Ricardo Stuckert
Presidente Lula em foto oficial durante encontro da Celac
Em discurso na IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, no domingo (9), em Santa Marta, na Colômbia, que é necessária uma atuação conjunta dos países da região para combater o crime organizado.
O discurso do petista contemplou a segurança enquanto direito fundamental e dever do Estado. O presidente argumentou que o combate à criminalidade não pode ser feito isoladamente. Como exemplos de sucesso, mencionou a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, com Argentina e Paraguai, e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus, que reúne nove países sul-americanos.
“Ações coordenadas, intercâmbio de informações e operações conjuntas são essenciais. Essas são plataformas permanentes de cooperação para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas, de armas e de pessoas”, ressaltou.
“Não existe solução mágica para acabar com a criminalidade. É preciso reprimir o crime organizado e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando e eliminando o tráfico de armas”, resumiu Lula.
Integração
Lula também aproveitou a ocasião para fazer defesa contundente da integração regional, que, na percepção dele, atravessa crise profunda. “Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria”, observou, ao cobrar avanços concretos na pauta econômica, com destaque para o Acordo Mercosul-UE.
O presidente analisou ainda o atual momento da América Latina. Ele fez referências ao extremismo ideológico e ao crime organizado transnacional. Este último, argumentou Lula, exige cooperação e políticas coordenadas entre os países do continente.
“A intolerância ganha força e vem impedindo que diferentes pontos de vista possam se sentar à mesma mesa. Voltamos a conviver com as ameaças do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado”, enumerou.
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“Somos uma região de paz e queremos permanecer assim. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional. A democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvazia os espaços públicos, destrói famílias e desestrutura negócios”, sentenciou o petista.
A CELAC e a União Europeia compartilham valores democráticos e o compromisso com o multilateralismo. Somos uma região de paz e queremos continuar assim.
Garantir segurança é dever do Estado e direito fundamental de todo cidadão.
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— Lula (@LulaOficial) November 9, 2025
Acordo Mercosul-UE
Na pauta econômica, o presidente elogiou a possibilidade de conclusão do Acordo Mercosul-UE, na esteira do fortalecimento do multilateralismo comercial. Lula manifestou o afã de que, na próxima Cúpula do Mercosul, em dezembro, no Rio de Janeiro, as entidades cheguem a bom termo.
“Espero que os dois blocos possam finalmente dizer ‘sim’ para o comércio internacional baseado em regras como resposta ao unilateralismo”, disse o presidente.
Aguardado há 25 anos, o tratado possibilitará a integração de mercado consumidor composto por 718 milhões de pessoas e será essencial para que a América Latina e o Caribe revertam o papel histórico de fornecer matéria-prima e mão-de-obra barata aos países desenvolvidos.
Celac-UE
Essa é a quarta cúpula Celac-UE e o décimo encontro entre as duas regiões desde 1999. A Celac foi criada em 2010 e reúne os 33 países da América Latina e do Caribe. A organização tem o propósito de promover o diálogo e a cooperação em temas como: segurança alimentar, saúde, energia, desenvolvimento sustentável e transformação digital.
Em 2025, a Colômbia assumiu a presidência rotativa da Celac. Será sucedida, em 2026, pelo Uruguai. O Brasil, que teve papel central na criação da comunidade, retomou sua participação plena em janeiro de 2023, depois de três anos de ausência, reafirmando a integração regional como prioridade de sua política externa.
Da Redação, com informações do site do Planalto
