tomada em 11 de setembro e vem sendo confirmada nos recursos subsequentes. A cada porta que se fecha, a pergunta volta: falta muito para o “Dia D”? Pelo ritmo do STF, não.

Papuda, pf ou “sala especial”? Onde Bolsonaro começa a pagar a conta

O local de cumprimento da pena ficará nas mãos do relator, ministro Alexandre de Moraes. Correm duas hipóteses no noticiário: o Complexo da Papuda, em Brasília, ou uma sala especial da Polícia Federal, que teria estrutura para abrigar um preso de alta repercussão. A balança, por ora, pende conforme o ato processual do dia. Moraes já rejeitou um pedido do governo do DF para submeter Bolsonaro a avaliação médica “para ver se aguenta a Papuda”; considerou o pedido impertinente no estágio atual. Tradução: nada de atalho médico antes da hora.

Mas a novela rendeu spin-offs: deputados locais passaram a defender que, se há laudo para um, há laudo para todos os detentos da Papuda. O debate escancara a desigualdade de tratamento entre presos “com sobrenome” e a multidão anônima. Pois é: quando a elite política descobre a fila do SUS carcerário, nasce súbito amor pela isonomia.

Cronômetro do natal: dá tempo?

Juridicamente, a chave é simples: sem trânsito em julgado, nada de regime fechado. Com a rejeição dos embargos de declaração, a defesa ainda pode tentar manobras internas, por exemplo, vias para levar o tema ao plenário,  mas o quadro de hoje é de portas se fechando e tempo encurtando. Qualquer nova peça terá de ser milimétrica e, mais importante, convincente. Até aqui, o STF tem sido imune ao “mero inconformismo” e à retórica de perseguição.

Então, sim: é plausível que o martelo bata a tempo de um Natal sem luzinhas no Alvorada. A execução antes do fim do ano é tratada como cenário realista por veículos e analistas, e o xadrez logístico já está na mesa. Se será Papuda ou PF, é decisão operacional e política, mas nenhuma das opções tem árvore, pisca-pisca e peru.

Ironias do presépio: perguntas que Brasília não quer responder

Será que Michelle vai passar o Natal com o marido na Papuda? Ou vai manter o roteiro de “primeira-dama de oposição” em lives natalinas, com a ceia servida em porcelana e o coração “em oração” por ele? E o “bananinha”: volta dos Estados Unidos para brindar com o pai no parlatório, ou prefere snow-birds e compras de fim de ano na Flórida? Silas Malafaia vai levar sermão aos detentos, todos, ou o evangelho de dezembro é exclusivo para a ala VIP?

Perguntas incômodas? Claro. Mas a política é um palco onde a coerência costuma entrar pela porta dos fundos. Quem vendeu “lei e ordem” agora saboreia o cardápio do devido processo legal, com todos os temperos constitucionais que garantem defesa a qualquer réu. Nada mais justo, inclusive para ele.

Direito aplicado sem filtro: por que a prisão é juridicamente defensável

A condenação de 27 anos foi imposta por uma corte constitucional que analisou provas, contextos e autoria. Não é sobre opinião: é sobre tipicidade, materialidade e culpabilidade. O STF entendeu que houve tentativa de abolição violenta do Estado de Direito, associação para o crime e danos qualificados, um pacote que, somado, levou à pena alta, inclusive com redução por idade. No pós-condenação, os embargos de declaração servem para “limpar” arestas, não para reescrever o acórdão. E foi isso que a Turma disse: arestas não havia. Resultado: a execução se aproxima.

Ah, e antes que os arautos gritem “prisão política”: o guardião do processo é justamente quem tem recusado firulas que poderiam privilegiar o réu, como o pedido de laudo médico fora de hora. Além disso, se houver sala da PF em vez de Papuda, não é mimo; é gestão de risco e segurança, algo que o sistema já fez com outros presos de alto perfil. Direito não é torcida; é procedimento.

Opinião: o natal que o Brasil precisa encarar

Há um valor pedagógico em ver o processo chegar ao fim de ano sem truques. Não porque Papuda seja um troféu, mas porque ninguém — nem ex-presidente, está acima da lei. E porque o Brasil precisa reaprender que decisão judicial se cumpre. Se o Natal vier com parlatório, que seja como lembrete: golpe não é “narrativa”, é crime. E ceia atrás de grades é consequência, não perseguição.

Se o roteiro final for uma sala da PF, o recado não muda. A liturgia do poder é substituída pela liturgia do cumprimento de pena. E, quem sabe, 2026 comece com um país um pouco mais adulto, sem falsos messias, sem ameaças de quartel e, por favor, sem live de réveillon com promessas de anistia.

No frigir dos ovos, resta ao núcleo bolsonarista decidir seu figurino natalino: bíblia, bandeira ou passaporte. Papuda não tem ambiente instagramável, mas tem o que a Constituição oferece a todos: processo, sentença e execução. Simples assim. Feliz Natal, com presépio laico e Estado de Direito de pé.

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