O novo presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, de centro-direita, prometeu neste sábado, em seu discurso de posse, que o país “nunca mais” ficará isolado da comunidade internacional. Sua chegada ao poder marca o fim de um ciclo de 20 anos de governos socialistas que tiveram como principais aliados Cuba e Venezuela. Paz também iniciou nas últimas semanas uma aproximação com os Estados Unidos, com quem a Bolívia não mantém relações diplomáticas desde 2008.
- Jeanine Áñez: Ex-presidente da Bolívia deixa prisão após anulação da sentença
- Zohran Mamdani: Prefeito eleito de Nova York mora em apartamento de um quarto, mas pode se mudar para mansão de 1.000 m²
Após a posse do presidente boliviano, Paz e o vice-secretário de Estado americano, Christopher Landau, anunciaram que vão restabelecer relações diplomáticas a nível de embaixadores, dezessete anos após a expulsão do último embaixador americano em território boliviano pelo ex-presidente Evo Morales. Na ocasião, o presidente esquerdista acusava o principal diplomata dos EUA de apoiar uma conspiração de direita na Bolívia. Na época, em retaliação, Washington fez o mesmo movimento.
O economista, de 58 anos, filho do ex-presidente Jaime Paz (1989-1993), foi recebido com aplausos no palácio legislativo boliviano, no centro de La Paz, pelos deputados e mais de 70 delegações internacionais.
— Nunca mais uma Bolívia isolada, submetida a ideologias fracassadas, muito menos uma Bolívia de costas para o mundo — disse Paz em meio a um discurso que marcou distância de seus antecessores, os esquerdistas Evo Morales e Luis Arce.
Uma chuva torrencial caiu na cidade durante o discurso, o que Paz interpretou como “uma limpeza” que a “Pachamama” (mãe terra) estava fazendo sobre o país. Após vencer as eleições de outubro com o Partido Democrata Cristão (PDC), o novo presidente recebe um país em grave crise econômica devido à escassez de dólares e combustíveis.
O governo de Luis Arce esgotou quase todas as suas reservas cambiais para sustentar uma política de subsídios universais à gasolina e ao diesel. A inflação anual no país até outubro foi de 19%, após atingir um pico de 25% em julho. Além de estabelecer objetivos para amenizar os problemas econômicos do país, ele também prometeu um “governo da inovação, da ciência, da tecnologia e do futuro verde”.
— O país precisa voltar a produzir. Vamos abrir a economia, atrair investimentos, reduzir as tarifas para bens que não fabricamos e modernizar o sistema energético e digital — destacou Paz. — O desenvolvimento econômico irá de mãos dadas com o respeito ao meio ambiente.
Na década anterior, a Bolívia viveu um boom econômico impulsionado pelas exportações de gás, mas hoje, com a queda desse setor, não consegue sustentar suas principais políticas assistencialistas.
— O que diabos fizeram com a gente com toda essa bonança? Por que há pessoas, famílias que não têm o que comer hoje, se éramos tão ricos com tanto gás e com o lítio como futuro? — questionou em seu discurso.
Paz prometeu cortar mais da metade dos subsídios aos combustíveis, aplicar uma ambiciosa descentralização e um programa de “capitalismo para todos”, que se concentra na formalização da economia, na eliminação de obstáculos burocráticos e na redução de impostos.
