Em entrevista à rede de TV americana Fox News, o presidente dos EUA, Donald Trump, indicou que seu governo deve baixar tarifas de importação do café como forma de baratear o produto para os americanos.
Desde que estabeleceu uma taxação de 50% para produtos brasileiros como o café, o produto está mais caro para os americanos, pressionando a inflação nos EUA. O Brasil é o maior produtor e exportador do grão e responsável pelo abastecimento de boa parte do mercado americano.
No vídeo da entrevista, publicado no site da Fox News na noite de hoje, ele indica que deve reduzir “algumas tarifas” sobre o produto, o que pode significar colocá-lo na já longa lista de exceções ao tarifaço contra o Brasil.
Perguntado sobre o impacto de sua política tarifária sobre os preços dos produtos para os americanos, Trump admitiu problemas isolados e citou a carne, outro produto brasileiro sobretaxado. Mas disse que a economia americana nunca esteve tão forte e minimizou os problemas inflacionários.
— Estamos indo fenomenalmente bem, esta é a melhor economia que já tivemos — afirmou Trump, admitindo que há alguns problemas “pontuais”.
— A única coisa (único problema) é a carne. A carne está um pouco alta porque os pecuaristas (americanos) estão indo bem.
A entrevistadora o interrompe e diz que o café também está mais caro nos EUA. Trump então responde:
— Café, nós vamos reduzir algumas tarifas e teremos algum café vindo — afirmou o presidente americano, acrescentando que fará mudanças “cirúrgicas” nas tarifas e que o curso dos preços nos EUA é de queda.
Preço disparou mais de 20% para americanos
Desde que Trump impôs uma sobretaxa de 40% a produtos brasileiros por razões políticas, em agosto, somando com os 10% de tarifa “recíproca” estabelecida em março, o preço do café disparou nos EUA. Aumentou 21% entre agosto de 2024 e agosto de 2025 nos Estados Unidos, o maior mercado de café do mundo. O Brasil fornece 30% dos grãos não torrados consumidos nos Estados Unidos.
Nas cafeterias de Nova York, empresários estimam que houve aumento no preço ao consumidor de até 55%. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os embarques para os Estados Unidos caíram quase 53% em setembro, em comparação com o ano anterior.
Importadores americanos estão se voltando para outros produtores, como Colômbia, México, Peru e Etiópia. No entanto, o Brasil é o maior produtor e esses países não conseguem suprir toda a oferta. Com o desequilíbrio em relação à demanda por café na economia americana, o preço sobe.
A entrevista não foi o primeiro sinal de Trump de que pode reduzir tarifas para o café em vez de suspender todo o tarifaço sobre o Brasil.
Recentemente, ele incluiu o produto na lista de itens que os agricultores americanos não cultivam em quantidades suficientes, para que pudesse isentá-lo de tarifas, juntamente com o chá e o cacau, que foram isentos, independentemente do país de origem. No Congresso, parlamentares republicanos e democratas estão patrocinando em conjunto um projeto de lei que visa proteger os produtos de café.
No fim de outubro, ainda antes da reunião entre os presidentes Trump e Lula na Malásia para iniciar negociações comerciais, o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, afirmou a empresários e representantes de entidades do setor cafeeiro que o café brasileiro, hoje afetado pelo tarifaço de 50%, está na lista de prioridades do Brasil.
Na Malásia, Lula pediu a Trump a suspensão imediata do tarifaço, mas, no Itamaraty, o plano B do Brasil seria ampliar a lista de produtos isentos ao tarifaço, a começar por produtos já inseridos pelo próprio Donald Trump como possíveis exceções por serem “recursos naturais indisponíveis” nos EUA.
No dia 5 de setembro, o presidente americano atualizou o tarifaço e inseriu um anexo de 109 páginas de produtos que poderiam ser isentos de tarifas por serem indisponíveis localmente.
Café, ferro, aços e carne bovina estão entre os principais produtos da pauta de exportações do Brasil aos EUA e seguem afetados pelo tarifaço.
