O movimento é sexy e o corpo, livre, só que não muito. Nesta temporada, o top, peça queridíssima das brasileiras, ganha status e espaço. Até a cerebral Prada aderiu à tendência e apresentou um modelo de alfaiataria, sem bojo, que parece ter sido invertido. O bralette também se tornou a melhor companhia para trench coats, pijamas e jaquetas da estação, de acordo com propostas de grifes como Ralph Lauren, Dolce & Gabbana, Hermès, Emporio Armani e Fendi. Mas o movimento é também espelho: reflete uma geração obcecada por canetas emagrecedoras e a predominância da “secura”. “Com a crescente aderência à cultura wellness e aos remédios para perder peso, o sexy está mais presente ainda, com pele à mostra”, diz a editora de moda Patricia Tremblais.
Especialista em branding de moda, Fábio Monnerat destaca a sinergia da peça com o mercado nacional. “Por termos um verão intenso, são várias as possibilidades. A brasileira, de fato, adora”, afirma. “Praticamente todas as marcas consagradas apresentaram uma versão. Veio sexy, mas nem tanto, usado com alfaiataria. Há também modelos que flertam com o street e outros esportivos. Mas não dá para falar sobre esse assunto sem apontar a não diversidade de corpos nas passarelas. Fica evidente quem está no comando: o corpo magro e o busto pequeno”, observa.
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O stylist Patrick Doering acredita que a valorização do top é resultado da dança das cadeiras na moda, referindo-se à troca de diretores criativos no comando de grifes como Loewe, Chanel e Dior, e na conquista da Geração Z. “É uma evolução, ou diminuição, do cropped. Tem a ver com o comprimento míni, muito visto em vestidos e saias nessa estação. Existe uma tentativa de rejuvenescimento.” Para usar sem culpa, ele sugere: “Vale o top avulso, para se jogar na pista, e enriquecê-lo com sobreposições”.
